quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Diário da Mídia (XXVIII)

                                     

Entrevista de Dias Toffoli

 

        O Presidente do Tribunal Superior Eleitoral tem surpreendido favoravelmente, ao criticar o baixo nível das campanhas no segundo turno. 

         Verbera o viés adotado pelos dois candidatos, Dilma Rousseff e Aécio Neves, que parecem mais preocupados em destruir o adversário do que em defender as respectivas idéias.

         Daria a impressão, por vezes, segundo o Ministro, de que estariam quase sinalizando uma campanha do “vote no menos pior”.

         Diante dessa animosidade, o TSE foi levado a proibir os ataques no horário eleitoral gratuito.

         Outra sugestão de Toffoli que semelha sensata concerne a reduzir o espaço excessivo concedido  ao horário eleitoral gratuito: seis semanas no primeiro turno e três semanas, no segundo... É tempo demasiado e “os programas são feitos com recursos tecnológicos, pirotecnias. E a atividade do Congresso Nacional fica paralisada.”.

         Está sub judice um áudio, divulgado na campanha tucana, de Dilma elogiando Aécio (na sua atuação como Governador). A votação está pendente do voto de Minerva do Presidente Toffoli.  Creio que esse elogio de Dilma é relevante porque contraria toda a campanha petista de desconstrução do valor de Aécio como Governador.

        A decisão de Toffoli será importante porque sinalizará até que ponto vai a independência do atual presidente em termos do contraditório.

 

A Demonização da Crítica

 

         O ex-presidente Lula tem adotado ultimamente postura mais negativa, menos simpática, nas suas intervenções na campanha de Dilma Rousseff. Não foi decerto amável, nem mais consentânea com o Lula de paz e amor (que pavimentara a sua conquista da presidência, depois de tantas derrotas seguidas) a reclamação contra a magna direção do Banco Santander, pedindo a cabeça de modesta funcionária, “culpada” por transmitir o óbvio a seus clientes.

          Agora, Lula ataca outra vez, com designações que Merval Pereira considera a justo título como irresponsáveis: “Daqui para frente, é a Miriam Leitão falando mal da Dilma na televisão, e a gente falando bem  dela (Dilma) na periferia. É o (William) Bonner falando mal dela no Jornal Nacional, e a gente falando bem dela em casa. Agora somos nós contra eles.”

       É uma fala decerto irresponsável (...). O PT deu agora para nomear seus ‘inimigos’, incentivando assim ações radicais contra jornalistas que consideram adversários do ‘projeto popular’”.

         Merval Pereira se reporta a que dirigente desse partido tenha nomeado sete jornalistas numa espécie de “lista negra”.

         Como o colunista oportunamente enfatiza, trata-se de típica ação fascista, que está sendo usada há tempos na Argentina de Cristina Kirchner. E em tal contexto, a sua coluna assinala: “É neste caminho que vamos, caso Dilma se reeleja.”

 

Articulação Eleitoral em Pernambuco

 

          Na sua tentativa de melhorar a própria votação em Pernambuco – onde no primeiro turno foi derrotada por Marina, muito por causa da  presença desta na chapa de Eduardo Campos, assim como pelo empenho da viúva e da família do neto de Miguel Arraes – a campanha de Dilma organizou magno evento em Petrolina.

         Na verdade, as trinta mil pessoas que participaram do comício em Petrolina foram resultado de forte mobilização da “Articulação Semiárido Brasileiro”, com 99 caravanas vindas de Minas Gerais, Bahia e Paraíba, entre outros estados.

          Para carrear votos de Pernambuco, e na companhia do pernambucano Lula da Silva, Dilma discursou para gente (e eleitores) de outros estados.

         É uma tática pelo menos questionável. A votação no primeiro turno foi uma expressão do apoio do povo pernambucano ao filho da terra, prematuramente falecido, e representado nas urnas por Marina Silva. Como o projeto da viúva e da família continua o mesmo, o resultado me parece em suspenso, posto que as motivações não hajam mudado, e por conseguinte semelha difícil que o eleitorado do Estado se contradiga.

 

( Fontes:  O  Globo, Folha de S. Paulo )

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