quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Diário da Mídia (XXVI)

               

Apelação de Dilma



       Apesar de que o governador-eleito de Minas, Fernando Pimentel, tenha dito discordar dos métodos fortes e duros na propaganda eleitoral, é pouco provável que Dilma Rousseff (e o seu marqueteiro) vá dar-lhe tento. Pois foi com esse mesmo approach que João Santana desconstruiu a frágil Marina e preparou, assim, o seu derretimento e a vitória da candidata oficial.

       Pimentel discordou igualmente da frase ‘quem conhece Aécio não vota nele’, que Dilma já cunhara a respeito de seu rival do segundo turno. Pelo visto, o dileto amigo de Dilma – agora com a desenvoltura de quem venceu a sua parada – não logrará mudar os critérios da Presidenta. Se até aqui a cousa marcha a seu favor – e muito em função da respectiva truculência – é mais do que duvidoso que ela vá agora abraçar as maneiras delicadas...

       Nessa linha, a pedido de Dilma, Guido Mantega faltou à reunião do Fundo Monetário Internacional (com noticias ruins e a pasta leve de que serviria a sua presença em Washington?). Ainda por cima, com gentilezas para a patroa que lhe dera aviso prévio, partiu para cima de Aécio/Armínio, vaticinando que a política adversária, se eleito o tucano, causará recessão, desemprego e até cortes de programas sociais.

        Esquecida da crise que vive Pindorama por sua causa, D. Dilma voltou à tecla de que a situação do país era “fantasmagórica” no governo FHC.

        Forçoso, no entanto, assinalar que dona Dilma está assustada diante das perspectivas. Pois não é que recorreu para a sua arma de última instância, Aloizio Mercadante, Ministro da Casa Civil, que se licenciará para assumir a coordenação da campanha?

       Por falar nisso, depois do vexame do Padilha para governador, e os totais de  São Paulo favorecendo a Aécio em detrimento de Dilma, alguém poderia informar por onde anda o milagreiro dos postes ? 

 

De novo a Inflação

 

         O Povo brasileiro sabe bem quem nos trouxe a inflação de volta. Agora, com o IPCA em 6,75 %, além de estourar mais uma vez o teto,  e com o Brasil em recessão técnica, compreende-se que Mantega tenha achado até melhor não participar da reunião do FMI.

        Tampouco surpreende que o Fundo tenha cortado ontem a estimativa do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil para 2015, de 2%  para 1,4%, que, como sublinha O Globo, é a revisão de maior magnitude entre as principais economias do planeta.

 

Democracia não exclui as boas maneiras

 

        Em sua coluna de hoje, Miriam Leitão nos relembra que a educação e a elegância não se contrapõem à democracia. Vejam, v.g., o comportamento de Marina cumprimentando os dois candidatos que a superaram nesta eleição.

        Dado o caráter acrimonioso do debate político, a elegância do cumprimento aos vencedores exige da perdedora “pôr o ritual da democracia acima de sentimentos pessoais”, como o refere com a habitual precisão Miriam Leitão.

       Nesse ponto, a campanha de Dilma Rousseff se assinalou pela má-fé.  Semelha importante a comparação de Miriam entre Fernando Collor contra Lula, e por Dilma contra Marina: “são os pontos mais feios das nossas campanhas presidenciais”.

       Essas campanhas, no entanto, e em especial a última, não teriam ocorrido se não existissem condições estruturais para torná-la possível. Depois de doze anos de petismo institucional, quem negaria a existência de instâncias de aparelhamento em órgãos do estado constitucional ?


(Fontes:  O Globo, site de O Globo, Folha de S. Paulo)

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