sábado, 28 de fevereiro de 2015

O primeiro da Lista ?

                                              

      Na tarde de sexta-feira, em uma ponte próxima da Praça Vermelha, sob as torres da catedral de São Basílio, e nas cercanias do Kremlin, com toda a aparência de assassinato sob encomenda, Boris Y. Nemtsov, foi abatido com quatro tiros pelas costas.

      Esta será, sem dúvida, a vítima de maior gabarito político durante o governo de Vladimir Vladimirovich Putin. Na atual administração já foram mortos outros oponentes de Putin, como a jornalista Anna Politkovskaya, com denúncias na guerra da Tchetchênia, a pesquisadora de direitos humanos Natalia Estemirova, e o fugitivo do serviço de segurança Aleksandr V. Litvinenko, assassinado na Inglaterra com polônio,  substância só acessível para quem disponha de reator nuclear.

      Nemtsov, de centro-direita, era um opositor de Putin de primeira plana. Um dos principais colaboradores do presidente Boris N. Yeltsin, com responsabilidade em petróleo e energia, a seu tempo, era havido como um possível sucessor do primeiro presidente da era pós-soviética. Terá sido prejudicado pela má imagem da administração Yeltsin, embora nunca tenha sido envolvido pelos escândalos da época.

      Dada a sua atuação na Duma (Câmara dos deputados) era um político respeitado. Nos últimos tempos, contudo,  sua estrela tinha ficado um tanto obscurecida pelo blogueiro Aleksei A. Navalny, que com tônica anticorrupção desempenhara papel de liderança nos protestos de 2011.

      No entanto, Nemtsov continuava na primeira linha dos oponentes do presidente Putin. Estava organizando comício de protesto pela guerra contra a Ucrânia. Em recente entrevista, Nemtsov dissera que a sua mãe temia que o presidente mandasse matá-lo por causa de suas críticas francas e diretas contra a guerra promovida por Putin contra a Ucrânia. E acrescentou: “Ela está mesmo com medo que ele me mande matar por causa de minhas declarações, tanto na vida real, quanto nas redes sociais. Isso não é piada, pois minha mãe é muito esperta.” Nesse contexto, perguntado pela revista Sobesednik se estava preocupado com isso, Nemtsov observou que ele estava “um pouco preocupado, mas não tão seriamente quanto a sua mãe.”

        A propósito da morte do proeminente político, Vladimir V. Putin condenou o assassínio, segundo comunicou o Kremlin, e o porta-voz  Dmitri S. Peskov disse que o presidente dirigiria pessoalmente a investigação.

        Nesse contexto, semelha oportuno mencionar observações do livro da professora Karen Dawisha, no que tange às relações do atual governo russo com a oposição. “Com o declínio tanto na economia, quanto na posição pessoal de Putin junto à classe média, a manutenção do controle dependerá mais e mais da coerção. As ações do presidente desde o começo de seu terceiro mandato parecem corroborar tal impressão. Assim, a promoção em maio de 2014 de Viktor Zolotov de seu posto de chefe do esquadrão de segurança pessoal do Presidente, para comandante em chefe dos 190 mil homens do Ministério do Interior não é  bom presságio. Ele foi a pessoa que de acordo com o relato de Sergey Tretyakov[1], trabalhara com o General Yevgeniy Murov, diretor do Serviço de Proteção Federal, “para preparar uma lista de políticos e de outros moscovitas influentes, a quem eles deveriam assassinar para dar a Putin um poder incontrastado.” Depois que os dois homens terminaram a lista, Zolotov anunciou: “há gente demais. É gente em demasia para matar – mesmo para nós.”

           Boris Nemtsov era um político honesto, competente e respeitado na oposição, inclusive pelos oligarcas, como Mikhail B. Khodorkovskiy. Atualmente no exílio, depois de amargar duas longas prisões determinadas pela justiça de Putin, Khodorkovskiy assinara a petição para o licenciamento da manifestação pró-Ucrânia. Foi a primeira ação política do antigo oligarca, antigo proprietário da Yukos, em questão interna russa, em que se associou à iniciativa patrocinada por Nemtsov. Mais um indício do trânsito de que fruía esse político. Retirado brutalmente do campo de batalha, a sua presença, notadamente com  um currículo sem mácula, fará falta. Na luta contra a tirania, a sociedade, no entanto, encontrará nos escaninhos da história, um substituto à altura.
 
 

( Fontes: artigo de Andrew E. Kramer, do New York Times; ‘Putin’s Kleptocracy’, livro de Karen Dawisha,Simon & Schuster, New York, 2014 ).




[1] Sergey Tretyakov era o chefe da seção russa de inteligência em Nova York, de 1995 a 2000. Em fins de 2000 fez defecção para os Estados Unidos. Segundo Aleksandr Lunkin, vice de Murov, confidenciara a Tretyakov, recomendando cautela quanto a Murov e Zolotov : “ São bandidos (thugs) comuns”.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Notícias direto do Front

                                     

Ameaça a Janot

 
       As forças de inteligência do governo detectaram ameaça contra o Procurador-Geral Rodrigo Janot. O motivo da ameaça estaria conectado com as investigações da Operação Lava-Jato.

       Segundo foi noticiado, o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso encontrou-se com Janot na quarta-feira à noite, e o informou da necessidade de que mantenha esquema de segurança pessoal. A  proteção está sendo dada a Janot em todas as suas atividades.
 

 Decano do STF censura a Presidente      

 
        Em sessão plenária do Supremo Tribunal Federal, o decano dos Ministros, Celso de Mello, verberou a omissão da Presidente Dilma Rousseff, que há sete meses não indica quem substituirá o Ministro Joaquim Barbosa. No momento, há dez ministros em exercício, ao contrário dos onze titulares previstos. Por isso, voltou a ocorrer um empate em julgamento, o que deixa a decisão da Corte em suspenso.

        A tal respeito, assim se pronunciou o decano: “Essa omissão, que já se está tornando irrazoável e até mesmo abusiva por parte da senhora presidente da República na indicação de um juiz para o Supremo Tribunal Federal, já está interferindo no resultado dos julgamentos. De novo, adia-se um julgamento. Nós estamos realmente experimentando essas dificuldades que vão se avolumando. É lamentável que isso esteja ocorrendo.”

