Talvez o público já esteja cansado dos debates. Que
cada rede nacional deva entrar nessa dança, se somarmos primeiro e segundo
turno, os enfrentamentos serão oito.
Se no primeiro turno, com a presença
dos candidatos nanicos, há espaço seja para o temático, seja para o pitoresco,
o que abre o leque das discussões, no segundo turno, a contraposição se
congela.
Por outro lado, no segundo turno, os
dois candidatos arrastam sua rivalidade para
diversa arena, em que a alternativa é vencer ou vencer.
Além disso, o modelo adotado para
esta fase derradeira, de certo modo, afasta a sociedade do embate, eis que, os
candidatos se avocam o que perguntar do outro.
E esta opção também afasta a mídia da
escolha dos temas e sobretudo das perguntas.
Com isso o interesse público se vê
prejudicado, eis que a sua participação se torna passiva. As cancelas de o quê
perguntar ficam fechadas para a mídia e o povo. As questões a levantar e a
oportunidade de fazê-lo são transferidas para os dois candidatos.
É confinar por demais a discussão.
Do contraditório dos candidatos, podem ser alijadas perguntas e discussões que,
para largas faixas do Povo, terão pertinência e, por conseguinte, cabimento de
serem ventiladas.
Em países ocidentais, onde esse tipo
de exercício tem longa prática, as questões ou são confiadas a jornalistas – há
casos em que por comprovada insuspeitabilidade podem ser até cometidas a um só –
ou até ao público, escolhido de forma a assegurar a participação de todas as
partes (que nos países do Norte maravilha não são muitas, nada tendo a ver com
a fragmentação de Pindorama).
Com isso, abrem-se as portas para a
sociedade, cujo interesse em informar-se sobre as posições dos candidatos é
tão presumível, quanto necessário.
O modelo de que os dois candidatos
se apropriaram com tanto ímpeto, pode servir-lhes à maravilha. Nesse ambiente
claustrofóbico, o interesse de um não é o de discutir o tema, mas o de
confundir o outro, e fazê-lo aparecer mal para o eleitor. Com isso, distorcemos
o sentido do exercício, que é o de conhecer propostas e avaliá-las no contexto
nacional.
O intuito não é transportar-nos
ao Coliseu, na esperança de que uma figura de deus ex-machina mostre com o polegar quem é o vencedor.
Este não é o sentido do
exercício, ou pelo menos não deveria ser. O eleitor deseja que os candidatos
discutam sobre questões relevantes e esbocem as suas intenções se vencedores.
Não estamos interessados em
baixarias, pegadinhas e coisas do gênero. Queremos, se possível, que se discuta
sobre as respectivas visões de Brasil.
Para tanto, os candidatos carecem da
presença da imprensa e de personalidades isentas. Será tão difícil assim encontrá-las
por aqui?
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo )
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