quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A Nota Ruim do Brasil

                               

        A  avaliação pela nova Presidente do Federal Reserve Bank, Janet Yellen, surpreende – e não pelo lado bom – diante da nota pouco favorável dada à economia brasileira.
        Até Miriam Leitão acha um tanto forte que o Brasil seja colocado como o segundo país emergente mais vulnerável, atrás apenas da Turquia. Nesse sentido, especula que a apreciação negativa do Fed foi influenciada pela resenha anterior do banco Morgan Stanley, a ponto de criar um consenso no mercado financeiro.

        Não é positivo – nem de bom augúrio – que se forme a idéia de que o Brasil está entre as cinco economias emergentes mais frágeis. Em um grupo de cinco – Índia, Indonésia, Africa do Sul, Brasil e Turquia – está em penúltimo.

        A citação por Janet Yellen e a inclusão em documento oficial do Federal Reserve Bank tem inegável valor simbólico – e não no sentido positivo – e, por isso, prejudica a imagem da economia brasileira. Afugenta investidores, cerceia investimentos e faz partirem daqui inversões.

        Há nada menos que oito citações ao Brasil no documento de política monetária que foi encaminhado pelo Fed ao Congresso americano.

        No índice de vulnerabilidade de quinze países emergentes, que leva em conta seis indicadores, o Brasil apresenta problemas em quatro: déficit em conta corrente, inflação média elevada nos últimos três anos, endividamento público alto, crescimento de empréstimos concedidos ao setor privado.

         Quanto à desvalorização do Real, na visão do mercado financeiro, a nossa moeda não deveria mais se desvalorizar em relação ao dólar, pela razão de que o real já foi a segunda que mais perdeu entre os quinze países. Em outras palavras, a desvalorização já estaria ‘precificada’. É um argumento de peso, mas nem sempre é dado determinar que a possibilidade de depreciação adicional esteja em tese excluída.

         No que respeita aos outros quatro indicadores, não há infelizmente nada a obtemperar. Quem lê os comentários econômicos e financeiros do blog, e a gestão da economia de Dilma Rousseff, tão diversa dos padrões anteriores, há de convir que infelizmente o Brasil está colhendo aquilo que foi semeado pela sucessora de Lula da Silva.

         Na própria inflação, o combate só se iniciou quando a presidenta se deu conta de que a opinião pública em todas as suas camadas estava plenamente consciente da responsabilidade da sucessora de Lula pela volta da carestia.

          É lamentável que depois da conquista do Plano Real e da estabilização da moeda, trabalho em que cooperou o presidente Lula e o Ministro Palocci, em anos posteriores a gestão com Guido Mantega e as primeiras mágicas fiscais a situação tenha piorado.

         A crescente participação do BNDES em manobras fiscais (notadamente as dúbias capitalizações), projetos que ameaçam a Lei da  Responsabilidade Fiscal – inclusive com o favorecimento indevido para com o pagamento da dívida da Prefeitura de São Paulo, agora entregue ao PT – que diferença tudo isso faz do quadro anterior, conquistado com trabalho aturado, seriedade e o dever de casa bem-feito! Então – e não foi há tanto tempo assim - o Real – por ser a moeda que mais se apreciara perante o dólar americano – colhia os cumprimentos e as finanças brasileiras o fluxo constante dos greenbacks[1], em inversões de curto, médio e longo prazo.  

        E agora José ?


(Fonte: O Globo e Coluna de Miriam Leitão)




[1] Designação coloquial do dólar estadunidense.

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