        Celso de Mello foi apoiado durante a sessão pelo membro segundo em antiguidade, Marco Aurélio Mello: “Como é nefasto atrasar-se  a indicação daquele que deve ocupar a  llª cadeira do Supremo.”

 
Agressão contra patrimônio da Humanidade

 

       A estupidez humana não conhece limites. No passado, o talibã mostrou a sua violência contra a arte de civilizações pretéritas, com a boçal destruição de grandes efígies em pedra do Buda.

       A selvageria do E.I. que até o presente impera com desenvoltura no norte do Iraque e na Síria, está destruindo bibliotecas com acervos de publicações antigas, assim como esculturas de deuses assírios.

       O saque das bibliotecas de Mossul (havia duas, a Central e a da Universidade) realizou-se na Central em janeiro, com a apreensão de dois mil livros. Só não foram tocados os textos islâmicos. Quanto à biblioteca da Universidade, os energúmenos, depois de invadi-la, queimaram milhares de obras científicas e culturais da Antiguidade.

          Por sua vez, no Museu de Mossul, foi registrado vídeo para documentar a destruição. Estátuas de divindades assírias são despedaçadas a marretadas, ou com broca elétrica, como a gigantesca estátua de Lamassu, divindade assíria encarnada em touro alado.

          Há indicações, no entanto, que exista um secreto comércio de objetos de arte desses museus que, por infortúnio e a fraqueza dos peshmerga (milícia curda), e do próprio Iraque (cujo exército costuma fugir diante dos terríveis militantes islâmicos) caíu sob o domínio deste estranho estado medieval, armado até os dentes com petrechos e armas do abominável Ocidente.

         Se a fraqueza e a corrupção das potestades  da área lhes permitira o avanço e a implantação, o que tornou visível pelo mundo afora graças aos vídeos de tais militantes que, ao invés dos sabres, cimitarras, lanças e flechas do tempo do profeta, não vêem problema em servir-se do armamento ocidental, que utilizam com muita desenvoltura. Eles só semelham ter horror às inofensivas ruínas, que até hoje haviam sido preservadas, o que em tal meio já constituíra um milagre.

 
Termina com destituição o episódio do Juiz Flávio de Souza        

 
           Tinha razão desde muito a banca advocatícia que defende Eike Batista, em requerer do Tribunal Federal de Recursos o afastamento do Juiz federal Flávio Roberto de Souza, pelas suas declarações e pela maneira como conduzia as ações prévias ao julgamento do empresário.

           Pelas suas tropelias, o caso foi parar no Conselho Nacional de Justiça. A Corregedora Nacional Nancy Andrighi determinou-lhe o imediato afastamento de todos os processos que envolvem Eike Batista. O cúmulo foi a filmagem do magistrado dirigindo o Porsche Cayenne do empresário, que fora apreendido durante operação da Polícia Federal.

            Nesse sentido, declarou a Corregedora: “Em várias entrevistas, fica evidenciado que o juiz federal mantém a postura de ignorar o Código de Ética da magistratura.” E, mais adiante, acrescentou a magistrada:  “não há, nem pode haver lacuna, brecha ou folga interpretativa que permita a um juiz manter em sua posse, ou sequestrar para seu usufruto, patrimônio de particular sobre o qual foi decretada medida assecuratória.”

 

 

( Fontes:  O Globo, site de O Globo )

Ganho Secundário

                                               

      Essa expressão é usada em psicanálise, e se reporta a situações desfavoráveis vivenciadas por um paciente que, no entanto, são por ele aceitas, por lhe trazerem vantagens, as quais apesar de menores, fornecem certa compensação ao paciente. Nesses termos, embora a 'solução' não seja a melhor, ela se apresenta para o paciente como algo que lhe dê menos insatisfação. É o chamado ‘mal menor’.

      Embora haja diferenças, há certa similitude entre a atual atitude da mídia no que tange à sua postura crítica anterior quanto ao comportamento do Dilma I, em termos econômicos e financeiros, se lhe aplicarmos o conceito acima enunciado, em uma eventual adaptação à macro-economia.

      Assim, as medidas tomadas pelo Ministro Joaquim Levy, da Fazenda, procuram enxugar a economia, combater a inflação, o excesso de gastos da administração, buscando evitar os déficits, com vistas a obter saldos e o consequente superávit no orçamento público. Um campo – que é muito suscetível às apresentações demagógicas – está no desperdício das pensões. A excessiva liberalidade do Brasil na concessão de pensões vitalícias a beneficiários jovens é um contrassenso, porque induz a maior peso para a previdência, e a criação de déficits nessa área.

      Desta forma, apresentada de maneira despojada, a política sugerida de maior atenção no campo das pensões – sobretudo para beneficiários jovens, que podem perfeitamente cuidar do próprio sustento através do trabalho – os cortes nas pensões não são política cruel, mas sim aquela adequada para uma faixa etária que pode  entrar no mercado de trabalho.

       Nessas condições, o Dilma I criou uma situação insustentável na economia. Uma política macro-econômica não pode ser  de ‘bondades’ que impliquem em orçamentos deficitários, em contas que não fecham. É notório que uma política de déficits cria uma situação inflacionária. Dilma I além de seguir uma linha de incentivo ao consumo, a implementou com cortes nos impostos para incentivar a produção e venda de automóveis de passeio para as classes C e D.  Esses créditos tributários implicavam em menor renda agregada do Estado, e contribuíam por conseguinte para que o Erário caísse no vermelho.

       Essa política de incentivo ao consumo também foi aplicada para as beneficiárias do Minha Casa, Minha Vida (em geral, pela sua posição familiar, se tem mais confiança na mulher como garante das aquisições em bens duráveis).  A grande despesa do programa foi aumentada com créditos para a aquisição de eletrodomésticos. Tudo isso tem sido agora cortado pela tesoura da Fazenda, que busca equilibrar os gastos fiscais com a realidade orçamentária.

      Outra visita inevitável são as chamadas cobranças administradas. Os preços consequentes não são reais, na medida em que implicam em despesas do Erário com o objetivo de criar um reino de fantasia, i.e., as tarifas dos principais serviços públicos muita vez artificialmente contidas pelos  subsídios oficiais.  Ora, se se quer controlar a inflação – e não montar reinos do faz-de-conta – os índices de preços devem corresponder à realidade, pois o subsídio apenas mascara a inflação e põe um relógio a funcionar para o inexorável estouro dos chamados ‘preços administrados’, que são uma espécie de Vila Potiemkin (como as encenadas pelo personagem para a Tzarina Catarina dita a Grande, em sua viagem através da campanha russa).

