sábado, 18 de outubro de 2014

Na Democracia, moderar é preciso

                       

        Chegados ao último turno, tanto o PT, quanto o PSDB, manifestam um pendor excessivo pelo ataque. Todos temos presente como se originou essa agressiva modalidade de disputa eleitoral.

        Diante do fenômeno Marina, a campanha de Dilma rendeu-se deliciada ao ataque ilimitado, que caracterizou os seus filmetes de propaganda. Dada a falta de meios da coalizão que apoiava Marina – e tendo o TSE barrado uma primeira tentativa de recurso a direito de resposta (ficando sem contestação a estória de que a autonomia do Banco Central tiraria a comida da mesa do pobre) – o PT mergulhou na desconstrução da candidata do PSB, desconstrução esta que jogou Marina do primeiro lugar para o terceiro.

        Compreende-se, assim, que para Dilma o ataque sem limites constitua a tática que se impõe, dados os resultados obtidos no primeiro turno.

         No entanto, Aécio Neves tem a respaldá-lo um grande partido, igualmente capaz de emular o PT nas suas invectivas, insinuações e ataques desassombrados.

         Em consequência, ao invés do passeio do primeiro turno, a acrimônia e a baixaria passaram a predominar de ambos os lados. O TSE tem procurado atenuar o tom da campanha, para que ela se torne uma discussão de idéias e não a acrimônia utilizada por Collor contra Lula, e a investida de Dilma contra Marina, com a sua sucessão de ‘mentiras’ no primeiro turno.

         Breve  adentraremos na última semana, e por ora não se discernem mudanças no estilo (ou falta de) das duas campanhas.

         Na próxima eleição, é de esperar-se que a  propaganda partidária se faça com mais respeito, seja ao eleitor, seja sobretudo à necessidade de discutir temas  e tópicos determinados, ao invés de remexer em velhos baús à cata dos eventuais podres e deslizes do concorrente.  Assim, ao invés de desconstruir o adversário, apresentar o respectivo programa de governo ao exame do corpo eleitoral.

         O que é importante é que o eleitor tenha elementos de juízo quanto às propostas dos candidatos. Dada a relevância da decisão, de que dependem a economia e as finanças do país para os próximos quatro anos, tudo o que diga respeito a tais perspectivas terá muito mais relevância do que questões pessoais colaterais. De qualquer forma, dada a copiosidade com que se abusou de tal recurso, é de supor-se  que é mais do que tempo de ater-se a questões de Estado, e não a mexericos ou devassas históricas (como parece ser o caso da exposição obsessiva dos males tucanos). Quanto às derrapadas petistas, o número é igualmente bastante, para que tal tecla seja deixada se não em paz, pelo menos com a certeza de que já está computada.

         Quer-me parecer, por fim, que o formato dado aos derradeiros debates, confiando as perguntas aos dois candidatos e não a jornalistas, deveria dar agora oportunidade a que sejam os jornalistas e não Dilma e Aécio a levantar questões.

          Essa mudança arejaria a disputa, diminuindo-lhe a agressividade. Com isso se moderaria o nível emocional da discussão.

          Afinal, o importante é que os dois candidatos lutem por ideias e por planos de governo para o Brasil.

 

( Fontes:  O  Globo, Folha de S. Paulo )

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