Ontem, foi o sinuoso ataque contra o deputado
Marcelo Freixo, saído de chamada mal-esclarecida, e difundido por alguém que se
dizia convencido de que o deputado fora mencionado por Sininho, a simpática
ativista, que mais tarde apareceria para desmentir a alegada ligação... Em
seguida, o suposto acusador foi acometido de dúvidas – não tinha mais certeza –
e achava mesmo que tal não correspondia à verdade, nem aos padrões do deputado
do PSOL. Todo esse ir e vir para mencionar-lhe o nome como possível implicado
com gente da pesada, como o tatuador Fábio Raposo e sabe-se lá mais quem...
Hoje a caça às bruxas continua. Em nome do
pobre cinegrafista da Band, Santiago Andrade, essa vítima inocente do
radicalismo, espremida entre as sub-manchetes ‘Polícia identifica e está à caça
do homem que detonou explosivo’ e a declaração da Presidenta ‘Liberdade de manifestação não pode ser usada
para matar’. O jornalão O Globo estampa no meio da página, bem em cima dos
petrechos por terra dos profissionais da notícia a frase
Assessor de deputado
do PSOL dá
assistênciaa manifestantes presos
Em páginas interiores há outras estranhas
frases, mas antes analisemos essa jóia do jornalismo pós-atentado. Então os
assessores de deputado do PSOL – que deve ser o mesmo Marcelo Freixo de quem se
desencavou uma alegada conexão com o black bloc e os dois elementos ligados ao
rojão assassino – conexão esta que logo se dissipou no ar, como se quem a
tivesse levantado seria movido pelo único intuito de associar Freixo àquele
atentado sem nome, para depois, num volta-face estranho, dizer que a citação e
a conexão não tinham substância, além da dúvida que se deixara pairar no ar...
E agora, ei-lo de volta, sob a máscara de um
assessor sem-nome, inserido no centro da página de rostro, como se se devesse
assinalar que “assessor de deputado do PSOL dá assistência a manifestantes
presos”...
A tecla
do deputado do PSOL e da assistência surgem aqui como verdadeiras
assombrações. Estamos no odioso domínio
do subentendido... Não se apostrofa o
fato – verdade ou factoide “ – de que a gente do PSOL dá assistência a
manifestantes presos...
Vejam bem, senhores passageiros, não se fala de
manifestantes envolvidos no covarde lançamento do rojão. Aqui, a circunstância de dar assistência a
manifestantes, ainda por cima presos, deve estabelecer, na cabeça desses febris
redatores que têm missões a cumprir, imagens terríveis e condenações
antecipadas...
A dança das insinuações continua... Em página interna, como se fora algo
reprovável, o jornalão estampa “Assessor
de Freixo ajuda presos em protestos”
Embaixo a frase não tão inocente: Advogado
afirma que atividade em ONG é independente. Deputado diz que não exige
dedicação exclusiva.
Embaixo, na mesma página sob o dístico “DISSE
ME DISSE”, aparece o título
Troca de Acusações Continua
A despeito do título, ver-se-á que o advogado Jonas Tadeu Neves, que defende
Fabio Raposo mudou o tom. Ontem, ao
deixar a delegacia, ele já disse ter-se retratado sobre o assunto em entrevista
(...) na radio Globo.
Freixo, por sua vez, sublinhou: “Por isso há de se ter cuidado em
relação a qualquer denúncia que parta desse advogado contra a minha pessoa. A
denúncia que ele ouviu, a ativista (Sininho) diz que não falou. Os dois têm que
resolver isso diante do delegado e da Justiça.”
Mas a
reação não para por aí. O Secretário José
Mariano Beltrame sugere leis rígidas contra a violência. No seu sentido, propõe a proibição do uso de
máscaras e a tipificação dos crimes de desordem e associação.
O
Secretário de Segurança é movido por boas intenções, mas talvez não saiba que o
tipo de legislação que sugere se aproxima muito da que existe na China
Comunista, com punições a quem pratica a desordem em lugar público. Também é
prevista, sob ângulo penal, a associação.
São
ideias perigosas... se interpretadas pelas pessoas erradas. No reino de Xi
jinping há muita gente trancafiada nas masmorras do Império do Meio debaixo
dessa acusação de turbar a ordem pública. Cuidado com os exageros, porque
corremos o risco de trazer de volta a paz dos cemitérios ... e das ditaduras.
( Fonte:
O Globo )
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