Yanukovych abandona Kiev
É de esperar-se que esta prisão abusiva seja prontamente cancelada. Diante do atual vácuo de poder, a liberação da Timoshenko não deve tardar. Só é necessário que alguém assuma a interinidade e, diante das circunstâncias, decrete, por força da vacatio legis[1] já determinada pelo Parlamento, a liberdade imediata para Yulia Timoshenko.
Em um cenário de
fim de regime, o Ministro do Interior, Vitaly
Zakharchenko, teve a respectiva demissão decretada pelo Parlamento. Há
fundadas suspeitas de que Zakharchenko esteja por trás do súbito
recrudescimento da repressão letal ao movimento da Praça Maidan.
Por outro lado,
um deputado do partido Pátria, da Timoshenko foi eleito presidente do
Parlamento, tomando o lugar de Vladimir
Rybak, do Partido das Regiões e aliado do presidente Yanukovych.
No mesmo
sentido, dezenas de deputados desse partido, que dava sustentação à Viktor
Yanukovych, abandonaram a legenda.
Dentro desse
quadro, de súbito desmoronamento de regime, Viktor F. Yanukovych
deixou a capital Kiev, tomando destino por ora ignorado. Os gabinetes
presidenciais foram invadidos, mas os líderes oposicionistas garantem que não
houve saques.
Quanto a novas
eleições, o movimento de protesto da Praça Independência as quer de imediato,
mas por enquanto a data de dezembro continua válida.
Sob as rituais
ameaças do governo da República Popular da China, Barack Obama recebeu em audiência o Dalai Lama. A conversação
se realizou não no Salão Oval, formalmente destinado a chefes de estado e de
governo, mas em outra sala da Casa Branca.
As ameaças chinesas fazem parte do ritual
das audiências concedidas ao Prêmio Nobel da Paz e líder tibetano.
Governantes menos corajosos (ou mais temerosos da capacidade chinesa de fazer o
mal no que tange ao próprio país) costumam curvar-se de modo ignavo. O Primeiro
Ministro David Cameron, do Reino
Unido, após receber o Dalai Lama consentiu em prometer a Beijing que não mais
repetiria o encontro.
No mesmo
diapasão, o governo Jacob Zuma da
Africa do Sul não respondeu à solicitação de visto do líder tibetano, decerto
temeroso das consequências nas relações da antiga potência com a República
Popular da China.
As maneiras com que os diversos países
recebem ou não esse corajoso e pacífico líder do heroico povo tibetano
constituem, assim, um parâmetro confiável para que se meça a coragem e a
dignidade do governo em questão.
Exemplo de
igual fortaleza diante de outra reação do Império
do Meio foi a maneira firme com que a pequena Noruega não recuou da
concessão do Prêmio Nobel da Paz em 2010 a Liu Yaobo, a despeito das inúmeras
medidas de retaliação adotadas por Beijing,
que buscou pela intimidação e o constrangimento forçar Oslo a ignóbil
recuo. Para sua honra, a cerimônia foi
mantida – embora o agraciado, como anteriormente o pacifista Carl
von Ossietzky (Nobel de 1935) perseguido pelo ditador Adolf Hitler tampouco pôde comparecer.
Ambos estavam, para sua honra, presos nas masmorras das ditaduras respectivas.
Von Ossietsky morreria de tuberculose em campo de concentração (maio de 1938). Yaobo continua preso.
(Fontes: CNN, Folha de
S. Paulo)
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