Dilma: Primeira derrota no Congresso
No Nordeste, as indicações de Lula têm um peso que não
possuem mais ao sul. Foi o que se viu na intervenção do ex-presidente em favor
de Robinson Faria (PSD), para o
governo do Rio Grande do Norte. O candidato derrotado, Henrique Eduardo Alves
(PMDB) não gostou nem um pouco da intervenção em favor de Robinson, que,
segundo ele, Lula sequer conhecia.
Por isso, o ainda Presidente da
Câmara terá retornado à Brasília segundo conversas reservadas na Câmara, “com sangue
nos olhos”. Malgrado as tentativas do governo para evitar a votação sobre os
conselhos populares, o presidente Alves as inviabilizou todas e em pouco mais de
duas horas de sessão, a Câmara sustou a iniciativa petista (que teve apoio
apenas do PCdoB e do PSol).
Temer:
PT e PMDB devem alternar-se
O Vice-Presidente reeleito, Michel Temer, veio a
público defendendo a alternância na presidência da Câmara entre as duas maiores
bancadas (PT e PMDB). Se efetivada, a prática confirmaria o que ocorreu na
última legislatura.
Essa iniciativa teria a chancela
do governo. O próprio líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), declarou: “a
alternância é boa, dois anos para cada partido. Vamos reunir a bancada para
discutir. (...) Agora é a vez do PT.”
A tal propósito, Eduardo Cunha
(PMDB/RJ), pré-candidato à presidência da Câmara declarou que a realidade de hoje
difere da de quatro anos atrás. PT e PMDB tem bancadas menores, o que
impossibilita uma candidatura sem o apoio de outros partidos.
Discurso do Senador Aloysio Nunes
Segundo o líder do PSDB no Senado, Aloysio
Nunes (SP), a oposição não dará trégua ao Governo. Acrescentou que Dilma
Rousseff não tem “autoridade moral” para pedir diálogo com as demais forças
políticas. “Como é possível descer tão
baixo na calúnia, na infâmia, transformar as redes sociais, que são instrumento
maravilhoso da democratização dos debates, da participação social, num esgoto
fedorento para destruir adversários ?”.
Aloysio também rechaçou a
possibilidade de plebiscito para a reforma política, como defendera Dilma.
(Posteriormente, Dilma recuou, dizendo que aceita o referendo. Neste caso, a
população só é consultada depois de o Congresso aprovar a reforma.)
Por sua vez, no Facebook, Aécio Neves agradeceu a votação
recebida: “Agradeço, mais uma vez, aos 51.041.155 brasileiros que votaram a
favor da mudança. Dediquei todas as força do meu coração à oportunidade de
construir um novo Brasil. Juntos,
enfrentamos uma campanha desigual. Uma campanha de mentiras e infâmias.
Uma campanha em que a máquina pública foi colocada a serviço de um partido,
afrontando os brasileiros.”
Inviável, a Terceira Via?
No encontro anual da Associação Nacional de
Pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais
(Anpocs), em Caxambu (MG), os cientistas políticos partícipes em Mesa
Redonda sobre a geografia do voto, chegaram à conclusão de que a última eleição
reforçou divisão antiga, que não é propriamente regional ou social.
No seu entender, a eleição
consolidou PT e PSDB como polos
estruturais do sistema político
brasileiro, protagonistas pela sexta vez consecutiva de uma eleição
presidencial.
Ainda consoante essa visão, estaria
demonstrada, pelo menos até o presente, a inviabilidade de uma terceira via.
As dificuldades que se deparam para
o avanço da terceira via – a opção apresentada por Marina Silva – são óbvias e decorrem de multiplicidade de fatores.
Tudo isso foi demonstrado pelo
derradeiro processo eleitoral, mas não obstante as considerações acima, a
fraqueza de Marina estava menos na candidata, do que na sua rede de
sustentação, incapaz de contra-arrestar a
campanha insidiosa e mendaz com que as propostas da representante do PSB
foram desconstruídas. Por conseguinte, a
sua liderança nas pesquisas não resistiu às chamadas “mentiras” (segundo a
candidata) com que as suas propostas e o seu perfil foram combatidos.
A caminhada da Terceira Via, no
entanto, apenas começa. É um projeto de fôlego, pois somente ele se afirmará
com a sua divulgação e consequente reforço para os embates do dia-a-dia. A mentira, a calúnia nada podem contra a
verdade implantada. Daí a necessidade de uma divulgação sustentada, com a
blindagem do conhecimento.
( Fontes: O Globo, Folha de
S. Paulo )
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