Entrevista de Dias Toffoli
O Presidente do Tribunal
Superior Eleitoral tem surpreendido favoravelmente, ao criticar o baixo nível
das campanhas no segundo turno.
Verbera o viés adotado pelos dois
candidatos, Dilma Rousseff e Aécio Neves, que parecem mais preocupados em
destruir o adversário do que em defender as respectivas idéias.
Daria a impressão, por vezes, segundo
o Ministro, de que estariam quase sinalizando uma campanha do “vote no menos
pior”.
Diante dessa animosidade, o TSE foi
levado a proibir os ataques no horário eleitoral gratuito.
Outra sugestão de Toffoli que semelha
sensata concerne a reduzir o espaço excessivo concedido ao horário eleitoral gratuito: seis semanas
no primeiro turno e três semanas, no segundo... É tempo demasiado e “os
programas são feitos com recursos tecnológicos, pirotecnias. E a atividade do
Congresso Nacional fica paralisada.”.
Está sub judice um áudio, divulgado na
campanha tucana, de Dilma elogiando Aécio (na sua atuação como Governador). A votação
está pendente do voto de Minerva do Presidente Toffoli. Creio que esse elogio de Dilma é relevante
porque contraria toda a campanha petista de desconstrução do valor de Aécio
como Governador.
A decisão de Toffoli será importante
porque sinalizará até que ponto vai a independência do atual presidente em
termos do contraditório.
A Demonização da Crítica
O ex-presidente Lula tem
adotado ultimamente postura mais negativa, menos simpática, nas suas
intervenções na campanha de Dilma Rousseff. Não foi decerto amável, nem mais
consentânea com o Lula de paz e amor (que pavimentara a sua conquista da
presidência, depois de tantas derrotas seguidas) a reclamação contra a magna
direção do Banco Santander, pedindo a cabeça de modesta funcionária, “culpada”
por transmitir o óbvio a seus clientes.
Agora, Lula ataca outra vez, com
designações que Merval Pereira considera a justo título como irresponsáveis: “Daqui
para frente, é a Miriam Leitão
falando mal da Dilma na televisão, e a gente falando bem dela (Dilma) na periferia. É o (William) Bonner falando mal dela no
Jornal Nacional, e a gente falando bem dela em casa. Agora somos nós contra eles.”
“É uma fala decerto irresponsável (...). O PT deu agora
para nomear seus ‘inimigos’, incentivando assim ações radicais contra
jornalistas que consideram adversários do ‘projeto popular’”.
Merval Pereira se reporta a que
dirigente desse partido tenha nomeado sete jornalistas numa espécie de “lista
negra”.
Como o colunista oportunamente
enfatiza, trata-se de típica ação fascista, que está sendo usada há tempos na
Argentina de Cristina Kirchner. E em tal contexto, a sua coluna assinala: “É neste caminho que vamos, caso Dilma se
reeleja.”
Articulação Eleitoral em Pernambuco
Na sua tentativa de
melhorar a própria votação em Pernambuco – onde no primeiro turno foi derrotada
por Marina, muito por causa da presença
desta na chapa de Eduardo Campos, assim como pelo empenho da viúva e da família
do neto de Miguel Arraes – a campanha de Dilma organizou magno evento em
Petrolina.
Na verdade, as trinta mil pessoas que
participaram do comício em Petrolina foram resultado de forte mobilização da “Articulação
Semiárido Brasileiro”, com 99 caravanas vindas de Minas Gerais, Bahia e
Paraíba, entre outros estados.
Para carrear votos de Pernambuco, e
na companhia do pernambucano Lula da Silva, Dilma discursou para gente (e
eleitores) de outros estados.
É uma tática pelo menos questionável.
A votação no primeiro turno foi uma expressão do apoio do povo pernambucano ao
filho da terra, prematuramente falecido, e representado nas urnas por Marina
Silva. Como o projeto da viúva e da família continua o mesmo, o resultado me
parece em suspenso, posto que as motivações não hajam mudado, e por conseguinte
semelha difícil que o eleitorado do Estado se contradiga.
( Fontes:
O Globo, Folha de S. Paulo )
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