       O Dilma I criou as condições que aí estão para o acréscimo dos preços inflacionárias e para os déficits nas contas governamentais, com repercussões graves na economia. O Plano Real foi para o brejo das almas por especial cortesia de Dilma Rousseff, e agora o Ministro Levy cuida de preparar um Ajuste Fiscal para recolocar a economia nos trilhos.

       Ora, como não há almoço grátis, todas essas medidas afetam interesses da população. Há setores da atividade produtiva, que esqueceram há muito de que o ‘produtivo’ na sua atuação implica em gestão responsável de recursos, e não na política de Gerson, que quer levar vantagem em tudo...

       A sociedade brasileira enfrenta uma crise nesse aspecto. Há segmentos, como por exemplo, o Congresso que parece seguir uma linha que o distancia da sociedade de gente séria e trabalhadora. A coleção de ‘bondades’ do Presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ) repisa os piores excessos de parlamentos corruptos, como v.g. o italiano.  Cunha reintroduziu a passagem aérea para os cônjuges de deputados, o que tenha sido suprimido em função do escândalo das passagens em outra legislatura, em que o próprio Gabeira se penitenciou de passagens dadas às filhas em viagens para o Havaí... O sistema de trabalho do Congresso brasileiro, com atividade integral nas 4ªs feiras, e rápida presença nas 3ªs e 5ªs configura situações – que abarcam os serviços complementares – nada têm a ver com o esquema de trabalho do Povo soberano. Não é de estranhar, portanto, que para o cidadão, Reguffe seja uma exceção (este representante de Brasília tem horário corrido, renunciou a boa parte da chamada verba de gabinete, e trabalha em tempo integral no Congresso) e os demais deputados e senadores a regra, o que explica o baixo conceito de nossos parlamentares perante o Povão, que não se sente por eles representado.

         Assim, o esforço de Joaquim Levy em fazer que o Dilma II seja o regresso a uma situação normal na economia, com a volta aos índices anteriores, não deveria ser tratado pela mídia sob uma luz negativa. Depois de apresentar o descalabro anterior também negativamente, a mídia não deve encarar as medidas corretivas do Ministro da Fazenda como uma espécie de ganho secundário .  Na verdade, a política fiscal atual visa a criar a passagem para um Brasil que por enquanto não existe, a saber: sem inflação, com contas públicas transparentes, sem as chamadas capitalizações (amadas por Lula, que as via como criação mágica de recursos fiscais, o que decerto não corresponde à realidade) e boa situação fiscal. É o próprio ambiente ideal para o retorno à realidade de uma Petrobrás recuperada, sem propinas e sem aparelhamento partidário. Será pedir muito ?

 

 
( Fontes subsidiárias:  O Globo, Folha de S. Paulo ) 

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Péssimo Começo da CPI

                                         

         Parece haver durado pouco a postura independente da Câmara de Deputados, sob a presidência de Eduardo Cunha (PMDB/RJ).

         Chico Alencar, do PSOL, observou que a Comissão está repleta de membros carregados de doações de empreiteiras, envolvidas no escândalo da operação Lava-Jato. E a cara dessa CPI não induz de certo a otimismo quanto a uma atuação séria, voltada para estabelecer a verdade dos fatos.

         A sua presidência está a cargo de Hugo Motta, do PMDB, um deputado com 25 anos de idade. Consoante o acordo prévio, foi indicado por ele para a relatoria o deputado Luiz Sérgio, que é do PT/RJ.

         Já não faz nenhum sentido que se coloque nesta posição chave um representante do Partido dos Trabalhadores, que tem adotado postura de negação no que tange a aprofundamento da análise. Malgrado as declarações do deputado Luiz Sérgio quanto ao propósito de trabalho sério, tal atitude se choca com a posição de negação do PT quanto à investigação das reais causas da crise da Petrobrás.

         Além disso, 40% das doações recebidas por Luiz Sérgio procedem de quatro construtoras envolvidas na Operação Lava-Jato.

         Por outro lado, é de perguntar-se se interessa à CPI ter como relator um parlamentar que é membro do PT. Cabe perguntar se  representante de um partido que vê na Lava-Jato e na corrupção que envolveu a Petrobrás por força das propinas do Petrolão  não só como ameaça ao projeto de poder do PT, mas também de negacionismo programático tem condições de uma atuação investigativa, sem qualquer preclusão em termos de expor a realidade dos fatos ?

          Nesse contexto, não se deve esquecer a atuação decepcionante de outro deputado petista, este do Rio Grande do Sul, Marco Maia, que já fora inclusive Presidente da Câmara.  Pois ao cabo dos alegados trabalhos da anterior CPI, não se pejou em não indiciar a nenhum dos elementos apontados como envolvidos nas denúncias. 

           A atitude de Marco Maia – não hesitando em transformar em pizza digna do defunto Orestes Quércia os trabalhos dessa comissão dominada pela dílmica base de apoio– teria, sem embargo, pelo seu próprio despropósito e consequente desmoralização, o resultado de forçar o próprio deputado  Maia a retratar-se, eis que voltou atrás, e passou a indiciar alguns nomes.

            É importante ter presente que se a operação Lava-Jato, da Polícia Federal, tem tido êxito, tal se deve não a qualquer participação congressual, mas sim ao trabalho do juiz Sérgio Moro e a correta atuação da Procuradoria-Geral encabeçada por Rodrigo Janot.

            Por enquanto, na atual CPI, marcada pelos ocupantes desses dois cargos fundamentais para o seu êxito, que pela sua postura e representação partidária não transmitem sinais de uma atuação que corresponda aos anseios da sociedade para chegar à verdade dos fatos, não dentro da linha de CPIs  medíocres, produtoras de pizzas, mas sim de órgãos afirmativos, que marcaram presença em nossas legislaturas.

            A iniciativa do PSol -  que parece ser hoje, ético, aguerrido, defensor das boas causas, que se dissocia dos pactos e contubérnios de gabinete, o que foi, no passado, aquele partido chefiado por um operário, e com apoio da sociedade e da Igreja, na defesa das causas justas – foi invalidada pelo presidente em exercício  da Comissão, o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB/SP), como se uma proposição ética não tivesse apoio no regimento...

