quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Rescaldo do Segundo Turno

 

Dilma: Primeira derrota no Congresso



              No Nordeste, as indicações de Lula têm um peso que não possuem mais ao sul. Foi o que se viu na intervenção do ex-presidente em favor de Robinson Faria (PSD), para o governo do Rio Grande do Norte. O candidato derrotado, Henrique Eduardo Alves (PMDB) não gostou nem um pouco da intervenção em favor de Robinson, que, segundo ele, Lula sequer conhecia.

              Por isso, o ainda Presidente da Câmara terá retornado à Brasília segundo conversas reservadas na Câmara, “com sangue nos olhos”. Malgrado as tentativas do governo para evitar a votação sobre os conselhos populares, o presidente Alves as inviabilizou todas e em pouco mais de duas horas de sessão, a Câmara sustou a iniciativa petista (que teve apoio apenas do PCdoB e do PSol).



Temer:  PT e PMDB devem alternar-se

 

             O Vice-Presidente reeleito, Michel Temer, veio a público defendendo a alternância na presidência da Câmara entre as duas maiores bancadas (PT e PMDB). Se efetivada, a prática confirmaria o que ocorreu na última legislatura.

             Essa iniciativa teria a chancela do governo. O próprio líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), declarou: “a alternância é boa, dois anos para cada partido. Vamos reunir a bancada para discutir. (...) Agora é a vez do PT.”

              A tal propósito, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), pré-candidato à presidência da Câmara declarou que a realidade de hoje difere da de quatro anos atrás. PT e PMDB tem bancadas menores, o que impossibilita uma candidatura sem o apoio de outros partidos.

 

Discurso do Senador Aloysio Nunes     

 

              Segundo o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP), a oposição não dará trégua ao Governo. Acrescentou que Dilma Rousseff não tem “autoridade moral” para pedir diálogo com as demais forças políticas.  “Como é possível descer tão baixo na calúnia, na infâmia, transformar as redes sociais, que são instrumento maravilhoso da democratização dos debates, da participação social, num esgoto fedorento  para destruir adversários ?”.

              Aloysio também rechaçou a possibilidade de plebiscito para a reforma política, como defendera Dilma. (Posteriormente, Dilma recuou, dizendo que aceita o referendo. Neste caso, a população só é consultada depois de o Congresso aprovar a reforma.)

              Por sua vez, no Facebook, Aécio Neves agradeceu a votação recebida: “Agradeço, mais uma vez, aos 51.041.155 brasileiros que votaram a favor da mudança. Dediquei todas as força do meu coração à oportunidade de construir um novo Brasil. Juntos,  enfrentamos uma campanha desigual. Uma campanha de mentiras e infâmias. Uma campanha em que a máquina pública foi colocada a serviço de um partido, afrontando os brasileiros.”

 

Inviável, a Terceira Via?

 

            No encontro anual da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais  (Anpocs), em Caxambu (MG), os cientistas políticos partícipes em Mesa Redonda sobre a geografia do voto, chegaram à conclusão de que a última eleição reforçou divisão antiga, que não é propriamente regional ou social.

            No seu entender, a eleição consolidou  PT e PSDB como polos estruturais  do sistema político brasileiro, protagonistas pela sexta vez consecutiva de uma eleição presidencial.

            Ainda consoante essa visão, estaria demonstrada, pelo menos até o presente, a inviabilidade de uma terceira via.

            As dificuldades que se deparam para o avanço da terceira via – a opção apresentada por Marina Silva – são óbvias e decorrem de multiplicidade de fatores.

            Tudo isso foi demonstrado pelo derradeiro processo eleitoral, mas não obstante as considerações acima, a fraqueza de Marina estava menos na candidata, do que na sua rede de sustentação, incapaz de contra-arrestar a  campanha insidiosa e mendaz com que as propostas da representante do PSB foram desconstruídas.  Por conseguinte, a sua liderança nas pesquisas não resistiu às chamadas “mentiras” (segundo a candidata) com que as suas propostas e o seu perfil foram combatidos.

           A caminhada da Terceira Via, no entanto, apenas começa. É um projeto de fôlego, pois somente ele se afirmará com a sua divulgação e consequente reforço para os embates do dia-a-dia.  A mentira, a calúnia nada podem contra a verdade implantada. Daí a necessidade de uma divulgação sustentada, com a blindagem do conhecimento.

 

( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )

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