quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Petrobrás: Confusões de Dilma

                                   

          A incerteza na Petrobrás, incerteza essa que decorre do desconhecimento de Dilma dos limites de sua ingerência na maior empresa brasileira, constitui a chamada pedra no meio do caminho para a evolução da crise.

          Para Vinicius Torres Freire, Colunista econômico da Folha, assim se resume a questão: “Dilma Rousseff teve dez meses para pensar numa solução para a Petrobrás. Agora, terá 48 horas. Para piorar, ainda não se sabe se a presidente compreende o problema que tem de resolver”.

         Para Miriam Leitão, colunista de O Globo: “A maior empresa do Brasil estava ontem completamente acéfala. Se precisasse de alguém para tomar uma decisão relevante, não haveria. É claro que deveria ter sido convocada uma reunião extraordinária do conselho para a nomeação de uma nova diretoria, até porque a reunião de amanhã nem tem isso em pauta.”

          E, a propósito, conclui Miriam Leitão: “O que a presidente Dilma demonstrou neste evento, que acabou levando à saída de  Graça Foster e de cinco diretores da empresa, foi que os novos dirigentes não terão independência. A qualquer desgosto ou contrariedade, Dilma pode chama-los a Brasília e desautorizá-los.”

          Dilma parece ignorar que o seu poder, mesmo em tempos normais, tem limites.  Computemos agora o fator petrolão, e veremos que, com a decorrente crise, a sua suposta força fica bastante condicionada – e, em verdade, limitada – pelas incertezas na situação.

          Poderá delegar para Joaquim Levy a tarefa ingrata de indicar um candidato para a presidência da Petrobrás. Não creio que isto seja atribuição de Ministro da Fazenda. No faz-de-conta,  transfere  encargo que é dela, enquanto presidente da república.

          Pela situação da Petróleo Brasileiro S.A., com os riscos de ações pela SEC[1], assim como com as incertezas na elaboração de balanço que seja aceitável – eis uma grande interrogação que há de atazanar muito candidato a diretor.

          O segundo mandato de Dilma já começa trôpego. Pensou que a amiga Graça cuidaria da ordem unida dos cinco diretores restantes, quando foi defrontada com a recusa deles em curvar-se aos seus ukases. O poder tem limites e em  mar de procela, cada um cuida de si. Por isso, Maria das Graças Foster ficou de mãos abanando e, com ou sem a devida vênia, também se mandou.

          As listas de candidatos correm na imprensa, e refletem muita vez o viés da fonte. De qualquer forma, a má hora da empresa assusta os candidatos de nomeada. A Petrobrás carece de um grande nome, mas o momento não poderia ser pior. Há dois aspectos que contribuem para restringir o leque, e afastar os pesos pesados.

          A situação da empresa, enfraquecida pelo petrolão, afugenta executivos de renome, como lembra Merval Pereira. Por outro lado, o estilo invasivo e prepotente da Presidenta, com a sua veia estalinista, tampouco ajuda muito, em época de vacas magras e céus enfarruscados.

 

 

(Fontes: Folha de S. Paulo e Vinicius Torres Freire; O Globo e Miriam Leitão).



[1] O equivalente, bastante reforçado, da CVM nos USA.

Nenhum comentário: