A
Intrujice das Pesquisas
Em pais onde a burocracia é rainha, a cadência e a frequência das pesquisas
eleitorais está ultrapassando os limites do bom senso. Não faz sentido que se
permita a divulgação de pesquisas a horas do início da votação. Estarrece que o
legislador – tão minucioso nas regras a serem observadas no período
pré-eleitoral e durante o próprio dia da eleição – possa permitir tal contrassenso. Qual o escopo de que, a horas da abertura da votação, se
divulgue o resultado do pleito, com as colocações dos candidatos ? Será que não
lhe passa pela cabeça a possibilidade de apresentar resultados que, sob
pretexto de antecipar notícias, venham a interferir com a evolução da eleição ?
É de estranhar que o legislador
não tenha presente medida de elementar prudência. Trazer-se a farra das
pesquisas à soleira da eleição é correr o risco de trazer a conhecimento
público um elemento estranho, que pela excessiva cercania possa
influenciar a decisão pessoal de cada
eleitor. Não surpreende, por conseguinte, o exemplo de muitos países que
suspendem as pesquisas, em espécie de profilática quarentena da população, de
modo a evitar tentativas conscientes ou não de influenciar-lhe o sufrágio.
Há um momento em que essa
hiper-atuação das agências de pesquisa deve deter-se, e permitir ao eleitor a
pausa de que carece para chegar a uma decisão, a qual não deve sofrer
interferências de ultimíssima hora.
Por um prazo de 48 horas ou de
72 horas antes da eleição, deve ser
sustada essa obsessiva intromissão das agências de pesquisa. Depois da gritaria
dos cabos eleitorais, dos impropérios nos debates, dos comentários de gregos e
troianos, o silêncio é auspicioso, na medida em que se fez a pausa de reflexão,
a qual proporcionará a cada um, livre de interferências de toda a ordem, aquele
espaço de tempo que se abre, livre das cacofonias circundantes, para que o
eleitor possa decidir, sem mais intrusões, nem marquetagens, nem pesquisas. O
voto soberano do eleitor é uma decisão individual, livre de quaisquer
interferências, e, portanto voluntária e
exclusiva.
Para não conspurcar esse momento
sagrado, pelo qual tanta gente tem lutado, e tem mesmo, de forma corajosa e
consciente, se mostrado disposta a pôr a própria vida no altar da democracia,
não permitamos essas interferências de ultimíssima hora, que se podem prestar a
fins inconfessáveis. Depois de toda a
algazarra, todos os ruídos incômodos ou não, da campanha, que se proporcione ao
eleitor o benefício do silêncio na antecâmera da votação.
Em certos momentos, deve
metafórica mas também legalmente surgir na legislação aquele último anteparo à
sacra liberdade da escolha do voto.
Recordam-se da intervenção de
Juan Carlos cortando as interrupções contínuas de Hugo Chávez, com a frase “Por
que não te calas?”
É o que a mídia e as agências de
pesquisa devem fazer num prazo decente antes dessa grande festa da
democracia. É o silêncio de que sairá
uma decisão livre de interferências de toda a ordem.
Respeitemos esse momento.
Os candidatos nanicos
Excluídos os candidatos
propriamente ditos – aqueles com real possibilidade de eleição (reporto-me a Dilma, Marina e Aécio) – há
dois tipos de candidatos: os que chamaria menores,
pois têm algum peso político mas nenhuma chance de eleição(v.g., Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV); e, por fim, os nanicos, que se subdividem em tradicionais (Levy
Fidelix –PRTB, e Eymael – PSDC),
assim como ideológicos de esquerda
extra-parlamentar: Mauro Iasi – PCB,
Rui Costa Pereira – PCO, e Zé Maria – PSTU.
Nesse contexto, o Pastor Everaldo logrou
ter entrevista – reservada em geral para os candidatos com reais possibilidades
– no Jornal Nacional da Rede Globo, o que não é pouco para que oscila em torno
de 1% de preferências.
No quadro dos debates (Bandeirantes,
SBP, Record e Globo) participam além da trinca de candidatos dos principais
partidos, os menores, com
representação no Congresso (Pastor
Everaldo, Luciana Genro e Eduardo Jorge, assim como mais um nanico tradicional,
José Levy
Fidelix da Cruz, mineiro de Mutum).
