O modelo Chávez de exportação
A situação da Venezuela
sob Nicolás
Maduro é a consequência da falta de uma política séria de
reestruturação econômica. Fundada nos anos de bonança, Hugo Chávez utilizara a
época gorda de preços altos do petróleo para fundamentar e reforçar a própria
política externa. Em tais termos, criou-se a Alba (associação bolivariana) e subvencionou-se diversos países
ideologicamente próximos (Cuba, Nicarágua, Equador e Bolívia, entre outros).
Como para a Venezuela o petróleo configura
virtual monoproduto de exportação (o
ouro negro representa 96% da totalidade de suas vendas
para o exterior), pode intuir-se da gravidade da crise, com a queda nas
cotações dessa commodity. A situação se agrava diante do fato de que os
rendimentos do petróleo servem igualmente para bancar programas sociais que o
chavismo considera indispensáveis para a sua sustentação política.
Hugo Chávez montou este ambicioso
programa de projeção política no entorno do Caribe e da América do Sul na época
das vacas gordas do petróleo.
O problema atual não está somente na
incompetência politico-administrativa do sucessor Nicolás Maduro. O erro vem de
longe. Chávez tornara permanente um sistema de política externa fundado na
premissa do petróleo com altas cotações no mercado internacional. Além de não
ser mais o caso, ulteriores elementos do quadro aponta para a embaraçosa
circunstância de que se o caudillo Chávez
se fosse um capitalista privado já teria
falido. Funcionando sob a presunção
de que as condições mais favoráveis seriam permanentes, o coronel semeou a
tempestade que ora avança sobre seu discípulo.
Por causa do aparelhamento político
da empresa estatal de petróleo – e do afastamento das estrangeiras, por causa
das expropriações – a produção venezuelana está em acentuado declínio (em 1997, antes da assunção de Chávez, era de 3,7
milhões de barris, e hoje é de 2,3 bilhões).
Por outro lado, parte dessa produção está comprometida, pela dívida de Caracas
com Beijing. Assim, a RPC – que por
ter escassa produção local, tem grande, insaciável mesmo sede do produto –
recebe quase um quinto desse total, a título de pagamento dos US$
50 bilhões tomados emprestados pela Venezuela da amiga China.
Além disso, a diplomacia petrolífera
de Maduro está dando chabu. Com efeito, pressionado pelas contas e pelos
compromissos dos tempos de bonança, o sucessor de Hugo Chávez não logrou
convocar reunião emergencial da OPEP,
com o escopo de debater os preços.
O apelo de Maduro não comoveu Ryadh
(os sauditas são os maiores produtores mundiais).Por outro lado, antigos
compradores, como os Estados Unidos, agora transformados em país produtor, têm
contribuído para situação bem diversa daquela que alimentara a megalomania
diplomática chavista.
Assim, como no desgoverno da Argentina kirchnerista, o calote se
afigura um personagem corriqueiro na situação político-econômico desse país muy
amigo do atual governo brasileiro, tudo leva a pressupor que o céu venezuelano
tenderá a enfarruscar-se ainda mais, com as usuais consequências
político-econômicas que sóem aparecer em tais cenários.
Membro da OCDE, o México registra boas notas em termos de desenvolvimento
econômico (a ponto de merecer largos elogios de sérios analistas financeiros),
assim como o seu presente Presidente, Enrique Peña Nieto – com que o PRI
voltou ao governo – colhe juízos igualmente encomiásticos na imprensa
internacional.
No entanto, o México tem um
problema. Poder-se-ia dizer que, assim como o personagem célebre da novela de Robert
Louis Stevenson, ele sofreria
de típico caso de dupla personalidade, em que o sisudo Dr. Jekyll convive com o perigoso Mr. Hyde.
O antecessor do atual, o
então presidente Felipe Calderón se empenhou fundamente na tentativa de vencer
o narcotráfico, em generalizada ofensiva - de que, inclusive, participara o
Exército - contra o crime organizado e, notadamente, o tráfico de drogas. O
malogro de tal empenho se refletiria em onda de exacerbada violência, com cerca
de 150 mil mortos, que é deprimente resumo para uma guerra fracassada.
