sexta-feira, 29 de junho de 2018

O que acontece com o Rio ?


                                  

        Assistir ao tele-jornal relativo a esta cidade, não é ocupação das mais agradáveis.
       As tevês e os jornais falam do recrudescimento da violência. Quando empregada, em geral se reporta aos tiroteios causados por bandidos, às balas perdidas, aos choques entre polícia e bandidos.
       A área da cidade referida é a antiga Zona Norte. Mas a atividade da bandidagem continua grande, e um estranho que passasse por aqui,  ficaria surpreso se lhe dissessem que a cidade está sob intervenção.
       Agora, o exército semelha mais discreto. A que está muito ativa, segundo os tele-jornais, é a bandidagem.
       O carioca, por sua vez, vem mudando os próprios hábitos. Como o poder do tráfico semelha ter crescido bastante, vai longe o tempo em que a favela se tornara uma extensão de outros bairros.
       No oba-oba da chamada absorção da cidade pela favela - ou vice-versa -, máxime na época das UPPs, muitas favelas surgiam como extensões da cidade, e as tele-novelas refletiam esse desenvolvimento.
       A Rocinha era uma parada no turismo, mas isto foi mudando com o visível crescimento do tráfico, a presença dos tiroteios, assim como a morte de turistas, atingidos por balas de fuzil. Recordo-me da turista europeia que queria, porque queria visitar a romântica Rocinha. Passeou de carro, mas isto não a salvou de um tiro nas costas.
        Há um tele-jornal local da Globo em que essa 'nova' realidade da delinquência vai reaparecendo. É uma presença decerto incômoda, que inquieta os bairros vizinhos pela evidente repetição dos tiroteios e das mortes (causas: invasão, muitas vezes involuntária da área do tráfico e a consequente forte reação dos bandidos entrincheirados).
          Aquilo que a imprensa televisiva chama a violência seria a responsável pela redução na Zona Sul das saídas noturnas. O carioca sai menos e prefere as tardes do fim de semana para sentar-se nos bares e pôr a conversa para rolar.
           Já a Zona Norte é uma espécie de espaço para a bala perdida. Os tiroteios são tão comuns que as pessoas morrem sem saber quem as matou.
            Outra coisa que vem ocorrendo com inquietante insistência são as mortes dos P.M.s (policiais militares), com macabra estatística desses policiais mortos a cada ano. Elas acontecem, em geral, na Zona Norte e podem ser resultado de tiroteios com bandidos, mas também - o que é mais inquietante - eles são visados pelo tráfico e a bandidagem, havendo uma macabra estatística anual dos PMs mortos.

             A Cidade Maravilhosa assistiu faz pouco um escolar, menino ainda, ser alvejado por policiais, de um carro blindado. O garoto só queria ir à escola, e a sua mãe ainda o encontrou vivo na UPA (unidade de pronto atendimento médico). O Prefeito Crivella abriu os salões da prefeitura para o enterro do menino. Ele era da favela da Maré.

              Creio que o blog - e faz um pouco de tempo - já noticiou sobre o bebê que foi alvejado na Favela do Lixão. Ele estava no ventre de sua mãe quase  por nascer. Infelizmente, no entanto, ele morreu, malgrado todo o esforço médico-cirúrgico que foi devotado à mãe e ao bebê, nascituro que entrou o pobrezinho para a macabra estatística  das chamadas balas perdidas - que na verdade não são exatamente perdidas, porque saem das armas de PMs e bandidos. Essas balas, elas não existiam quando vim para cá, menino ainda.  Tampouco elas me parecem perdidas. São balas que saem de revólveres, pistolas, espingardas, fuzis, etc.  Não seria correto chamá-las um acompanhamento musical de uma antiga cidade alegre,  que uma cançoneta ingênua chamou de Cidade Maravilhosa.

                 Não sei o que aconteceu com essa Cidade. A gente carioca é teimosa, e ainda brinca no Carnaval. Pode ser que me engane, mas ouço falar muito de violência e tenho medo que essa Cidade estertore por algum canto ou beco esquecido.
                 Os prefeitos continuam otimistas, mas essa é a sua função.
                  O Rio pode estar em articulo mortis, e nós ainda não sabemos. A cada dia, ele vai perdendo alguma coisa. Como a turista argentina que teimou em curtir a noite na praia de Copacabana, só para ser morta a facadas por pivetes.

                   Lembro-me da foto do Walt Disney, sorridente, com os cotovelos nas areias de Copacabana, já talvez pensando no Zé Carioca.

                  Mas ora direis, muito tempo já passou, a praia foi aumentada por firma portuguesa com certeza, há duas pistas na Atlântica, mas por onde anda a Princezinha do Mar ?

( Fonte:  vivência )  

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