sexta-feira, 21 de março de 2014

Petrobrás, Dilma e o PT

                       

        Será que o Partido dos Trabalhadores e a atual Presidente Dilma Rousseff gostam tanto assim da Petróleo Brasileiro S.A. ? Essa empresa deveria simbolizar a visão do Estado na economia nacional.

         A Petrobrás é um símbolo nacional. Nesse sentido, a defendemos contra supostas veleidades neoliberais de Fernando Henrique Cardoso, e de seu então diretor-presidente, Henri Philippe Reichstul que, de forma bastante estranha, pretendera mudar o nome da estatal para Petrobrax, sob pretexto que essa singela modificação seria instrumental para a respectiva melhor recepção pelo capital estrangeiro. O projeto, de sigiloso tornou-se público, com o aval de FHC em 26 de dezembro de 2000.

          Muito dinheiro já havia sido investido nesse estranho projeto, que supostamente almejava dissociar a Petrobrás do signo Br, demasiado brasileiro.  Apesar do período natalino, a reação no Congresso e na mídia foi bastante forte, a ponto de levar Fernando Henrique a cancelar o projeto já no dia 28 de dezembro.

          Com o P.T. e notadamente a Presidenta Rousseff, a Petrobrás tem sofrido outro tipo de ataque, vindos  dessa vez de resolutos admiradores seus.

          Colocando na presidência Graça Foster, que além de amiga, é funcionária tarimbada e respeitada na estatal, a suposição seria que Dilma pretendia reforçar a Petrobrás.

         No entanto, menos por culpa própria ou decisões infelizes, a Petrobrás está sendo transformada na palmatória do Brasil, arcando com despesas extraordinárias que não lhe deveriam ser repassadas. Fazer com que a Petrobrás pague a diferença entre o que lhe custa a gasolina importada e o preço administrado no Brasil é política mal-avisada, que onera a estatal.

         Não terá sido de resto por acaso que a recente revolta do PMDB tratou de criar comissão para acompanhar a apuração de outro escândalo envolvendo a Petrobrás, com empresa holandesa.

          Agora estoura a questão da refinaria de Pasadena. A resposta desabrida da Presidente revoltou diretores e funcionários da estatal, que ameaçam vir a público, com o que se supõe ser  revelações danosas para o Planalto.

          Na raiz de tudo está o embaraço com as milionárias perdas da Petrobrás, em termos de valor de mercado. Estas já são grandes e não carecem de serem somadas às de outra estatal, a Eletrobrás, cuja perspectiva de mercado se afigura tão baixa, que só loucos pensariam nela investir.

          É difícil admitir que uma empresa de tal porte tenha decaído tanto em valor de mercado, se não fosse por gestão ruinosa. Dada a importância da Petróleo Brasileiro S.A., pensou-se que Graça Foster fosse o nome apropriado, dada a experiência e o conhecimento, além da circunstância de quem a indicara.

          No entanto, ao que parece, a força e o peso da Petrobrás estão sendo usados pelo Planalto não no interesse da empresa e de seu intrínseco papel na economia, mas em verdadeiras tarefas de Hércules, que de longe vão além de sua capacidade, por maior que seja.

            Graça Foster está sendo chamada para atender problemas e contingências que vão muito além dos precípuos fins da empresa. Dado o desvio de função a que se submete a Petrobrás, só mesmo uma estreita amizade que vai ao limite do sacrifício a estaria impedindo de pedir as contas, eis que nem Hércules aceitaria esse tipo de trabalho.   

 

(Fonte:  O  Globo, O Globo on-line)

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