As coisas vão mal
na Venezuela. O Presidente Nicolás Maduro só fala de um golpe em marcha contra
ele. No entanto, nenhuma tentativa de putsch,
pronunciamiento, ou o velho golpe sul-americano,
pareça esteja sendo urdido por ora. Nesse contexto, Maduro semelha ter um
de dois problemas: tende a chamar de golpe qualquer manifestação contrária mais
concorrida, ou pensa ser esta a melhor maneira de encurralar a oposição.
Assim como o
menino que gritava sem razão acerca do lobo, quando o bicho realmente apareceu,
ninguém deu crédito ao mentiroso contumaz. Por outro lado, a crise na Venezuela
se terá acentuado com a enfermidade de Hugo
Chávez. A inflação é a mais alta da América Latina (56,2%) e o viés é para
cima! Com o descontrole orçamentário, o desabastecimento generalizado, os
operadores econômicos contra a parede (a economia precisa de regras firmes e
equitativas, e não da ameaça de fuzis) e, de novo, a carestia, a insatisfação
social não para de aumentar.
Tampouco ajuda a
corrupção generalizada, o controle dos meios de informação, a subordinação da
justiça, e o arrocho da opinião pública, com o fechamento de jornais e rádios
(não há mais tevê que não seja oficialista). Diante desse quadro, não se dá à
opinião (e sobretudo aos jovens) outra saída do que a manifestação nas ruas e
praças.
Os dois
principais problemas de Maduro são (a) ele não é Hugo Chávez, nem tem a
habilidade e o carisma do caudilho; e
(b) tudo leva a crer que o sucessor de Chávez não tenha feito nenhum
curso noturno de governança, nem tenha noção de o que seja administrar um país.
Se
Chávez é responsável pela situação geral da economia venezuelana, assim como
pelo agravamento da crise energética, com os seguidos apagões (também devidos à
falta de reposição no equipamento elétrico, assim como na decadência da estatal
do petróleo venezuelano); por outro
lado, desviou a mais valia do petróleo na época das vacas gordas para o
financiamento de Cuba[1] e
da Alba (a OEA pró-Chavez, com estipêndios para o Equador de Rafael Correa, a Bolívia
de Evo Morales, a Nicarágua de Daniel Ortega e até a Argentina (lembram-se da
mala ?) dos Kirchner.
O desatino
presidencial multiplica ações colaterais que mais parecem tentativas de desviar
a atenção para supostas ameaças ao regime constitucional, quando o principal
perigo reside na incompetência de Maduro.
Agindo de forma
errática, chama os estudantes de agitadores, e ao invés de mensagens de
condolência pelos jovens assassinados por forças irregulares chavistas – a
milícias dos coletivos tupamaros - ele manda prender os estudantes como ameaça
à ordem estabelecida.
Na verdade, tudo
indica que a principal ameaça à ordem esteja no Palácio presidencial de
Miraflores. Perdendo a batalha contra a inflação – quiçá a mais alta do mundo! – e o
desabastecimento, a Venezuela, a que
nominalmente preside, é um país à deriva. Quem
sabe, talvez a designação do desconhecido Nicolás Maduro, na vigésima-quinta
hora tenha sido o erro terminal de Chávez. Enjeitou a hierarquia chavista
tradicional – e decerto haveria gente mais preparada para assumir o gravoso
encargo – e, como no velho México do PRI destapou
na despedida alguém que decerto não é muito chegado a governar.
Maduro gosto de fazer ameaças, convocar
manifestações de apoio, assim como arranjar bodes-expiatórios para as mazelas
do país, de preferência estadunidenses. Não foi por acaso que ao assumir o
governo, expulsou o encarregado de negócios americano e mais dois outros
diplomatas.
Antes em março de
2013, no mesmo dia em que anunciou a morte de Hugo Chávez, resolveu expulsar mais dois adidos militares
da superpotência. E agora, para não fugir à regra, de tentar responsabilizar o
grã Satã pelos males da Venezuela, ei-lo a anunciar a expulsão de três
funcionários consulares, sob o fundamento de visitarem universidades privadas e
oferecerem vistos a estudantes!
O Mercosul – que
jogada política a sua, dona Dilma, de aproveitar um afastamento paraguaio para
admitir afinal a Venezuela ! – através de seus líderes vêm adiando a reunião de
cúpula que deveria realizar-se em Caracas. Os motivos são atribuídos a
motivações protocolares, mas a verdade é outra – como aponta Eliane Cantanhede
na Folha – quem pensa na loucura de reunir-se no caos caraquenho atual?
O cumprimento
entre Maduro e o principal líder oposicionista Henrique Capriles foi fotografado, mas nenhuma palavra foi trocada.
Agora, a ameaça
de prender o político oposicionista Leopoldo
López – a quem se atribuiria responsabilidades pelos distúrbios e as
manifestações da juventude - marca mais um degrau na descida para o regime de
força. Nesse sentido, o Secretário de Estado John Kerry manifestou preocupação com a violência na Venezuela, em
situação que só se agravaria mais se confirmada a intenção do presidente Maduro
de prender López.
(Fontes: Veja, New
York Times, Folha de S. Paulo)
[1] Por falar em Cuba, o
Brasil de Dilma Rousseff também tem feito das suas. Com o estado de nossos
portos, e os empecilhos que colocam para a exportação de grãos e outros, não é
expor demasiado o BNDES o financiamento secreto de cerca de um bilhão de
dólares para o porto de Mariel ? Será que o contribuinte brasileiro concordaria
com o financiamento da ditadura cubana ?
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