segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Dilma ou Lula ?

                                           

       A persistente onda dos boatos na imprensa e as eventuais reuniões de parlamentares inquietos decorrem dos difusos temores de que Dilma Rousseff ponha em risco o domínio petista no Planalto.
       Tudo começou quando as intenções de voto de Dilma despencaram ao ensejo das manifestações de junho de 2013, no movimento do passe livre. Sacudidas pela queda nas pesquisas da ‘mulher do Lula’, perigosamente na casa dos trinta, a vasta caterva (PT, PMDB e a infindável sopa de letras dos partidos da ‘base aliada’) dos que se acreditavam ameaçados da participação no festim do poder trataram de arranjar um outro cabeça de chave que lhes desse mais tranquilidade.

       Que o nome de Lula repontasse de imediato, não há de surpreender. Ao contrário da aterrorizante possibilidade da loteria do segundo turno, as prévias de Nosso Guia sempre deram uma invejável segurança aos companheiros. Decidir a eleição já no primeiro turno era o grande trunfo de Lula da Silva.
      Até hoje essa ‘conspiração’ ainda persiste. Convidado, Lula ouve tudo com muita atenção, mas sempre recomenda aos nervosos correligionários que fechem com Dilma.

      Alguma coisa, no entanto, faz continuar tais reuniões. Muitos desses companheiros não desistem. É estranho que sintam algo no ar que como dizia Aporelly, o Barão de Itararé, não são os aviões de carreira, e que os induz a promover esses jantares políticos.
      E, no entanto, tudo parece sob controle. Dentre os candidatos, somente têm condições de forçar um segundo turno, aqueles nomes como Marina Silva e José Serra que não lograram (nem possivelmente lograrão) serem candidatos de grandes partidos, nem parecem ter condição de se tornarem cabeças de chave.

      Posto que já se saiba o essencial das razões que decretaram o não-reconhecimento pelo TSE da Rede de Sustentabilidade, só a história dirá tudo o que interessa, mas, para variar, tarde demais. Tampouco parece provável que Eduardo Campos, do PSB – que, por ora patina em baixos percentuais - tenha alguma intenção de ceder o lugar a Marina.
      No PSDB Aécio Neves colhe o que semeou na eleição passada. Fez com Serra o que seu avô Tancredo jamais recomendaria. Por contingências da política, os dois continuam sob a mesma legenda. Mas em termos de progressões futuras, é difícil pensar em condições que sacudam a postulação de Aécio do marasmo em que se debate. E alguém acaso veria Serra ajudando a quem o teria cristianizado em Minas?

     Por último, essa estranha sugestão de Lula da Silva quanto a recomendar a Dilma a mudança da política econômica. No seu entender, a atual equipe econômica – consoante noticia a Folha – está com o prazo de “validade vencido” e precisa ser renovada.
      Interessante. Mas para o meu modesto entender, não faz muito sentido. Trocar ou não a equipe econômica não fará muito diferença, porque estilo e orientação estão associados à Dilma Rousseff. Para que haja mudança de política econômica, a equipe é dispensável, porque cumpre ordens.  A responsável sempre foi Dilma.

       Dessa maneira, se o governo do PT quer mesmo mudar de política econômica, o caminho das pedras será outro.

       Tenha-se presente, porém, que de acordo com a sua postura, e ‘dizendo confiar na reeleição de sua ex-ministra, Lula tem afastado qualquer possibilidade de disputar a Presidência’. Dir-se-ía que o presidente Lula encarnou Getúlio Vargas, e o da melhor vindima.
         Não é comovente?

 

(Fontes: Folha de S. Paulo, O Globo, VEJA)

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