               Nesse contexto, o Relator da Comissão, o deputado Luiz Sérgio, revelou, a despeito de suas declarações de empenhar-se nos trabalhos respectivos, um viés preocupante, ao afirmar que esta já é a terceira CPI para investigar irregularidades na Petrobrás. Há nesta assertiva uma reserva e quase uma censura, quanto ao papel desta CPI. Ele se esquece, no entanto, de que a multiplicação das CPIs reflete o sistemático esvaziamento de seus trabalhos pela maioria governamental. São três porque as duas anteriores malograram, por falta de empenho e real vontade em chegar  à verdade.

               Ora, esta nova Comissão começa mal, seja pela sua composição, que reflete orientação da base de apoio governamental.  A sociedade, por sua vez, ao contrário deste governo, está interessada em órgãos do Legislativo que correspondam às funções da Câmara de chegar até a verdade dos fatos, doa a quem doer.

                Não falta ao Povo a percepção de quem realmente deseja chegar às causas do escândalo e da crise, e de quem apenas se empenha em mascarar-lhe a realidade.

                Para começo de trabalho, é difícil não acreditar que com a sua liderança e atual composição, esta enésima CPI  é forte candidata a apenas repetir o que as outras duas apresentaram como trabalho, vale dizer a perda da oportunidade de investigar e de expor a verdade como sua contribuição à democracia no Brasil.

                Espero estar errado, mas nada vejo, tanto na sua formação, quanto nos seus principais cargos que aponte no sentido do punhado de grandes CPIs do passado.

 

 

( Fonte:  site de O Globo )     

Dilma, Lula e a turma do Monturo

                              
               Um governo ruim não costuma ser reeleito. Este, por uma série de circunstâncias, foi. Coisas da democracia. Também há o aparelhamento do Estado pelo Partido dos Trabalhadores. Doze anos é muito tempo e um país submetido, entre outras coisas, à inchação dos gastos correntes, não faz essa caminhada impunemente.

               Depois de quatro anos desastrosos, com gastação adoidada, entramos no dílmico inferno astral. Assustada, a Presidenta chamou Joaquim Levy e Nelson Barbosa, uma dupla que se coadunaria mais com Aécio, mas este, apesar de ganhar em quase toda Pindorama, perdeu no Nordeste, no Norte e- amarga pílula- em Minas Gerais, logo ele que se despedira de oito anos de governança estadual com 92% de aceitação... 

              Mas mesmo assim bastou para os três por cento de diferença pela ilusão do Povão que pensa ser a bolsa família presente do PT, quando o é do Estado, e do bolso de todos nós.

               Para quem desbaratou as finanças, trouxe de volta a inflação e com Guido Mantega, na Fazenda, e Arno Augustin, na Secretaria do Tesouro, embrenhou-se na farra fiscal que provocou  não só a carestia, mas  a queda no PIB, o aumento da dívida bruta, e a sucessão de dados negativos, déficit tanto no balanço de contas correntes, quanto no comercial. Assim, ao invés do superávit fiscal (que permitia descontar uma parte da dívida fiscal), caímos no déficit fiscal, e como sói acontecer nesses casos, ele não foi só da União, mas também dos Estados e Municípios.

               Tudo isso vai roendo o nosso saldo de divisas, e se se continuar nessa linha, Lula não mais poderá arrotar que somos país credor, com voz forte no FMI e alhures...

                A Lei da Responsabilidade Fiscal,  chave da abóbada do balanço estatal a que, em seu tempo, o PT se opusera com todas as suas  forças, chegando a questioná-la no STF , deixou também de ser respeitada, não só na letra, mas também no espírito, com as consequências que tampouco ignoramos.

                 Decerto o leitor sente que falta alguma coisa nesse tétrico rol de primeiro mandato malogrado, e, não obstante, a responsável foi salva do incêndio e, ainda por cima, com 3% de diferença a seu favor no segundo turno. A coisa até que andou preta para o lado deles, tanto que o TSE pôs o lenço no nariz e só soltou o andamento da votação para nós, que afinal somos o Povo Soberano, quando, já perto do photochart,  D. Dilma lograra afinal superar no computador maravilha o adversário Aécio...    

                 Mas a história não termina aí... Além das promessas enganosas, que não cumpriria , havia muito mais bruxas no saco da candidata à reeleição. O escândalo da Petrobrás – o famigerado Petrolão – só estouraria mais tarde. Mais uma vez a operação Lava-Jato da Polícia Federal e um juiz de têmpera, Sérgio Moro, mostrariam a roubalheira  na Petróleo Brasileiro S.A., com os milhões de dólares em propinas, e a sua alegada tomada pelo PT e os chamados partidos da base aliada.

                  Lula e Dilma declaram nada saber sobre o escândalo da Petrobrás. Ela foi por dez anos presidente do Conselho de Administração da Petróleo Brasileiro S.A. É realmente estranho que nada haja filtrado durante todos esses anos...  Será que o enxame das empreiteiras, os agentes de partidos, a atuação do tesoureiro João Vaccari Neto, a refinaria Abreu Lima e seu saco sem fundo, Pasadena e a acintosa disparidade entre o valor inicial e o final, as sinalizações de Venina da Fonseca, solitária funcionária do quadro a quem Graça Foster mandou para Cingapura, a desenvolta ação de ‘Paulinho’ e as reuniões com Lula, e também Nestor Cerveró... O único diretor da Petrobrás que logrou desvencilhar-se da prisão do Juiz Moro foi Renato Duque, graças à providencial liminar do Ministro Teori Zavascki.

               O Ministro da Justiça José Eduardo Cardoso andou tendo problemas com a agenda. Recebeu em seu gabinete advogados de empreiteiros presos por ordem do Juiz Moro. Apesar das explicações ministeriais, calou mal a tentativa de politicamente interferir em questão que é da alçada jurídica do juiz responsável, no caso Sérgio Moro.

               E agora a maior empresa brasileira, e vítima inocente de quem depois do Mensalão pensara em servir-se da Petrobrás no chamado Petrolão, que é a exploração de um bem público para fins inconfessáveis de partido, é agora presa de Wall Street, com a Agência Moody’s de avaliação de risco que rebaixou a sua nota de crédito corporativo para o grau especulativo.

               A Petrobrás continua uma grande empresa, mas é apresentada como firma que não merece confiança. Além de afugentar eventuais compradores das próprias ações, torna as suas operações em busca de crédito mais onerosas.

