terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Diário da Mídia (VII)


                    
Dilma e a Responsabilidade Fiscal

 
         No blog desta manhã me ocupei da Responsabilidade fiscal do governo Dilma e de suas ações, com bons intentos, mas resultados negativos, como o incentivo a treze estados e o D.F. de elevar os investimentos em infraestrutura. Isso resultou em rombos fiscais, além de prejudicar o cumprimento das metas oficiais de superávit primário. Para um país com as contas já questionadas, é o caso típico da boa intenção que cria condições desastrosas para a economia.
         Com a sucessão de más notícias – culminando com as censuras da novel presidente do Federal Reserve, que coloca o Brasil na rabeira dos emergentes, com apenas a Turquia em condições piores - só a Velhinha de Taubaté fecharia com o governo, dizendo que não há motivo para preocupações.

        Dilma Rousseff – e atrelado à sua política, o Brasil – adentra o inferno astral, diante não mais da possibilidade mas da probabilidade que a  Standard & Poor decida por rebaixar a nota do Brasil. O nosso grau de investimento é BBB, junto com a Colômbia, enquanto México e Peru nos superam com BBB mais.  Se a voz do mercado prevalecer, o Brasil seria rebaixado para BBB menos, que é a última categoria considerada com grau de investimento.
       Do outro lado, está o grau especulativo, com muita probabilidade de calote. É onde está a Argentina, por óbvias razões. A redução da nota não é um rótulo acadêmico, eis que dissuadirá muito investidor estrangeiro a aplicar seu dinheiro aqui. Só a ameaça do rebaixamento tirou 15% da Bovespa, diminuiu dez por cento do valor do Real e elevou o juro pago pelo Brasil em  1,5 ponto.

       Outro indicativo que mostra a seriedade da avaliação negativa do Brasil é o valor do CDS (credit default swap) – que é uma espécie de seguro contra o calote. Quanto mais alto o seu valor, maior é a insegurança do investidor sobre as perspectivas do dinheiro aplicado no país. Assim o Brasil está com 186, o Uruguai com 185 e o México, com 92 apenas !

 
A  Revolução Ucraniana   

          Qualquer expectativa de que o povo ucraniano se acomodaria com as dilações do governo de Viktor Yanukovych foi varrida com o incêndio da sede do grêmio oficialista – o chamado Partido das Regiões, e que sustenta a política do presidente.
          Os manifestantes concordaram em retirar-se do Palácio da Cidade, mas a sua postura revolucionária não deveria dar muitas ilusões ao presidente, eis que cercaram o dito edifício, com o propósito de não permitir o ingresso da polícia.

          Agora, com a violência das forças revolucionárias, a mensagem não poderia ser mais clara. Yanukovych, a despeito de acenos para a oposição – como o convite para ser primeiro ministro ao vice-líder do partido de Yulia Timoshenko, a prisioneira de Kharkov – mascara a sua abertura, com meias medidas. O fato de o Presidente Yanukovych  haver preterido Vitali Klitschko, que é o líder com maior força popular – a quem ofereceu uma posição desimportante – indica que não pretende ceder aos manifestantes, escolhendo a Europa através da U.E. e abandonando a velha opção russa (e foi a súbita mudança de política que precipitou a crise e a rebelião popular).

 
Maduro e as manifestações

        A oposição venezuelana está dividida. Henrique Capriles, o candidato presidencial que teria sido derrotado pela fraude chavista, mantém posição mais moderada, já havendo inclusive manifestado que “as condições não estão dadas para pressionar a saída do governo”.
        Diante dos métodos de Nicolas Maduro, da violência e das torturas aplicadas em estudantes presos – além do assassínio de três pelos chamados ‘coletivos’ chavistas – da situação em que se encontra país e o que é ainda pior – a falta de qualquer indicação crível de parte do herdeiro de Chávez que tem um plano sério de governo, e o fato de que as próximas eleições presidenciais serão em 2019, tudo isso junto (ou misturado) só tende a aumentar o ardor dos manifestantes liderados por Leopoldo López.

         Maduro há de pensar que está dialogando com os manifestantes quando os chama de fascistas, e responde, ou com a mão dura da repressão, ou com a convocação de outra marcha, desta feita dos partidários chavistas.

        A liderança de Leopoldo López pela sua postura mais enérgica e de enfrentamento tem colhido o apoio da maioria das correntes democráticas, e por conseguinte, a sua posição se tem reforçado.
         Na manifestação de hoje, cumpriu a palavra e entregou-se aos guardas nacionais. O que isto vá significar na luta contra Maduro é uma grande interrogação. Por quanto tempo Maduro o manterá preso? A tentativa de lidar com López através de juízos encomendados poderia ter um resultado ainda mais negativo para o atribulado Maduro.

        Com a situação atual da Venezuela, no desgoverno, no desabastecimento, na inflação galopante, e com a revolta crescente de boa parte da população, falar em esperar até 2019 para o novo pleito presidencial  – a par que o presidente em funções possa encarar esse marco formal com válida garantia constitucional – já semelha relevar do humor negro.

       

(Fontes:  Folha de S. Paulo;  O Globo on-line; CNN )             

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