quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Problema Anunciado

                              
 
          Não é de provocar surpresa que uma das profissionais médicas cubanas, mandadas vir pelo regime de Raul Castro, segundo o acordo firmado com Havana, que decerto não honra a democracia brasileira, tenha deixado o programa Mais Médicos e pedido refúgio no Brasil.
          A Dra. Ramona Matos Rodriguez, dada a estreita relação do governo petista com a ditadura cubana – não é fácil de esquecer a mancha deixada pelo Presidente  Lula da Silva, ao despachar de volta à ilha dos irmãos Castro os dois boxeadores que se haviam fiado da tradição democrática brasileira em matéria de asilo  - corre o risco de que o Conare, órgão do governo Dilma, não favoreça o pedido da médica. Sem embargo, deve notar-se que o Conare já concedeu refúgio para 71 cubanos que alegaram correr risco em seu país.

          Agora o Mais Médicos está sob os cuidados do flamante Ministro da Saúde, Arthur Chioro. Que o Brasil de Dilma Rousseff tenha entrado nesse acordo com Cuba, não deve surpreender, dado o histórico do relacionamento entre o PT e os Castro. O novel Ministro terá sido inteirado de o quê dizer, máxime no que tange à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) que dá aval ao programa. Se não fala com a desenvoltura do antecessor Alexandre Padilha, com o tempo pela frente estará mais à vontade. Padilha, como se sabe, foi declarado, em junho de 2013, persona non grata pela Associação Médica Brasileira e o Conselho Federal de Medicina, por defender a importação de médicos estrangeiros para áreas remotas, sem a realização do exame Revalida.  O Dr. Padilha, que se declarara infectologista, teve o título impugnado pela Universidade do Pará.  

          O que repugna no programa Mais Médicos não é tanto o sigilo – que também aparece na concessão do Porto de Mariel, coisa de primeiro mundo, que muito gostaríamos de ter em Pindorama – mas as condições de servidão que impõe aos profissionais cubanos, com a conivência de Brasília.

         A médica Ramona Rodriguez está, como os demais médicos, submetida às condições draconianas da ditadura castrista.  Do salário de mil dólares, quatrocentos são depositados na sua conta, mas o restante é retido em Cuba. A empresa cubana – a intermediária no contrato – deve depositar nos municípios da Amazônia legal já no primeiro mês 70% da ajuda de custo (R$ 21 mil). Consoante a médica, ela  recebeu no seu segundo mês (salário e ajuda de custo) apenas R$ 4 mil.  Perguntado se os US$ 400 são insuficientes, o Ministro Arthur Chioro preferiu dizer tão só que o acordo entre Brasil e OPAS está sendo cumprido.

          A Dra.Ramona estava sediada em Pacajá, no Pará. Ajudada por amigos, viajou para Marabá, onde embarcou em voo para Brasília. Os seus amigos também a informaram de que a Polícia Federal a tinha procurado em Pacajá, o que, compreensivelmente, inquietou a cubana. Por isso, ela decidiu na terça-feira contactar o DEM, para pedir proteção. 

           Já sob a asa do DEM,  a médica para garantir-se bateu não só no Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), mas também na Embaixada americana.  Já no sábado primeiro de fevereiro, ela pediu visto de entrada em programa americano destinado a médicos cubanos que trabalham em outros países e decidem desertar. A resposta tarda entre três e quatro meses.

           Por outro lado, no pedido de refúgio, protocolado na quarta-feira, cinco do corrente, no Ministério da Justiça, Ramona argumenta que, se retornar a Cuba, sofrerá retaliação do governo e que será presa.  Tal pedido foi protocolado por parlamentares do DEM, que abrigaram Ramona desde a noite de terça-feira, quatro de fevereiro.

            Em intervenção pública, o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, negou as três imputações seguintes: que (a) a Polícia Federal a tenha procurado, (b) a médica esteja sendo investigada e (c) exista interceptação legal do telefone.

 

(Fontes: O Globo, Rede Globo, e internet)

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