No segundo dia da vitória de Dilma II,
com a confirmada continuação da ordem petista por mais quatro anos, com
horizonte de dezesseis anos, a oposição do PSDB se lamenta, e a situação, com
suas várias gradações, se posiciona para a administração do triunfo.
Nas declarações previsíveis, está a do
futuro ex-Ministro Guido Mantega, que posa para a Folha em foto de primeiríssima página. É segredo de Polichinelo que
Dilma Rousseff continuará a ter a última palavra nas questões fazendárias. Por
força disso, o pelotão de candidatos há de diminuir. Dentre os políticos avultava
Jacques Wagner, em fim de mandato na governança da Bahia.
A visão de Mantega, com o seu patético
júbilo, me recorda da frase de Lord Altrincham, pela dor no pescoço com a voz
esganiçada da jovem Raínha Elizabeth II. Dizer que o resultado das urnas mostra
que a população aprova política econômica nos deixa hesitantes entre a seta dos
Partas (que ao debandarem lançavam para trás mortíferas setas) ou então
expressão sem sentido, porque bolsa-família não é política econômica.
Ao contrário dos abraços dos
banqueiros, a reação do mercado reflete - o que está na linha da recomendação da funcionária do Santander, tornada bode-expiatório por Lula – uma grande desconfiança
quanto à capacidade de Dilma & Cia. de lídar com a economia. O
principal índice da Bolsa caíu 2,77% (menor pontuação desde abril). As
ações da Petrobrás fecharam com desvalorização de 12%. E, por fim, o dólar à
vista fechou a R$ 2,52 (alta de 2%).
Essa é a maior cotação da moeda desde abril de 2005.
Depois da fala das urnas, a Presidenta
estaria mais orientada para colocar representante do mercado financeiro para assumir o ministério da Fazenda. Essa
expressão terá que ser, contudo, relativizada, eis que se o dílmico
comportamento constitui válida sinalização, Dilma não dará carta branca ao
Ministro (como Lula agiu com Palocci), guardando para si a última palavra.
De qualquer forma, entre os mais
cotados, estão Luiz Trabuco (presidente do Bradesco) e Rossano Maranhão (do
banco Safra).
No Congresso, como se afigurava previsível, há
muita resistência com a idéia de plebiscito sobre o sistema político. Esse tipo de reforma é prerrogativa do
Parlamento, e foi por causa disso que ela deu chabu em 2013.
Não é por acaso que os regimes autoritários se
valem amiúde do recurso do plebiscito, com que esvaziam o parlamento. Assim, ao invés dos chamados pratos feitos –
os plebiscitos – o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) opta pela
fórmula que cabe ao Congresso aprovar a reforma, para depois submetê-la ao
referendo do eleitorado.
O atual Presidente da Câmara
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) defenderia o mesmo rito. Esse último, por
haver perdido a eleição no Rio Grande do Norte pela governança, se acha em fim
de mandato. Muito provavelmente caberá a um outro conduzir na Câmara esta
reforma – se ela não gorar, como ocorreu em 2013. Será acaso o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
?
( Fonte: Folha
de S. Paulo )
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