domingo, 19 de outubro de 2014

Colcha de Retalhos B 40

                               

O modelo Chávez de exportação



        A situação da Venezuela sob Nicolás Maduro é a consequência da falta de uma política séria de reestruturação econômica. Fundada nos anos de bonança, Hugo Chávez utilizara a época gorda de preços altos do petróleo para fundamentar e reforçar a própria política externa. Em tais termos, criou-se a Alba (associação bolivariana) e subvencionou-se diversos países ideologicamente próximos (Cuba, Nicarágua, Equador e Bolívia, entre outros).

         Como para a Venezuela o petróleo configura virtual monoproduto de exportação (o ouro negro representa 96% da totalidade de suas vendas para o exterior), pode intuir-se da gravidade da crise, com a queda nas cotações dessa commodity.  A situação se agrava diante do fato de que os rendimentos do petróleo servem igualmente para bancar programas sociais que o chavismo considera indispensáveis para a sua sustentação política.

         Hugo Chávez montou este ambicioso programa de projeção política no entorno do Caribe e da América do Sul na época das vacas gordas do petróleo.

          O problema atual não está somente na incompetência politico-administrativa do sucessor Nicolás Maduro. O erro vem de longe. Chávez tornara permanente um sistema de política externa fundado na premissa do petróleo com altas cotações no mercado internacional. Além de não ser mais o caso, ulteriores elementos do quadro aponta para a embaraçosa circunstância de que se o caudillo Chávez se fosse um capitalista privado já teria falido.  Funcionando sob a presunção de que as condições mais favoráveis seriam permanentes, o coronel semeou a tempestade que ora avança sobre seu discípulo.

           Por causa do aparelhamento político da empresa estatal de petróleo – e do afastamento das estrangeiras, por causa das expropriações – a produção venezuelana está em acentuado declínio (em 1997, antes da assunção de Chávez, era de 3,7 milhões de barris, e hoje é de 2,3 bilhões). Por outro lado, parte dessa produção está comprometida, pela dívida de Caracas com Beijing. Assim, a RPC – que por ter escassa produção local, tem grande, insaciável mesmo sede do produto – recebe quase um quinto desse total, a título de pagamento dos US$ 50 bilhões tomados emprestados pela Venezuela da amiga China.

           Além disso, a diplomacia petrolífera de Maduro está dando chabu. Com efeito, pressionado pelas contas e pelos compromissos dos tempos de bonança, o sucessor de Hugo Chávez não logrou convocar reunião emergencial da OPEP, com o escopo de debater os preços.

           O apelo de Maduro não comoveu Ryadh (os sauditas são os maiores produtores mundiais).Por outro lado, antigos compradores, como os Estados Unidos, agora transformados em país produtor, têm contribuído para situação bem diversa daquela que alimentara a megalomania diplomática chavista.

             Assim, como no desgoverno da Argentina kirchnerista, o calote se afigura um personagem corriqueiro na situação político-econômico desse país muy amigo do atual governo brasileiro, tudo leva a pressupor que o céu venezuelano tenderá a enfarruscar-se ainda mais, com as usuais consequências político-econômicas que sóem aparecer em tais cenários.

 
Sofrerá o México de dupla personalidade?

 

                Membro da OCDE, o México registra boas notas em termos de desenvolvimento econômico (a ponto de merecer largos elogios de sérios analistas financeiros), assim como o seu presente Presidente, Enrique Peña Nieto – com que o PRI voltou ao governo – colhe juízos igualmente encomiásticos na imprensa internacional.

                No entanto, o México tem um problema. Poder-se-ia dizer que, assim como o personagem célebre da novela de Robert Louis Stevenson,  ele sofreria de típico caso de dupla personalidade, em que o sisudo Dr. Jekyll convive com o perigoso Mr. Hyde.

                  O antecessor do atual, o então presidente Felipe Calderón  se empenhou fundamente na tentativa de vencer o narcotráfico, em generalizada ofensiva - de que, inclusive, participara o Exército - contra o crime organizado e, notadamente, o tráfico de drogas. O malogro de tal empenho se refletiria em onda de exacerbada violência, com cerca de 150 mil mortos, que é deprimente resumo para uma guerra fracassada.