                Mas D. Dilma está tranquila.  Ela atribui à “falta de conhecimento” de parte da Moody’s o rebaixamento, e por isso continua otimista. Acredita até na possibilidade de que, informada por alguém do governo, a Moody’s mude de idéia.  Lembram-se acaso da viagem de Guido Mantega a New York para explicar a Standard & Poor’s a real situação do Brasil, e assim evitar o nosso rebaixamento?  Malgrado o otimismo oficial, tudo continuou como dantes... e o Brasil foi rebaixado.  O mesmo decerto acontecerá com a anunciada tentativa de persuadir a Moody’s...     

                 O que nos pesa é que a Petrobrás, a nossa maior empresa, não merecia ser tratada dessa forma pelo governo do PT. E como tudo nesse ciclo, Dilma, no retrato, é apenas a continuadora de situação que já existia sob o grande estadista Lula da Silva. 

                 E por mais que Lula se movimente, faça saber de suas intenções de candidatar-se em 2018, como o futuro a Deus pertence, muita água há de passar pelo moinho do Planalto. Há perguntas que virão bater à porta de Dilma Rousseff. Hão de rolar coisas de todo gênero, entre o céu de brigadeiro e, quem sabe, temidas instabilidades. Como as nuvens, na conhecida imagem da política de Magalhães Pinto[1], que podem mudar e ficar entre o céu azul do nada a declarar ou o da tormenta do impeachment...

 

( Fontes: Pedro Almodovar, O  Globo, Folha de S. Paulo)                                     



[1] José de Magalhães Pinto (1908-1996), político mineiro da antiga UDN, foi governador de Minas Gerais e Ministro das Relações Exteriores.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

As Amargas, Sim !

                                         

O juiz Flávio Roberto de Souza

 
         O recurso da defesa do empresário Eike Batista se vê subitamente reforçado pelo estranho comportamento do juiz Flávio Roberto de Souza. Na segunda instância, o placar já estava três a um, dando provimento ao recurso dos advogados de Eike, quando um dos desembargadores pediu vista, que é procedimento muitas vezes associado a quem queira retardar o andamento da votação, que estaria evoluindo em sentido contrário à sua expectativa.

        Por outro lado, impressionara desfavoravelmente que o juiz Flávio de Souza não tivesse deixado com o réu sequer o seu celular, além de retirar-lhe todos os recursos em espécie. Por mais que se queira proteger os credores, o réu também tem direito a tratamento equânime. Assim, tampouco não deixar-lhe nenhum dinheiro em caixa agride ao bom senso.

        Ontem, a televisão mostrou a derradeira gota para o afastamento do juiz Flávio Roberto de Souza. A Corregedoria Regional da Justiça Federal instaurou sindicância para apurar o uso pelo juiz Souza de três veículos apreendidos em operações da Polícia Federal nas casas de Eike e de sua ex-mulher Luma de Oliveira.

        Chocou, notadamente, que o juiz utilizasse o Porsche Cayenne Turbo de Eike como meio de condução de seu domicílio na Barra até a garagem da Justiça Federal no Rio. Depois de suas declarações radicais à imprensa “Eu vou esmiuçar a alma dele. Pedaço por pedaço” e “eles (Eike e família) continuam numa ostentação que é totalmente incompatível a quem tem dívidas bilionárias.”

       E ora vejam só! O juiz Flávio Roberto de Souza foi flagrado dirigindo da casa ao trabalho o Porsche !

        Em função do escândalo, a Corregedoria Regional da Justiça Federal instaurou sindicância para apurar o uso pelo juiz Flávio Roberto de Souza de três veículos apreendidos em operações da Polícia Federal nas casas de Eixe e de Luma de Oliveira. O TRF determinou ainda a suspensão do leilão de cinco dos seis carros retidos pela ação policial na casa do empresário, que estava marcado para amanhã. Segundo explica na decisão o desembargador-relator Messod Azulay, como não são bens perecíveis, não vê motivo para realizar o leilão dos carros antecipadamente.

 
Pobre Petrobrás !

 

        O  Petrolão, esse magno escândalo com origem nos governos petistas de Lula da Silva e Dilma Rousseff, e ora submetido ao exame do juiz Sergio Moro, continua a causar grandes prejuízos à Petróleo Brasileiro S.A., a nossa Petrobrás.

        Em função da crise na estatal, e por segunda vez neste ano, a Agência Internacional de Classificação de Risco Moody’s rebaixou  a nota de crédito da Petrobrás.

       A Moody’s cortou a nota de Baa3 para Ba2, o que corresponde à perda de dois níveis na escala de avaliação da agência de risco.

        Com o rebaixamento, a empresa nacional passa para o chamado grau especulativo – em que há probabilidade de calote.

        E não para nisso a Moody’s, que pela severidade mais semelha o imortal comissário Javert, dos Miseráveis de Victor Hugo. Não é que ainda informa que todas as notas da companhia foram cortadas e que continuam em revisão para novo (eventual?) rebaixamento...

        Essa nota rebaixada da Moody’s não é um formalismo inconsequente. Ela acarreta aumento dos custos, inclusive na obtenção de eventuais créditos, que serão a juros mais altos, pelo maior risco implicado na nova rebaixada classificação.

 
O  pico da Inflação

 

       Os índices inflacionários continuam ruins. Com a economia estagnada, como assinala Miriam Leitão,  a inflação alcança a 7,36%.  Note-se que em dois meses de cômputo, a taxa acumulada já é a metade da taxa do ano.

        Nas onze capitais pesquisadas, somente Salvador não está com a inflação acima do teto  da meta, com 6,19%. As outras dez estão com índices acima do teto formal, que é de 6,5%.

        Dentre as outras, quem mais sofre é o Rio de Janeiro, com a disparada de 8,84% em um ano. Além de passar quase todo 2014 com a inflação acima do teto, a VelhaCap ora se aproxima de 9%.

        A notar que Porto Alegre e Goiânia igualmente têm índices  na casa dos 8%.  Por fim, São Paulo, Brasília, Belém, Recife e Curitiba estão na marca dos 7%.

        Como é notório, assistimos  na inflação  má herança de Dilma I que Dilma II, com Joaquim Levy, tem agora de enfrentar.  Nesse contexto, seria melhor não tapar a verdade com peneiras, como no da ‘escorregadinha do PIB’ na recatada expressão do Ministro da Fazenda. Como se referiu, é melhor não maquiar a verdade, nem apresentá-la em pundonorosas expressões, pois corremos o risco de que o Congresso venha a dificultar mais as cousas, mexendo demagogicamente no Ajuste Fiscal.