Nesse cômputo ficou de fora, personagem de eleições anteriores, José Maria Eymael, do PSDC –
gaúcho de Porto Alegre, e constituinte de 1988, assim como a esquerda
extra-parlamentar, com Mauro Iasi (PCB), Rui Costa (PCO) e Zé Maria
(PSTU). A esse respeito, o leitor se
lembrará que Lindberg Farias já foi integrante do PSTU, dele saindo
presumivelmente pela barreira da legenda (ao não lograr a quota necessária para
a eleição).
Quanto a Levy Fidelix, teve dois
momentos de notoriedade nos debate, e em ordem crescente: no da Bandeirantes,
verberou pergunta de jornalista em que era, incidentalmente, apresentado como
detentor de legenda de aluguel, e
ganhou atenções negativas nacionais, ao fazer observação de índole homofóbica
no debate da Record. Por conta disso, teve outros minutos extra de ulterior
notoriedade, ao ser questionado, de forma incisiva, por Eduardo Jorge e Luciana
Genro. Ganhou caricaturas de Chico
Caruso em O Globo e terá julgado marcar posição, não pedindo desculpas.
Sem embargo, Levy Fidelix está submetido
a procedimento do Procurador-Geral da
República, Rodrigo Janot, acionado por representação de Comissão especial da
OAB. Janot verificará se Fidelix cometeu crime de homofobia na sua
intervenção no debate da Record, e, em consequência, deveria ter cassada a sua
candidatura à presidência.
Ratos e Ratazanas em Ipanema!
Há algum tempo observo nas emissões do televisor uma fragmentação
da imagem... A princípio,são flashes rápidos e difíceis de notar. Com o correr
dos dias , o fenômeno foi piorando, a
ponto de, por vezes, não ser mais possível distinguir o personagem ou a pessoa
que está na tela.
As primeiras reclamações para o serviço de
manutenção foram recebidas com o usual ceticismo dos atendentes. As instruções
de desligar o codificador, contar até dez e religá-lo não funcionaram. Depois, com a boa vontade que caracteriza os
serviços de atendimento e reparação, prometeram passar no dia seguinte, entre
oito e meio-dia.
Na manhã seguinte, como não apareceu ninguém, os atendentes da Net me disseram ao
telefone que a ‘reparação’ tinha sido feito à distância, pela própria
central. Cometi o erro de acreditar.
E não é que na hora do debate da
Globo, ao ligar a tevê, verificamos consternados que a coisa havia piorado e
muito! Agora não eram mais pequenos quadradinhos travessos, mas toda a tela que
virara uma espécie de pintura experimental, como se tivesse chamado o Vick
Muniz para a apresentação. Além de não se distinguir coisa nenhuma, tampouco o
áudio funcionava !
Ao final, após o enésimo telefonema, acabei
por ser informado que a central já mandara pessoal para Ipanema, e que
suspeitavam o problema (que afetava não mais a minha modesta residência, mas o
bairro) fosse geral.
No dia seguinte, graças ao nosso
porteiro – que, segundo me ensinou a experiência são as únicas pessoas que
informam corretamente sobre esse gênero de problema – soube que os ratos (e
ratazanas) que infestam pelo visto o subsolo de Ipanema eram os culpados.
Atacaram os cabos do serviço e as transmissões só foram restabelecidas com as
devidas substituições[1]!
Não sei se é a relativa cercania
do temível Tatuzão, essa criatura germânica encarregada da abertura dos túneis
do metrô, que é causa desses ataques dos ratos e ratazanas. De qualquer
forma, serão as invasões da tecnologia nos porões das grandes
cidades – quiçá no passado o espaço fosse mais tranquilo e os ratos não
sofressem ataques de nervos como em filme de Almodobar - que estarão levando esses não tão simpáticos
roedores a investir contra serviços essenciais ao homem da atualidade, como é o
da televisão a cabo ?
(Fontes: O Globo, Site de O Globo, Folha de S. Paulo)
[1] O aparecimento posterior
dos temíveis quadradinhos talvez indique que nem todos os cabos atacados pelos
ratos & ratazanas foram substituídos.
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