Chegados ao último turno, tanto o PT,
quanto o PSDB, manifestam um pendor excessivo pelo ataque. Todos temos presente
como se originou essa agressiva modalidade de disputa eleitoral.
Diante do fenômeno Marina, a campanha
de Dilma rendeu-se deliciada ao ataque ilimitado, que caracterizou os seus
filmetes de propaganda. Dada a falta de meios da coalizão que apoiava Marina –
e tendo o TSE barrado uma primeira tentativa de recurso a direito de resposta
(ficando sem contestação a estória de que a autonomia do Banco Central tiraria
a comida da mesa do pobre) – o PT mergulhou na desconstrução da candidata do
PSB, desconstrução esta que jogou Marina do primeiro lugar para o terceiro.
Compreende-se, assim, que para Dilma o
ataque sem limites constitua a tática que se impõe, dados os resultados obtidos
no primeiro turno.
No entanto, Aécio Neves tem a
respaldá-lo um grande partido, igualmente capaz de emular o PT nas suas
invectivas, insinuações e ataques desassombrados.
Em consequência, ao invés do passeio do
primeiro turno, a acrimônia e a baixaria passaram a predominar de ambos os
lados. O TSE tem procurado atenuar o tom da campanha, para que ela se torne uma
discussão de idéias e não a acrimônia utilizada por Collor contra Lula, e a
investida de Dilma contra Marina, com a sua sucessão de ‘mentiras’ no primeiro
turno.
Breve adentraremos na última semana, e por ora não
se discernem mudanças no estilo (ou falta de) das duas campanhas.
Na próxima eleição, é de esperar-se
que a propaganda partidária se faça com
mais respeito, seja ao eleitor, seja sobretudo à necessidade de discutir
temas e tópicos determinados, ao invés
de remexer em velhos baús à cata dos eventuais podres e deslizes do concorrente. Assim, ao invés de desconstruir o adversário,
apresentar o respectivo programa de governo ao exame do corpo eleitoral.
O que é importante é que o eleitor
tenha elementos de juízo quanto às propostas dos candidatos. Dada a relevância
da decisão, de que dependem a economia e as finanças do país para os próximos
quatro anos, tudo o que diga respeito a tais perspectivas terá muito mais
relevância do que questões pessoais colaterais. De qualquer forma, dada a
copiosidade com que se abusou de tal recurso, é de supor-se que é mais do que tempo de ater-se a questões
de Estado, e não a mexericos ou devassas históricas (como parece ser o caso da
exposição obsessiva dos males tucanos). Quanto às derrapadas petistas, o número
é igualmente bastante, para que tal tecla seja deixada se não em paz, pelo
menos com a certeza de que já está computada.
Quer-me parecer, por fim, que o
formato dado aos derradeiros debates, confiando as perguntas aos dois
candidatos e não a jornalistas, deveria dar agora oportunidade a que sejam os
jornalistas e não Dilma e Aécio a levantar questões.
Essa mudança arejaria a disputa,
diminuindo-lhe a agressividade. Com isso se moderaria o nível emocional da
discussão.
Afinal, o importante é que os dois
candidatos lutem por ideias e por planos de governo para o Brasil.
( Fontes:
O Globo, Folha de S. Paulo )
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