 

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O Silêncio de Dilma e a Venezuela

                                 

          A repressão na Venezuela se torna cada vez mais truculenta. Na prisão do prefeito Antonio Ledezma, sem qualquer ordem judicial, por brutamontes armados até os dentes de um dito serviço bolivariano – o que não é novidade, porque quase tudo lá se carimba como bolivariano, o que dadas as características do regime, não parece ser epíteto que enalteça o Libertador da América hispânica – carregaram à força o ‘conspirador’, não sem antes aplicar-lhe socos e pontapés.

          Quase em seguida, Ledezma seria transportado para a prisão militar de Ramo Verde onde já se encontra Leopoldo López (aí trancafiado há um ano). Por sua vez, o tradicional partido Copei aderiu ao “Acordo para a Transição Democrática”, o que motivou a invasão de doze de seus escritórios...

           Além disso, o deputado Júlio Borges – acusado pelo chavismo de estar na mesma ‘conspiração’ que motivara a prisão ilegal de Ledezma e outros opositores – mereceu de seus ‘colegas’ do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) denúncia para a Procuradoria-Geral a fim de que se abra processo contra Borges como ‘conspirador’, o que deverá incluí-lo em breve nos mais de sessenta presos políticos.

           Nesse contexto tumultuado, Maduro procura superar a crise oriunda da própria inépcia administrativa assim como de sua incapacidade de reverter processos de longo termo, como o sucateamento da empresa estatal petrolífera da Venezuela, a par do agravamento da situação econômico-financeira pela vertiginosa queda na cotação internacional do barril de petróleo, a quase híperinflação e o generalizado desabastecimento.

            A resposta de Nicolás Maduro se cinge à responsabilização da oposição, assim como ao fabrico de ‘conspiratas’ que seriam urdidas pelos políticos, estudantes e ativistas democráticos.

            Dado o caráter boçal de Maduro e de grande parte do estamento que o apóia, não surpreende que a Venezuela se torne o revés de uma oficina de direitos humanos. Em um país no qual a justiça está a serviço do poder – não há sentenças da Corte Suprema contrárias ao Governo chavista – a falta de isenção judicial é arma de dois gumes. São fechadas as opções judiciais para povo, estudantes e partidos de oposição. Se o aparelhamento do Estado chega a tal ponto – em que a justiça jamais está cega e constitui um braço do poder e da repressão – de certo modo será questão de tempo para a queda das estruturas chavistas ora implantadas.

             A própria corajosa deputada Maria Corina Machado – que foi ‘cassada’ no grito por gerarca chavista, Diosdado Cabello – não hesita em afirmar que ‘o governo Maduro sabe que está em fase terminal’.

               Nicolás Maduro, o caminhonista indicado pelo moribundo Hugo Chávez Frías para sucedê-lo, é mais outra prova histórica da incapacidade dos sucessores dos ditadores para manter-se no mando. Na Inglaterra, o herdeiro  do Lord Protetor Oliver Cromwell (1599-1658), seu filho Richard logrou manter-se no poder por menos de cinco meses (renunciou em 25 de maio de 1659).

                Ficou em breve muito claro que Maduro não tem condições intelectuais e administrativas de presidir a um governo com a complexidade da situação na Venezuela. A sua incapacidade em lidar com os problemas da sociedade venezuelana o levaram a acentuar a confrontação, em uma espécie de fuga para  frente diante de situações que só tenderam a agravar-se pela sua falta de condições de lidar com elas de forma construtiva.

                Em declarações ao jornal Estado de S. Paulo, a deputada Maria Corina asseverou: “A crise não é de alimentação. O que o mundo vê são os venezuelanos fazendo fila por horas para conseguir leite, remédio e farinha.  Mas a situação é muito pior.  Há o risco de crise humanitária na saúde e da imobilização do aparelho produtivo do país. Há uma falta de governabilidade cada vez maior. (...) Denúncias contra funcionários de alto escalão do governo que estariam  ligados à máfia internacional e ao crime organizado. Tudo isso leva a Venezuela a situação altamente instável e o regime sabe que perdeu o respaldo popular.”

                 Sobre o Brasil e Dilma Rousseff.  “Vocês brasileiros viveram uma ditadura. Vocês sabem o que significa  quando o mundo e os irmãos latino-americanos dão as costas.  A Venezuela sempre foi solidária com o povo sul-americano  que era alvo de ditaduras.  Hoje, pedimos ao povo brasileiro que saia em defesa dos direitos humanos e da democracia em nosso país. Neste momento, mostrem a seu governo que é urgente a convocação de uma reunião de emergência dos chanceleres da OEA para avaliar a situação na Venezuela.”

                  Perguntada sobre o silêncio do governo brasileiro acerca dos acontecimentos na Venezuela, Maria Corina Machado disse: “Entendo que nos últimos anos os governantes tiveram razões  de ordem ideológica, geopolítica e econômica.  Isso poderia inibir em alguns casos e acabar em uma posição de cruel indiferença. O silêncio do Brasil é um silêncio cúmplice. Maduro cruzou a linha vermelha e diante disso, toda a indiferença é cumplicidade. Neste momento, nós venezuelanos acreditamos no diálogo e transição para a democracia incluindo toda a sociedade.  Mas como requisito indispensável é preciso haver a libertação dos presos políticos. Não vamos permitir a estabilização da ditadura.”

                   No passado, por causa  de sua posição de neutralidade diante das questões internas de países latino-americanos em crise política, a diplomacia do Brasil adquiria condições de diálogo com os principais setores da sociedade. Quando do desfecho das crises, como não havíamos apoiado a repressão, a nossa posição se firmava no respeito colhido pela atitude aberta e democrática.

                    Na torpe diplomacia de partido de Dilma Rousseff isso não lhes parece possível. Os nossos representantes perdem credibilidade para o diálogo com as sociedades respectivas. Não é afirmando que as tropelias do regime de Maduro, com as suas prisões e violências, “são uma questão interna da Venezuela”, que a posição diplomática do Brasil se reforça e merecerá respeito no futuro.

