Demagogia tem pernas curtas
A demagógica concessão pela Presidenta Dilma Rousseff de
20% de redução média nas contas de luz foi uma medida precipitada, com
benefícios de fôlego curto (válidos até no máximo fins de 2015), e que, feitos
os cômputos, custará a bagatela de R$ 61 bilhões aos cofres públicos.
Resultado de uma certa irreflexão, esse recurso que, na verdade,
constitui subsídio, deveria ter sido
evitado, sobretudo pelo que implicaria o gesto em custos posteriores, além de
ulterior pressão inflacionária.
Os chamados preços administrados a que
recorre amiúde a ‘economista’ Dilma na verdade constituem mais um
complicador do que solução dos problemas fiscais. Por outro lado,
cumpriria evitar os fatores embutidos de inflação que é mais uma vez o caso.
Quem demitiu Paulo Roberto Costa?
\Paulo Roberto Costa, caro leitor, é
o delator premiado da Petrobrás. Diretor da nossa infeliz Petróleo Brasileiro
S.A., indicação política ao que tudo indica do P.P., Costa participou de várias reuniões com o
Presidente Lula da Silva, que o chamava de ‘Paulinho’. Que assuntos eram objeto de tais reuniões
entre funcionário categorizado, mas não o presidente da empresa, e a máxima
autoridade da República, não está esclarecido.
Uma coisa, no entanto, já se esclareceu.
Toda vez que se falava sobre o delator premiado e a dinheirama que desviara da
Petrobrás, a Presidenta se apressava em
declarar que foi ela quem demitiu o diretor Paulo Roberto Costa.
No
entanto, essa dílmica verdade fica para lá de duvidosa, ao verificar-se, em ata
da Petrobrás, que, a folhas tantas, Paulo Roberto decidiu exonerar-se... Pois não
é que ata da Petrobrás afiança que o indigitado renunciou, e ainda por cima faz
elogios ao industrioso diretor...
Essas verdades passadas adiante ao
sabor das circunstâncias me parecem reminiscentes do famoso filme “Quem matou Liberty Valance”. No caso do
clássico de John Ford, atribuíu-se a morte do bandido ao pacato advogado que, na verdade,
foi apenas favorecido pela fortuna. Quem
matara o facínora fora outro pistoleiro. Nesse caso, a versão suplantou o
fato...
O Aparelhamento Petista dos Órgãos
Estatais
Como Pindorama é um país implacável, em que todos os
faltosos são e serão castigados, não surpreende
que os Correios tenham atuado nas Minas Gerais de forma excessivamente
desenvolta.
Não há de esquecer-se que foi dos
correios que repontou a maior crise de corrupção neste país, com o que mais
tarde evoluiria – melhor seria, involuiria – para o magno escândalo do
Mensalão. Quem se terá olvidado da
imagem de diretor petebista dos Correios, aceitando uma propina de três mil
reais, com um displicente peteleco?
Pois não é que agora
decidiram por um uso ‘político’ dos Correios nas Minas Gerais? E a fonte, pasmem, é um deputado estadual do
PT. Segundo este senhor Durval Angelo,
Dilma só chegou aos 40% das intenções de voto no Estado das Minas Gerais porque
“tem
dedo dos petistas nos Correios”.
Também o candidato do Partido dos
Trabalhadores, Fernando Pimentel, deve estar agradecido aos Correios por
liderar as pesquisas para o Governo do Estado. Segundo acusou Aécio Neves, o PT orquestrou uma ação (dentro dos Correios) para que o
material de campanha dele e do candidato tucano ao governo mineiro, Pimenta da
Veiga, não fosse entregue a eleitores.
Marina Silva serviu-se de mais este
episódio de aparelhamento de órgãos oficiais para criticar o Governo Dilma
Rousseff: “A reeleição é uma chaga no
nosso país. Ela começou de forma errada,
com compra de votos, inaugurando o mensalão no Congresso Nacional. É uma
prática que faz com que os governantes, em vez de pensar no interesse da
população, façam de tudo para se
reeleger, não importam os meios. Cria
uma situação de aparelhamento, de uso político das instituições públicas, de
confusão entre o partido e o
governo, entre o Governo e o Estado.”
Por sua vez, Dilma não perdeu tempo meditando
sobre as implicações éticas de mais este escândalo. Preferiu
classificar a acusação de que sua
campanha teria feito uso eleitoral da estrutura dos Correios como “um
absurdo”. E Sua Excelência acrescentou: “Vocês acreditam nisso? Estamos vivendo um momento eleitoral, e a
situação fica um pouco nervosa. Isso é um absurdo” repetiu a Presidenta. Para
ela já está tudo esclarecido...
Marina será culpada do derretimento de
seus votos?
Vitimizar a vítima é um procedimento usual, pelo menos no que tange a
certas explicações da liquefação do total de votos – segundo indicado pelas
pesquisas – da candidata Marina Silva.
A crer-se nesta explicação, os
votos favoráveis a Marina se estariam evaporando, porque ela não dispõe de base
partidária sólida. Implicita, a crítica
de que ela deveria ter dispensado mais atenção para o problema.
Na verdade, não é bem assim. Marina
e a sua Rede de Sustentabilidade foi barrada pelo TSE, com o único voto favorável
do Ministro Gilmar Mendes. Uma estranha contestação das assinaturas em cartórios
do ABC paulista – área em que é muito forte um partido político interessado
diretamente no resultado da avaliação pelo TSE – provocou a negativa do máximo órgão
da judicatura eleitoral. Será que esqueceram que foi por isso que Eduardo
Campos abriu o PSB para a
desvalida Marina, a ela oferecendo o lugar de vice na chapa presidencial?
Dessarte, sem grande base
partidária, o PSB não dispõe de uma estrutura de prefeitos e autoridades locais
para divulgar a boa nova, e reforçar o apoio dado a Marina, numa primeira e
espontânea reação. Por isso, agora os seus totais se estaria liquefazendo...
Culpar-se a vítima é sempre mais
cômodo, mas raramente essa dúbia ‘explicação’ acoberta mais coisas do que
expõe.
Marina é vitima de concertada
campanha da candidata à reeleição, campanha essa baseada em “mentiras” (como afirma Marina
Silva). Também no que tange aos efeitos
da prometida autonomia do Banco Central como uma das causas, poupem-me, por
favor, esse ataque ao bom senso. A campanha de Marina solicitou direito de
resposta ao filmete de João Santana, o que lhe foi denegado, por uma confusa
explicação jurídica, que na verdade resultou em ganho de quem espalha tosca e despropositada má-fé.
Que a campanha de Dilma se
esteja prevalecendo da fraqueza de Marina, isso pode compreender-se, mas não
justificar-se, eis que há uma afronta à igualdade de direitos entre candidatos
(e candidatas) que está sendo desrespeitada aqui e da maneira mais afrontosa.
Mas não venham por favor em
tentar culpar a vítima pelo que ela está sofrendo... Mais do que uma agressão à
Marina Silva, assistimos ao desrespeito da ordem constitucional e do direito de
cada candidato (e candidata) a ter as suas razões devidamente pesadas e o seu
constitucional direito de resposta assegurado.
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo )
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