segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A Cara de Pau de Lula


                                        

          Na coluna de Ricardo Noblat, que é ponto de encontro marcado para o leitor nas segundas-feiras, revisitamos a cara de pau de Lula da Silva, que ainda crê factível, nessa altura do campeonato, depois de Mensalão e agora Petrolão, manipular a notícia e pensa possível impingir-nos a mentira, como se verdade fora.

          É época de carnaval, mas não pense, por favor, que está de volta o bom-mocismo e a ingenuidade dos bailes de outrora. Os tempos mudaram, não sei se no geral será para melhor ou pior.

          Forçoso, no entanto, será reconhecer que a realidade de Lula, assim como a de Dilma, será tão veraz quanto a cor dos respectivos cabelos. Não é que o torneiro-mecânico, o indômito líder que em tempos idos chamou Sarney de ladrão – muito mais tarde encheria a boca para afirmar que Sua Excelência não era um cidadão comum – e hoje renunciou aos cabelos grisalhos, e os pintou da mesma cor acaju dos de Dilma...

         As fotos da dupla aos cochichos – e eles protegem os grandes segredos que guardam, tapando cuidadosamente os lábios para evitar a indiscrição dos leitores labiais – é característica das reuniões do Partido dos Trabalhadores. Hoje, como temem o povão, eles as realizam a portas fechadas. Quem tanto mudou dos tempos do pequeno partido ético e aguerrido, quase estalinista nas suas práticas – não é que puseram pra fora uns poucos eleitos que tiveram a ousadia de votar em Tancredo – é inteligível que tenham de limitar o ingresso a um punhado de gatos gordos, como o foi em Fortaleza, e há pouco a festejar os trinta e cinco anos, o fizeram para homenagear o caixa do PT, João Vaccari Neto, que resistiu o quanto pôde ao ser levado pela Polícia Federal para uma delegacia, a fim de depor.

           Lula se gaba não só de esperteza política, senão da própria rejeição do conhecimento e da informação. Já declarou alto e bom som que tem azia pelo que consta da imprensa. Não são só os avestruzes que enfiam a cabeça na areia em horas de perigo. Lula, também, há de ler sempre menos, e de cochichar sempre mais com a discípula Dilma (que há pouco lhe deu boa rasteira, barrando-lhe o caminho para postular nova eleição). Como há muito a dupla mergulhou no mundo dos segredos – primeiro, o mensalão – em que, malgrado Joaquim Barbosa, ainda pôde sair no lucro – e agora, o petrolão, que é uma revisita piorada e cujo fim – ainda desconhecido – a Deus pertence...

            Não creio que Lula da Silva haja lido ‘1984’ de George Orwell. Aí, no entanto, a sua intuição há de funcionar, e seria como se o tivesse perlustrado e até decorado... Como disse Noblat no exórdio da coluna, quem ousaria tanto afirmar que “a recente campanha eleitoral foi a mais suja. Aquela em que nossos adversários utilizaram as piores armas para tentar nos derrotar. Tentaram fraudar a vontade política da maioria, usando todos os seus recursos de comunicação para manipular, distorcer e falsear?”

             A desfaçatez tem um limite. Talvez seja por isso que as ‘reuniões dos companheiros’ precisam ser a portas fechadas. Depois de tudo o que fizeram – com a ajuda prestimosa dos órgãos públicos aparelhados no figurino chavista – não espanta que tenham medo de aglomerações não-controladas,  em que o Povo Soberano apareça...

 
( Fonte: Coluna de R. Noblat, em O Globo )

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