sábado, 5 de dezembro de 2015

Notas do Crepúsculo


                                        

          Recomendo à leitura a coluna de hoje, cinco de dezembro, de Miriam Leitão, sob o título "Os pontos de uma Crise".

           Talvez o seu maior acerto, está na inclusão dos dois governos petistas, o de Lula da Silva, e o de Dilma Rousseff. Não obstante, há excessiva cautela quanto à corrupção, que é apresentada quase como se fora um ponto isolado fora da curva, quando ela é nessa era um fenômeno geral, que tudo distorce.

           Tampouco empurrá-la para o décimo, derradeiro ponto do decálogo há de refletir o verdadeiro enfoque das administrações petistas. Não se pode colocar em último lugar algo que está na raiz de uma 'filosofia' de governo.

           Posto que as capitalizações, que tanto agradaram a Lula, sejam referidas implicitamente (transferências de recursos do Tesouro ao BNDES), elas representaram um problema fiscal, que também contribuíu para a inflação por onerar o Tesouro com 'contribuições' que não se fundavam em impostos, o que contribuía para incrementar a pressão inflacionária.

           Em detrimento dos portos nacionais, cuja condição é conhecida, foram feitos empréstimos ruinosos para uma ilha no Caribe, a fim de desenvolver um porto de primeiríssimo mundo. Não espanta que na inauguração lá estivessem, com olhos compridos e bocas salivantes, os homens-forte do esquema latino-americano chavista.

           Os erros de Dilma e também de Lula, este decerto menores, não podem contudo ser minimizados. Talvez os da pupila - que o chefe partidário fez eleger, preterindo outros com mais experiência e tino executivo - sejam a catalização dos desvios ocorridos nos oito anos de seu chefe partidário. Assim, sua formação e compleição é consequência natural dos oitos anos de lulismo. Um não existiria sem o outro.

           Miriam Leitão foi forçada a cortar outros ítens, cerceada pela sua procustiana lista. A nossa política externa foi desvirtuada, com o rebaixamento do velho Itamaraty, que se descobriu subordinado a diplomacia sindicalista, com tardos laivos marxistas, de Marco Aurélio Garcia, e a virtual subordinação de ministros fracos, que sequer são patéticas sombras do Patrono da carreira.

           O rebaixamento dos critérios de ingresso na diplomacia resultou em penosa desfiguração da instituição, que se vai assemelhando, com  poucas exceções, à planície da carreira, que não fará mossa às dos ministérios de nossos hermanos.

           O PT, para nosso desdouro, fez estória ao revés. De certa maneira, como as Parcas (Cloto, Láquesis e Atropos) cortou os laços da Casa de Rio Branco com os princípios de Estado da carreira, aderindo à senda marginal da diplomacia de partido. O que os militares, por serem carreira de Estado, jamais ousaram, a turma do PT, movida pelos corcéis da paixão e do pouco conhecimento, não pestanejou, para tanto se valendo de aliados de ocasião com as naturais e lamentáveis consequências.

 
( Fontes: O Globo, coluna de Miriam Leitão;
Dicionário Mítico-Etimológico de Junito Brandão )

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