terça-feira, 28 de outubro de 2014

Depois da Festa


                                
         No segundo dia da vitória de Dilma II, com a confirmada continuação da ordem petista por mais quatro anos, com horizonte de dezesseis anos, a oposição do PSDB se lamenta, e a situação, com suas várias gradações, se posiciona para a administração do triunfo.

        Nas declarações previsíveis, está a do futuro ex-Ministro Guido Mantega, que posa para a Folha em foto de primeiríssima página. É segredo de Polichinelo que Dilma Rousseff continuará a ter a última palavra nas questões fazendárias. Por força disso, o pelotão de candidatos há de diminuir. Dentre os políticos avultava Jacques Wagner, em fim de mandato na governança da Bahia.

         A visão de Mantega, com o seu patético júbilo, me recorda da frase de Lord Altrincham, pela dor no pescoço com a voz esganiçada da jovem Raínha Elizabeth II. Dizer que o resultado das urnas mostra que a população aprova política econômica nos deixa hesitantes entre a seta dos Partas (que ao debandarem lançavam para trás mortíferas setas) ou então expressão sem sentido, porque bolsa-família não é política econômica.

        Ao contrário dos abraços dos banqueiros, a reação do mercado reflete - o que está na linha da recomendação da funcionária do Santander,  tornada bode-expiatório por Lula – uma grande desconfiança quanto à capacidade de Dilma & Cia. de lídar com a economia.  O  principal índice da Bolsa caíu 2,77% (menor pontuação desde abril). As ações da Petrobrás fecharam com desvalorização de 12%. E, por fim, o dólar à vista fechou a R$ 2,52 (alta de 2%).  Essa é a maior cotação da moeda desde abril de 2005.

        Depois da fala das urnas, a Presidenta estaria mais orientada para colocar representante do mercado financeiro  para assumir o ministério da Fazenda. Essa expressão terá que ser, contudo, relativizada, eis que se o dílmico comportamento constitui válida sinalização, Dilma não dará carta branca ao Ministro (como Lula agiu com Palocci), guardando para si a última palavra.

         De qualquer forma, entre os mais cotados, estão Luiz Trabuco (presidente do Bradesco) e Rossano Maranhão (do banco Safra).

         No Congresso, como se afigurava previsível, há muita resistência com a idéia de plebiscito sobre o sistema político.  Esse tipo de reforma é prerrogativa do Parlamento, e foi por causa disso que ela deu chabu em 2013.

               Não é por acaso que os regimes autoritários se valem amiúde do recurso do plebiscito, com que esvaziam o parlamento.  Assim, ao invés dos chamados pratos feitos – os plebiscitos – o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) opta pela fórmula que cabe ao Congresso aprovar a reforma, para depois submetê-la ao referendo do eleitorado.

              O atual Presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) defenderia o mesmo rito. Esse último, por haver perdido a eleição no Rio Grande do Norte pela governança, se acha em fim de mandato. Muito provavelmente caberá a um outro conduzir na Câmara esta reforma – se ela não gorar, como ocorreu em 2013.  Será acaso o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ?

 

( Fonte:  Folha de S. Paulo )

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