                     Ao contrário de Lula, a diplomacia da Presidenta é um desastre para o Brasil. O último exemplo está no tratamento lamentável dado ao embaixador da Indonésia, Toto Riyanto, que foi tirado da fila à ultimíssima hora por  ato impensado e grosseiro de Dilma. Essa nota zero em diplomacia agrava a crise com a Indonésia, eis que o Vice-Presidente Jusef Kalla declarou que Jacarta pode reconsiderar a aquisição de 16 aviões de combate Super-tucano, assim como lança-mísseis de fabricação brasileira (Embraer).

            É de esperar-se que se possa contornar a questão, porque um tal tropeço prejudicaria a nossa empresa de construção aeronáutica de forma cruel e despropositada. A Embraer não tem vida fácil no meio aeronáutico e a sua progressão e vendas são resultado de trabalho constante, em mercado que se assinala por grande concorrência. Perder operação dessa amplitude não seria justo, porque penalizaria quem nada tem a ver com os despautérios e maus humores tão pouco diplomáticos da Presidente Dilma Rousseff.

 

( Fontes:  O Estado de S. Paulo, O  Globo, Folha de S. Paulo (site)).

Dilma ou a Coerência na Insensatez


                                

       Tinham carradas de razão aqueles personagens que, sabedores da escolha por Lula da Silva de sua candidata de algibeira, foram procurá-lo para tentar demovê-lo dessa indicação de que o futuro demonstraria a insensatez.

        O então presidente foi adiante na fatídica recomendação. Pensara, então, que poderia voltar ao Palácio do Planalto se o quisesse no mandato seguinte, o que, nos seus cálculos interesseiros, ficaria difícil se apontasse para sucedê-lo nome com maior peso no Partido dos Trabalhadores.

        O fundador do PT esqueceu-se da força e seduçáo do poder. Embora tenha tentado candidatar-se em 2014, a dinâmica presidencial ajudou  sua pupila a contrariá-lo.

        Sabemos todos o quanto aproveitaria à mulher do Lula valer-se das vantagens da presidenta em funções, para pleitear a reeleição. Se para o corpo eleitoral brasileiro, notadamente aquele das regiões mais pobres (Norte e Nordeste) bastara em 2010 a sinalização de Lula da Silva para votar em virtual analfabeta em política (contra candidatos tarimbados como José Serra e Marina Silva), em 2014 o velho capitão foi escanteado na passagem do cortejo da titular do cargo.

        Para a sua eleição em segundo turno, Aécio Neves carregaria as principais regiões do Brasil, mas tal não seria bastante, eis que Dilma Rousseff venceria no Nordeste e no Norte, além de colher o incrível descuido de um ex-governador (com 92% de aceitação) que lograria perder em seu estado natal das Minas Gerais. Não obstante tudo isso,  o Brasil inteiro  aguardaria impaciente pelo resultado final– o que só aconteceria na derradeira fase da disputa, quando a candidata do PT exibiria tênue vantagem de cerca de 3% dos votos.

        Não foi o bom governo de Dilma  a que a reeleição coroou. Premiou-se quem  seus seguidores pensavam ter a chave da bolsa-família. Assim, montada em benefício do erário público, ela seria premiada como se fora do PT esse auxílio pela Caixa com o dinheiro do orçamento de todos nós. Enfeitar-se com fantasia alheia...

       Quando Dilma logrou a reeleição, a Lava Jato ainda não tinha rasgado os enganosos toldos que nos escondiam o Petrolão. Hoje sabemos o que devemos ao primeiro mandato da discípula de Lula da Silva. Não é uma bela estória.

       Mais do que a desmoralização da Petrobrás, com o magno escândalo da propina, não só instituída por quem bem conhecemos, mas amorosamente escondida por longos e na aparência profícuos anos por titulares igualmente notórios. Eis que ao poder não bastaria cevar-se do Mensalão. A ganância não parecia conhecer limites para a gente do mando de um ex-partido ético e jacobino. E esse o filme que agora passa em todas as praças desses Brasis, para mostrar à gente qual o gesto atual do Partido dos Trabalhadores, que por tantos anos soube esconder nos próprios porões o hediondo retrato de um redivivo Dorian Gray.

       Feito esse preâmbulo, Senhores e Senhoras,  peço licença para mostrar-lhes um escaninho – mas quê escaninho! – da estupidez reinante no Palácio do Planalto. É do conhecimento geral a implicância da Presidenta com a diplomacia brasileira. Já no tempo de Lula da Silva o seu ministro aceitara a companhia de um assessor internacional – Marco Aurélio Garcia -, com se Pindorama fosse Estados Unidos, em que o Secretário do Exterior conviver com o Assessor da Presidência para os Assuntos de Segurança.

        Esse Assessor passou a cuidar da América Latina e notadamente os países chavistas e do então grupo coletor das benesses de Hugo Chávez. Com o passar do tempo, a ingerência desse senhor – o que se viu na apresentação de credenciais passada -   tem crescido, a ponto de ladear o Ministro em funções, em  retrato de virtual equipolência.

       O Brasil sempre teve uma diplomacia de estado, mas com Lula e sobretudo Dilma, passamos a ter uma de partido, a que se agrega eventualmente uma de estado.

       Pela militante ignorância diplomática da Presidenta, somada talvez a alguma mal-disfarçada indisposição  com a arte do Barão do Rio Branco, estamos condenados a padecer rompantes de última hora, com a aplicação de processos por inteiro estranhos à nossa diplomacia ,anterior ao PT.

       O colunista Ricardo Noblat estigmatizou na sua coluna de ontem – ‘Anão Diplomático’ -  o que esta Senhora está logrando fazer de nossos quadros diplomáticos. Em blog anterior – Zero em diplomacia – já mostrara dos perigos de uma diplomacia feita de rompantes e de maus-humores, como é o formato paradigmático da sucessora de Lula da Silva.

       A humilhação é um remédio de todo desaconselhável para uma diplomacia de país sério. Pelos defeitos de militante ignorância da Chefe de Estado – e, pesa-me dizê-lo, a fraqueza de seus assessores – estamos virando em verdadeiro país de là-bás, como há tantos anos tentou  rotular-nos o General de Gaulle.