Agora nos chega a notícia de
que a médica Maria del Rosario Fuentes -
que denunciava pela internet os
crimes do tráfico no estado de Tamaulipas – foi sequestrada, torturada e morta
na última quarta-feira.
Como se tal não bastasse, os
criminosos divulgaram, através da conta no Twitter
da infeliz, um arremedo de aviso para os seguidores: “Fechem suas contas (no Twitter). Não arrisquem suas famílias
como eu fiz.” Tal serviu de legenda para o foto de um corpo ensanguentado.
Pelo visto e dada a
circunstância de que o acontecido com a infeliz Maria del Rosario Fuentes não é
algo estranho na crônica policial mexicana, mas sim bastante e tristemente
corriqueiro, no estado de Tamaulipas, vizinho dos Estados Unidos, não se
afigura por conseguinte tão discrepante da realidade – e da dupla personalidade
projetada pela situação do México – mais esse bárbaro crime que se noticia.
Desmate na Amazônia volta a crescer
Segundo noticia a Folha
deste domingo, em manchete, o desmate da Amazônia na gestão Dilma volta a
crescer. A brutal alta de dois meses é
de 191%
sobre 2013 (dados da ONG
Imazon). Consoante os dados, o total
afetado é de 838 km² no período citado, o que corresponde a mais
da metade da área da cidade de São Paulo.
Contrariando a norma
anterior de divulgação mensal, o Ministério do Meio Ambiente adiou para
novembro, depois das eleições , a divulgação dos números oficiais. A alegação apresentada pelo MMA é de que os
valores serão anunciados considerando imagens cada vez mais precisas,
registradas por um novo sistema...
Delator: Gleisi Hoffmann recebeu um
milhão
A Senadora pelo Paraná, Gleisi Hoffmann, que
tentou sem sucesso eleger-se para a governança do Paraná – foi reeleito
governador, já no primeiro turno, Beto Richa (PSDB) - contesta o
depoimento do ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa (o ‘Paulinho’, de Lula) de que o esquema de
corrupção na estatal lhe teria repassado
R$ 1 milhão para a sua campanha.
Ainda segundo a Senadora,
quanto à reportagem do Estado de S. Paulo, ela não conhece Costa e as
doações recebidas foram declaradas ao TSE.
Gleisi era auxiliar direta de
Dilma Rousseff, na sua condição de Chefe da Casa Civil, da qual se afastou, na
tentativa (malograda) de tornar-se governadora do Paraná.
Dilma e as Reservas Indígenas
Grassa o mal-estar e mesmo a revolta nas lideranças
indígenas em relação às reservas. E a
razão é clara e insofismável. Na gestão de Dilma Rousseff, o ritmo da homologação de terras indígenas no país
cai ao patamar mais baixo dos últimos vinte anos.
Em quatro anos de governo, a
Presidenta reconheceu dois milhões de hectares, que deram origem a
onze terras indígenas, no Pará e no Amazonas.
Para quem parece tão interessada em
remeter-nos aos governos tucanos, consoante a notícia na Folha, essa marca do governo Dilma é quinze vezes menor do que a do
primeiro governo FHC. Ainda por cima, nas duas gestões, Fernando Henrique
homologou 41 milhões de ha, distribuídos por 141 territórios, 93,5% deles no
Norte do país.
Conquanto menor do que a do
tucano, Lula em oito anos homologou 84 áreas, com dezoito milhões de hectares.
Para o CIMI (Conselho
indigenista Missionário, da Igreja Católica), a atual política indigenista
caminha para o retrocesso. Com efeito, para o Secretário-Executivo do CIMI, Cleber
Buzzato, “Não são só os conflitos que
atrasam os processos. Há uma ação articulada para barrar homologações em áreas onde se pretende
construir usinas”.
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, Estado de S.
Paulo )
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