domingo, 20 de dezembro de 2015

Colcha de Retalhos C 49

                                    

Hillary domina debate democrata.

 

           No debate do Partido Democrata, Hillary Clinton, consciente mas sem vangloriar-se de sua condição de front runner, soube manter o encontro sob controle.

           Na verdade, ela estava atenta em não deixar passar informações ou impressões sobre a candidata na frente das pesquisas, mas tomou sempre cuidado de não cair em armadilhas e/ou provocações.

           Sem exibi-lo de forma manifesta, o comportamento da candidata teria sempre debaixo da manga a sua condição de favorita na disputa com o Senador Bernie Sanders, do Vermont, e o ex-governador de Maryland, Martin O'Malley.

           Mesmo alguém sem qualquer outra informação, se daria conta  de que, em sendo o mais agressivo, Malley é também aquele que luta até hoje, em vão,para  sair do último lugar na pesquisa dos candidatos democratas.

           O próprio Senador Sanders não pareceu tão pugnaz quanto em vezes anteriores. Tampouco mostrou vontade de reacender a questão de ter o próprio comitê eleitoral através de um de seus ajudantes acessado e copiado informações sobre os partidários de Hillary nos dados do Partido Democrata. Confrontado por moderador da Rede ABC se não era o caso de um pedido de desculpas, Sanders concordou e disse: Peço desculpas.

           Além de não deixar passar nada que merecesse ser contestado, Hillary Clinton adotou postura de candidata que se avantaja no terreno, sem contudo cair nas armadilhas da hübris. Por isso, ela utilizou boa parte do tempo para atacar os seus rivais republicanos e notadamente o front-runner do GOP, Donald J. Trump. Qualificou Mr Trump como uma ameaça para a segurança nacional, dizendo que ele se estava tornando "o melhor recrutador para o Exército Islâmico".

             Se Hillary não perdeu oportunidade de rebater qualquer argumento de seus dois rivais democratas, ela mostraria de forma não tão sutil que, dada a situação, ela até ignorava os dois adversários no debate - Sanders e O'Malley - e frisou que "trazendo de volta o fator Donald Trump, ninguém sensato alienaria os próprios países que poderiam integrar a coalizão anti-ISIS" (reportando-se aos inúmeros países islâmicos  que são potenciais aliados militares contra o ISIS).

            Por outro lado, Hillary Clinton se comprometeu - tendo em mente sobretudo nos votantes que repelem os aumentos de impostos - em não aumentar impostos sobre unidades familiares que ganhem menos de US$ 250.000,00 por ano.

            Os seus dois oponentes democratas - o Senador Sanders e o ex-governador O'Malley, nas suas intervenções finais, compararam o trio democrata de forma favorável ao campo do GOP: "Penso que temos muito mais a oferecer ao Povo americano que os extremistas de direita", disse o Senador Sanders.

            Mas como assinalou o repórter do Times, saindo ilesa de mais um debate, a Senhora Clinton terá achado mais oportuno referir-se à volta de Star Wars (Guerra nas estrelas)

             E, sorridente, Hillary despediu-se: 'Muito obrigada, boa noite e que a força esteja com vocês"...

 

A Fase de Interrogatórios da Polícia Federal

             

             Noticia O Globo deste sábado que o ex-Presidente Lula da Silva disse em depoimento à Polícia Federal que coube ao então Ministro José Dirceu (hoje atrás das grades), e que era da Casa Civil,  indicar diretores da Petrobrás suspeitos de comandar o esquema de corrupção na referida Estatal.

             Segundo as declarações  de Lula da Silva, os diretores foram indicações políticas dos partidos e que ele apenas recebia as indicações a partir de acordos políticos. "O processo de escolha dos nomes dos diretores não contava com a participação do declarante", segundo citação do termo do depoimento, que foi anexado ao inquérito.

              O petista imputou à Casa Civil e à coordenação política de seu governo a responsabilidade por fazer, respectivamente, o encaminhamento das indicações  e os acordos políticos necessários à ocupação dos cargos. Lula disse que não conhecia Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobrás, atualmente preso em Curitiba por suspeita de operar esquema de desvios de recursos da Estatal.

               Segundo o depoimento de Luiz Inacio Lula da Silva "o nome de Renato Duque foi levado à Casa Civil da Presidência da República, à época chefiada por José Dirceu". Foi o que Lula disse ao Delegado Josélio Azevedo de Sousa. Ainda a respeito de Renato Duque, Lula da Silva asseverou não saber se foi o PT o responsável pela indicação de Duque.

             Sobre Nestor Cerveró, que ocupou a Diretoria Internacional e que também é suspeito de operar o esquema, Lula da Silva disse "achar"   que o nome foi uma indicação do PMDB. Dentro da mesma linha, acrescentou: "O declarante recebia os nomes dos diretores a partir dos acordos políticos firmados. Esse processo de acordos políticos era feito normalmente pelo ministro da área, pelo coordenador político do governo e pelo partido interessado na nomeação." Nesse contexto, o ex-presidente afirmou ter tido diferentes coordenadores políticos em oito anos de governo. Citou, a propósito, os petistas Tarso Genro, Alexandre Padilha e Jaques Wagner, que é o atual ministro da Casa Civil. Também citou Aldo Rebelo, do PCdo B, hoje Ministro da Defesa.

               A indicação de Paulo Roberto Costa para a Diretoria de Abastecimento partiu do PP, segundo Lula, e também "foi levada à Casa Civil para deliberação e posterior nomeação do declarante"."Ao final deste processo o declarante (José Dirceu) concordava ou não com  nome apresentado, a partir dos critérios técnicos que credenciavam o indicado."

                 Lula afirmou, outrossim, dentro dessa postura burocrática, mas aqui talvez com um toque de humor negro: o depoente "disse acreditar que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso em Curitiba, será absolvido".  Quanto a sua proximidade ao pecuarista e lobista José Carlos Bumlai, investigado e preso na Lava-Jato, Lula da Silva disse ter "relação de amizade" com Bumlai, mas negou ter tratado de qualquer negócio ou indicação política com ele.

                 Como se verifica pelas declarações de Luis Inácio Lula da Silva, há uma grande semelhança entre a questão ora a cargo do Juiz Sérgio Moro, de Curitiba, que se ocupa - e até agora com muito êxito - e o método utilizado no Mensalão do PT (Ação Penal 470), consoante julgada e com os indigitados, a começar pelo mesmo José Dirceu, também condenados pelo Supremo Tribunal Federal, então presidido pelo Ministro Joaquim Barbosa.  Nessa ação o ex-presidente Lula da Silva mostraria o mesmo comportamento, eis que, segundo declarou, tudo foi feito sem que ele tomasse conhecimento, eis que toda a questão esteve a cargo do então Chefe da Casa Civil de Lula da Silva, então o Ministro José Dirceu, que pediu demissão do cargo, voltou para a Câmara dos Deputados, aonde lhe esperava a cassação, e seria mais diante indiciado, julgado e condenado no quadro da Ação Penal 470, pelo mesmo Presidente Joaquim Barbosa, e os demais membros do Supremo.

 

( Fontes:  O Globo, Veja, New York Times )

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