quarta-feira, 12 de março de 2014

O Problema Dilma

                                      

         Não é mistério para ninguém – excetuada talvez a Velhinha de Taubaté – que a húbris  será o principal problema de atitude da Presidenta[1] Dilma Rousseff. A húbris – esse vício comportamental dos heróis gregos – é um composto de soberba e prepotência. O pressuposto desta complexa atitude está no menosprezo das pessoas no entorno. Tem uma única limitação (fantasma sabe pra quem aparece): como não ignora dele depender, Dilma respeita o seu criador, o ex-presidente Lula da Silva.

         Autoritária na personalidade, acreditando já conhecer tudo o que interessa das questões de Estado e da política, além de extrapolar para o conhecimento a superioridade de sua opinião com respeito às posições das áreas executivas a ela subordinadas, semelha crer firmemente na majestade da respectiva capacidade em preponderar no que tange às relações com outros poderes, e, em especial, o Legislativo.

         Se pessoas inteligentes são vítimas da arrogância, esse defeito de comportamento não é, por certo, característica necessária de homens e mulheres com alto Q.I. Se a cultura e a vivência humana podem ajudar no controle desse vício, a altivez é uma espécie de peixe-piloto das altas autoridades. Por ser mais própria dos faltos de conhecimento existencial, vamos encontrá-la menos naqueles com mais milhagem na ascensão na escada das honras. Não era por capricho que o cidadão romano que ambicionasse as altas prerrogativas do Consulado, deveria fazer o longo percurso da scala honorum (escala das honras). Nesse aprendizado, muitas coisas lhe viriam por acréscimo, inclusive as ínsitas limitações do poder.

        Por que a Presidente Dilma descura de Câmara e Senado? Não terão faltado conselhos e avisos – e não dos mais próximos, eis que esses costumam sofrer das injunções das altas árvores na floresta – de pessoas com mais peso. Não creio, v.g., que o seu mentor terá sido omisso na matéria. E outros – mas não muitos – haverão intentado.

        Não sendo do ramo, e acreditando tê-los satisfeito com a inchação dos ministérios – com a sua carga de inúteis despesas (V. blog na Rota da Insensatez) -  Dilma pensará que a túrgida base está aí para cumprir ordens. Contudo, a chamada ‘maioria’ não pode esquecer o respectivo interesse direto, que se insere no fisiologismo da dita política menor. É nesse entorno que florescem plantas como o líder da bancada do PMDB, Eduardo Cunha (RJ).

         E quem negará o benefício colateral dessa rebelião diante do menosprezo imperial da Presidenta? O atual ‘primeiro-ministro’ Aloizio Mercadante (Casa Civil) intentou em vão atender aos pedidos dos oito partidos do chamado ‘blocão’ (liderados pelo maior deles, a grande frente chamada PMDB). Os longos rancores, frutos do desprezo imperial, não sóem desaparecer por ações da vigésima-quinta hora, e ainda por cima de afogadilho.

        Dessa maneira, por 267 votos a favor, e 28 contra, e 15 abstenções, o plenário da Câmara aprovou a criação de  Comissão Externa – sem poder de convocar testemunhas e quebrar sigilos – para acompanhar os desdobramentos de supostas irregularidades na Petrobrás.

       Nesse contexto, caberá à dita comissão acompanhar investigações e elaborar relatórios sobre a firma holandesa SBM  Offshore, que aluga plataformas à Petrobrás, e é suspeita de ter pago suborno a empresas em diversos países, inclusive o Brasil. A Petrobrás não recebeu de supostos neoliberais como FHC o tratamento que lhe vem sendo dispensado por Dilma. A debilitação desta conquista do nacionalismo, iniciativa ícone do Presidente Getúlio Vargas, vem sendo perpetrada logo por Dilma Rousseff, por desvio de funções da estatal (entre outros, pagando dos próprios fundos para viabilizar preços administrados de gasolina). Maiores luzes sobre a administração da empresa poderá ajudá-la a liberar-se desses contrapesos que muito contribuem para depreciar-lhe o valor e entorpecer-lhe o aporte para a real autossuficiência nacional em termos de combustível.

       Além disso, os rebelados da Base dizem que aprovarão hoje quarta-feira doze, nas Comissões da Casa a convocação do Ministro Arthur Chioro (Saúde), para responder aos questionamentos da Oposição ao Mais Médicos,  lançado com estardalhaço pelo então Ministro Alexandre Padilha (PT/SP), para atender ao déficit de médicos, sobretudo nos grotões da República, e que tem sido objeto de contundentes ataques e análises (como a do Dr. Ives Gandra Martins, em seu artigo sobre o Neo-Escravagismo Cubano), o que provocou viagem extraordinária de ultima ratio da república dílmica, vale dizer, Nosso Guia, que teve de regatear do companheiro Raul Castro menos avidez nos nacos reservados ao Estado comunista em detrimento dos médicos cubanos tão mal-pagos (apresentamos o peixe como nos foi vendido, e se desconhece se algo cabe a mais ao nosso Erário).

       Dessarte, em consequência da arrogância de Dilma e de sua recusa de receber e de atender às bases legislativas (já mencionei aqui que o Presidente Getúlio Vargas, no seu último mandato constitucional, costumava acolher no próprio gabinete todos os deputados em audiências de pé – pela contingência do número -, de cerca quinze minutos, em que seus pleitos eram registrados por um assessor do Catete), se sucedem as dificuldades da Presidente com a maioria.

      Nesse contexto, parece, ao cabo, relevante inserir a declaração do pré-candidato Eduardo Campos (PSB): “A presidente não soube tocar o Brasil do jeito que precisava ser tocado... Com respeito ao povo organizado, com respeito ao diálogo democrático, com a capacidade de ouvir e somar forças.  Ter a paciência que o líder tem que ter e a sabedoria de aprender com o Povo. Quem acha que sabe tudo, não sabe nada.(meu o grifo) O Brasil parou de crescer como estava crescendo. Não dá mais para ter mais quatro anos de  Dilma. O Brasil não aguenta.” (de discurso do Governador Campos, em Nazaré da Mata, a 65 km do Recife)

 

(Fontes: Folha de S. Paulo,  O Globo)



[1] Nesse neologismo, forçado por Dilma Rousseff, estaria quem sabe o problema original. Todos sabemos que é a primeira Presidente do gênero feminino (mas não a primeira Magistrada), quem isso ninguém tira de nossa Princesa Isabel. Daí o feminino é pleonástico, mas não para quem quer mudar inclusive o vernáculo.

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