Dunga e a Imprensa
Difícil não estar de
acordo com Fernando Calazans. A escolha de Dunga vai ao arrepio de tudo o que
se antecipava, depois dos sete a um, de renovação na seleção. E como não frisar
que em instante quando se espera novos ventos em nosso futebol, não há jeito de
‘esquecer o risco, o perigo, a insensatez da escolha da CBF (e não só em
relação a Dunga, mas ao coordenador Gilmar Rinaldi também).
O gol da Copa
Também concordo com a opinião de Calazans sobre qual o
mais bonito gol da Copa. A cabeçada de van Persie é incomparável, não só pela
sua beleza, mas igualmente por seu caráter único.
Através dos anos, será quase
impossível repetir esse feito, único na plasticidade, acrobacia e
originalidade. Pela sua grandeza não pode ser comparado ao tento de James
Rodriguez, que é decerto um belo gol, mas sem a excepcionalidade do de van
Persie.
As prisões dos ativistas
Provoca certo desconforto essa
atmosfera de denúncias na imprensa e na mídia em geral, com base em
investigações policiais sobre os alegados planos dos ativistas, de que Elisa
Quadros, a Sininho, constitui um dos pontos focais de agregação.
Como disse em nota recente,
pergunto-me o que faria Sobral Pinto nessa questão. Não se pode nunca esquecer
que todos são inocentes até que tenham a condenação passada em julgado.
Inquieta-me, nesse contexto, a
desenvoltura com que a mídia agita acusações da polícia, sem que se disponha de
acesso ao indispensável contraditório.
Essa atmosfera de denúncias e até de
ocorrências em que a deputada do PSOL Janira Rocha é acusada de ajudar a advogada Eloisa Samy, suspeita de violência em
protestos, me semelha ir muito além da serenidade e da compreensão que se deve ter
com pessoa que, tangida por instâncias judiciais, procura o abrigo do direito
de asilo.
Nada mais reprovável do que a
histeria e o clima de denuncismo que ora surgem, e que não caracterizam a
democracia. Nesse regime que é o pior de
todos (com exceção dos demais, como o qualificou magistralmente Winston Churchill),
não se deve prejulgar e nem perseguir sem culpa judicialmente comprovada.
A pressa na animadversão àqueles que
ousam defender os perseguidos é preocupante indício da formação de atmosfera
que não é conducente a juízo imparcial e equilibrado dos eventuais
suspeitos. Dar assistência a perseguidos sem culpa formada – como o fizeram os
deputados Chico Alencar, Jean Wyllys,
Ivan Valente, Janira Rocha (todos do PSOL) e Jandira Feghali (PCdoB) – é dar
prova de espírito democrático e de respeito pela justiça.
(Fonte: O
Globo)
Um comentário:
Esse argumento implica em negar a legitimidade da polícia e do judiciário para exercer seus mandatos, e impedir a sociedade de se proteger contra quem lhe nega legitimidade. Esse é o caminho que realmente leva ao caos. De um lado está a institucionalidade, usando os instrumentos legais que tem. Do outro estão os que não hesitam em usar a violência para fazer valer suas vontades. Que todos se digam inocentes é do jogo, mas alçar a voz dos acusados ao mesmo nível da polícia e do juiz, e defende-los em flagrante arrepio das provas é loucura. O fato de diversos ativistas terem sido presos em flagrante parece não causar espécie em ninguém, já que tudo é parte de um grande complô. O fato de que esse debate esteja ocorrendo com seriedade mostra que quem quer o caos está vencendo. Um estrangeiro desavisado poderia pensar que se está lutando contra uma feroz ditadura.
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