Escândalo da Petrobrás
A tentação de empurrar com a barriga está sempre
presente nos governos e não poderia ter sido diverso com o do PT, como mostra
Elio Gaspari no seu comentário desta semana.
Pensou o partido no poder que poderia
levar o caso com a barriga, e voltou a errar, como acontecera com a questão do
Mensalão. Uma CPI controlada pela
maioria, ouviu ‘Paulinho’ (na
verdade, o preso Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobrás). Numa CPI tipo Orestes Quercia (as produtoras
de pizza), os membros dele ouviram que tinha R$ 1,2 milhão em casa (!) para
fazer pagamentos, e o líder do PT considerou sua fala “satisfatória”. Na
tentativa de encobrir o óbvio, apostaram que o “amigo” Paulinho (como o chamava
Lula, quando com ele se reunia) ficaria calado. Com isso levaram a bomba para
dentro do governo (como no caso do Mensalão).
O Governo tivera uma chance
anterior para adotar a linha correta na matéria, e não o fizera. Gaspari
recorda a contestação escrita de Dilma Rousseff que tanto estardalhaço
provocara, ao escrever em nota de resposta à indagação da repórter Andreza
Matais, que ela, como Presidente do Conselho de Administração da Petrobrás,
aprovara a compra da refinaria de Pasadena baseada em “informações
incompletas” de um parecer “técnica e juridicamente falho”. Para Gaspari, a nota em apreço era o começo de uma solução.
Errou o governo, ao dar marcha à ré,
e tentar acobertar o problema. Assim, deu no que deu. O juiz Sérgio
Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, ouviu no desempenho de suas
atribuições, o ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, e o doleiro
Alberto Youssef, e tinha portanto obrigação de tornar públicas as informações
que colheu. O “golpe” (a que aludira a Presidenta, como se fora manobra
eleitoreira) houve quando os dois e seus comparsas delinquiram.
Protestos em Hong Kong
O movimento democrático de protesto na Região
Administrativa de Hong Kong se choca com o poder de Beijing, e a fase
inicial, de afirmação da vontade majoritária da população já parece ceder lugar
a um desenvolvimento ulterior, que é o de enrijecimento da autoridade local,
que não passa de reflexo da vontade do governo nacional.
Assim, os choques com a polícia
se amiúdam, o que expressa não só a exasperação dos manifestantes – que se
chocam não só com a procrastinação da autoridade central local, mas também com
as novas instruções dadas às chamadas forças de ordem.
Essa nova postura do
representante local do poder de Beijing é a involução da reação inicial, que se
traduziu em falso possibilismo, o qual apenas se propunha ganhar tempo.
O movimento democrático tem
ainda o suporte de um bom número de manifestantes, mas o passar do tempo e a
inegável usura decorrente do empenho repetidamente negado, terá como consequência
quase inexorável que o seu potencial venha a enfraquecer-se e com ele o número
de participantes.
Levada em conta essa involução, os choques com as
chamadas forças da ordem irão assumindo um caráter mais violento. Para o poder
burocrático-autoritário instalado na capital e em todas as regiões da China com
exceção de Hong Kong, as reações ao movimento libertário tenderão a tornar-se
mais violentas. A única contenção está na visibilidade dessa ex-colônia britânica,
cuja devolução ao poder chinês foi feita sob condições determinadas, entre as
quais a da preservação do entorno democrático que a caracterizara.
Nesse ponto, dada a falta de
flexibilidade ideológica do poder autoritário sediado em Beijing, e imposto em
toda a China, as possibilidades de um encontro a meio-caminho com a povoação de
Hong Kong se vão diluindo.
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo )
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