                  Agora nos chega a notícia de que a médica Maria del Rosario Fuentes  - que denunciava pela internet os crimes do tráfico no estado de Tamaulipas – foi sequestrada, torturada e morta na última quarta-feira. 

                   Como se tal não bastasse, os criminosos divulgaram, através da conta no Twitter da infeliz, um arremedo de aviso para os seguidores: “Fechem suas contas (no Twitter). Não arrisquem suas famílias como eu fiz.” Tal serviu de legenda para o foto de um corpo ensanguentado.

                      Pelo visto e dada a circunstância de que o acontecido com a infeliz Maria del Rosario Fuentes não é algo estranho na crônica policial mexicana, mas sim bastante e tristemente corriqueiro, no estado de Tamaulipas, vizinho dos Estados Unidos, não se afigura por conseguinte tão discrepante da realidade – e da dupla personalidade projetada pela situação do México – mais esse bárbaro crime que se noticia.    

 

Desmate na Amazônia volta  a crescer

 

                   Segundo noticia a Folha deste domingo, em manchete, o desmate da Amazônia na gestão Dilma volta a crescer.  A brutal alta de dois meses é de 191% sobre 2013 (dados da ONG Imazon).  Consoante os dados, o total afetado é de 838 km²  no período citado, o que corresponde a mais da metade da área da cidade de São Paulo.

                   Contrariando a norma anterior de divulgação mensal, o Ministério do Meio Ambiente adiou para novembro, depois das eleições , a divulgação dos números oficiais. A alegação apresentada pelo MMA é de que os valores serão anunciados considerando imagens cada vez mais precisas, registradas por um novo sistema...

 

 

Delator: Gleisi Hoffmann recebeu um milhão

 

                  A Senadora pelo Paraná, Gleisi Hoffmann, que tentou sem sucesso eleger-se para a governança do Paraná – foi reeleito governador, já no primeiro turno, Beto Richa (PSDB) - contesta o depoimento do ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa (o ‘Paulinho’, de Lula) de que o esquema de corrupção na estatal lhe teria  repassado R$ 1 milhão para a sua campanha.

                  Ainda segundo a Senadora, quanto à reportagem do Estado de S. Paulo, ela não conhece Costa e as doações recebidas foram declaradas ao TSE.

                  Gleisi era auxiliar direta de Dilma Rousseff, na sua condição de Chefe da Casa Civil, da qual se afastou, na tentativa (malograda) de tornar-se governadora do Paraná.  

 

Dilma e as Reservas Indígenas

 

                   Grassa o mal-estar e mesmo a revolta nas lideranças indígenas em relação às reservas.  E a razão é clara e insofismável.  Na gestão de Dilma Rousseff, o ritmo da homologação de terras indígenas no país cai ao patamar mais baixo dos últimos vinte anos.

                   Em quatro anos de governo, a Presidenta reconheceu dois milhões de hectares, que deram origem a onze terras indígenas, no Pará e no Amazonas.

                    Para quem parece tão interessada em remeter-nos aos governos tucanos, consoante a notícia na Folha, essa marca do governo Dilma é quinze vezes menor do que a do primeiro governo FHC. Ainda por cima, nas duas gestões, Fernando Henrique homologou 41 milhões de ha, distribuídos por 141 territórios, 93,5% deles no Norte do país.

                    Conquanto menor do que a do tucano, Lula em oito anos homologou 84 áreas, com dezoito milhões de hectares.

                    Para o CIMI (Conselho indigenista Missionário, da Igreja Católica), a atual política indigenista caminha para o retrocesso.  Com efeito,  para o Secretário-Executivo do CIMI, Cleber Buzzato, “Não são só os conflitos que atrasam os processos. Há uma ação articulada para barrar  homologações em áreas onde se pretende construir usinas”.

 

( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo )

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