quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Revista da Semana (IV)

                               

O Senado aprova elevação teto da dívida


      O Senado, de maioria democrata, votou por 67 a 31 para suspender o debate sobre a aprovação do teto da dívida fiscal – que por iniciativa do Speaker John Boehner, e por primeira vez sem impor condições, já havia passado na Câmara de Representantes.

       No entanto, não foi tão simples quanto parece a passagem da legislação. O Senador Ted Cruz, republicano do Texas e adepto do Tea Party, pretendia fazer um filibuster para tentar impedir que pela primeira vez desde 2009 o Congresso aprovasse, sem as habituais exigências e a ameaça do fechamento da Administração (além de um possível calote nas contas de Tio Sam) a elevação do teto da dívida fiscal.

      Por se tratar de legislação importante, a suspensão do debate requer maioria de sessenta votos (o Senado tem cem representantes), e não os cinquenta e um da recente modificação no regimento da Câmara Alta.

      Dado o desgaste eleitoral provocado por tais crises artificiais – provocadas pela facção de ultra-direita do Tea Party -, com prejuízos políticos para o GOP, o Senador Ted Cruz amargou mais uma derrota, eis que, além dos votos democratas, doze senadores republicanos se associaram àqueles que sufragavam a suspensão do filibuster capitaneado pelo Senador de primeiro mandato, Ted Cruz.

      Depois de um começo fulminante, em que gozou de influência muito superior ao que em geral frui um senador novato, Ted Cruz tem experimentado vários tropeços, o que reflete o distanciamento do Partido Republicano da linha demagógica desse movimento, surgido em 2009.



Lula e  a Nota Ruim do Fed     


       O ex-presidente Lula da Silva – que está em New York – movimentou-se rápido para ajudar a sua pupila Dilma Rousseff, dado o inesperado ataque ao flanco débil da Administração, de parte da nova presidente do Federal Reserve Bank, Janet Yellen.

      Nesse sentido, Lula tentou convencer  um público de investidores americanos e empresários brasileiros, a continuarem a ter confiança na economia do Brasil.

     O ex-presidente referiu-se ao crescimento do país nos últimos onze anos – por coincidência a nomenclatura petista só se reporta ao período em que o Partido dos Trabalhadores exerce a presidência – de forma muito positiva e para um assistente não identificado ele foi “bastante convincente”.

      O problema com a defesa de Lula é que ele não se valeu para os convidados (o evento foi fechado, sendo destinado a membros do Americas Society e do Council of the Americas, além de outros convidados ) de números concretos que fundamentassem a sua tranquilidade quanto à capacidade da economia de enfrentar choques externos.

       Dados os totais de uma inflação que está sempre no teto da previsão,  o rombo nas suas contas externas (US$ 81,4 bilhões, i.e.,  3,66 % do PIB), e a recente redução suplementar pelo FMI na previsão de crescimento para 2014, vale dizer 2,3%, ou menos 0,2%, de o que anteriormente vaticinara, eis uma missão à altura da capacidade de persuasão do chefe máximo do estamento petista.

       A sua capacidade suasória, aperfeiçoada sobretudo a partir de sua eleição, após três derrotas seguidas (para Collor e duas para Fernando |Henrique) não pode ser subestimada. Mas bem que Lula gostaria de ter mais dados concretos que afirmassem a sua oratória e lhe tornassem a tarefa menos hercúlea.

       Os indicadores básicos de nossa economia carecem de uma melhora substancial. Havendo recebido o governo de seu mestre e chefe em boas condições, eis o cerne do problema. Para que a economia se recupere e deixe o grupo dos emergentes vulneráveis, Dilma Rousseff precisa mudar de linha na economia. As fragilidades em nossa situação são em grande parte consequência de sua orientação em termos de economia e finanças. Dessarte, se lograr convencer o eleitorado e for reeleita, o desafio será que de certa maneira deixe de ser a Dilma Rousseff que conhecemos.

       A questão, portanto, aparentemente simples, não o  é em verdade,  pois implicaria em uma transformação radical da orientação presidencial. Trocando em miúdos, conseguirá Dilma no seu segundo mandato fazer o que não fez no primeiro?

 

(Fontes: The New York Times; Folha de S. Paulo)  

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