       Ao tripudiar em relação ao representante diplomático – estava, inclusive, em primeiro lugar na fila de embaixadores que apresentariam as credenciais (uma cerimônia rotineira na diplomacia, que se pauta pelos padrões da cortesia do Chefe de Estado a quem se apresentam as cartas-credenciais que dão fé à continuação das relações no nível mais alto).  Essa senhora ,sofrendo de um acesso de húbris achou por bem desmoralizar o embaixador da Indonésia. A falta de qualquer atenção para um mínimo de cortesia – e de respeito – a levou a extrapolar, mandando em gesto que não honraria algum soba africano dos tempos coloniais,  que saísse da fila!

         Parece que Dilma, a iracunda, logrou o seu escopo de bagunçar as relações com a Indonésia. E não é que o governo daquele país está estudando desfazer um contrato já estabelecido e que beneficiava a Embraer, na venda de seus aviões, assim como o cancelamento de outro de venda de mísseis!

         Dilma decerto pela sua ineficiência e incapacidade de gestão não nos surpreende.  Está a inflação – que ela trouxe de volta! – e a “escorregadinha” de 6,7% do PIB, a quarta maior entre 42 países!

         Bem haja Senhor Lula da Silva, com a sua tão oportuna indicação...

 

 

( Fontes:  O  Globo; coluna de R. Noblat )

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Putin e o Exterior Próximo

                                      

      A política intervencionista do  Presidente Vladimir V. Putin no que tange à Ucrânia não é um capricho atual. Como o muito bem documentado livro da professora Karen Dawisha o demonstra, não é de hoje que o Senhor do Kremlin alimenta tal intenção.

      Com efeito, pouco antes de sua tomada de posse na presidência em maio de 2000, um alentado documento – Reforma da Administração do Presidente da Federação Russa – foi vazado para o jornal Kommersant. Tudo indica que esse vazamento procedeu diretamente da Administração Presidencial do Kremlin, sob ordens diretas do futuro Presidente. Dentre as disposições do referido Plano, merece atenção especial a seguinte passagem: “Se ele (o presidente) realmente quer assegurar a ordem social e a estabilidade no país durante o seu governo, então o sistema de autogoverno político não é necessário. Ao invés disso, ele necessitará  de uma estrutura politica (autoridade) dentro da sua Administração, que não só há de prever e criar situações políticas ‘necessárias’ na Rússia, mas na verdade estar habilitada a manejar processos sociais e políticos na Federação Russa e nos países do próximo exterior”.[1]

       Não é só de gospodin Vladimir Vladimirovich Putin essa postura paternalista no que tange ao exterior próximo – trocando em miúdos todos os países limítrofes da maior nação em extensão territorial do planeta. Essa atitude com relação aos vizinhos da Rússia está informada por uma suposta superioridade do velho urso russo. A própria inserção desse programa de reforma da Administração Presidencial mostra como se afigura natural que o Kremlin tenha condições de manejar (ou manipular) processos sociais e políticos tanta na Federação própria, quanto nos países vizinhos do próximo exterior.

        Por mais moderada que seja a intenção de gerir tais processos em países além-fronteiras, acha-se aí claramente estatuído o suposto direito (que para o Kremlin seria natural) de manipulá-los nas esferas social e política que são vistas como óbvias projeções do poder imperial do Senhor de todas as Rússias.

        Pelo que vem sucedendo com a Ucrânia – desde a anexação da Crimeia em abril de 2014 – não resta a menor dúvida que Putin tem uma interpretação bastante lata dos alegados direitos da Federação Russa sobre os seus vizinhos. Todas as nações vizinhas – e não apenas aquelas que integravam a União Soviética – têm fundados motivos de preocupação. Tal inquietude, portanto, que hoje seria apenas de Kiev – a explosão de artefato explosivo na cidade de Kharkiv, no leste da Ucrânia, longe do front, mas muito próxima de Belgorod, na Rússia, que matou duas pessoas e deixou onze feridas – já é na verdade sentida como ameaça por diversos países que são inseríveis nesse ominoso, mas ainda difuso processo.

         Assim, os episódios da Ossétia do Sul e da Abkhazia do Sul, na Geórgia, e da Transnístria, na Moldova – que na prática fragilizaram ainda mais as pequenas Geórgia e Moldova – constituíram tão só um exercício preliminar, na estratégia de Putin. Nesses termos, se o ataque contra a Ucrânia continuar com a desenvoltura dos chamados ‘rebeldes’ apoiados e armados pelas forças russas (que intervêm sempre que necessário, quando o exército de Kiev ameace os objetivos dos ditos ‘separatistas’) a situação dos vizinhos que tem a infelicidade de situar-se no próximo exterior  tenderá a agravar-se.        

          Barack Obama faz por vezes ameaças – lembrem-se da linha vermelha que não poderia ser transposta– e cunha expressões depreciativas (recordam-se da Rússia como ‘poder regional’ ?), que muita vez podem servir como marcos de ultrapassagens futuras.

          Tudo o que se conhece sobre o Presidente Vladimir V. Putin mostra como ele pode ser determinado na consecução de seus projetos. Dessa maneira, é risível pensar que um epíteto de menoscabo o fará retroceder ou conformar-se.

          Se os livros sobre a personalidade e a progressão de Putin como “O Homem sem Rosto”, de Masha Gessen[2] e “Putin’s Kleptocracy”, de Karen Dawisha, nos apresentam um personagem hábil e articulado, sem escrúpulos, com grande determinação, inclusive na implementação de seus objetivos, como o demonstra a sua ação coordenada para tornar realidade o programa de poder que explicitara para a opinião pública russa, através do vazamento para o jornal Kommersant, tampouco deveríamos subestimá-lo no que tange aos seus propósitos com relação ao exterior próximo.

          Ora, é justamente isso que o Ocidente está fazendo.

 

 

( Fontes: Karen Dawisha, Putin’s Kleptocracy, O Globo ) 



[1] ‘A Cleptocracia de Putin – Quem é o dono da Rússia?’, Karen Dawisha, Simon & Schuster, New York, 445pp. V. pág. 253
 
[2] The Man Without a Face, Riverhead Books, 2012.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Colcha de Retalhos C 7

                                     
Crise afasta Dilma de Temer?

 
        Estariam estremecidas as relações políticas entre Dilma Rousseff e Michel Temer. Na aparência, sim, eis que a Presidente não recebe o Vice, desde que esse apoiu  Eduardo Cunha na disputa pela Câmara.

        É difícil ter relações próximas com a Presidente, e tal característica se tem reforçado com o tempo, embora a experiência política adquirida devesse trabalhar no sentido favorável e não no contrário.  Além do seu trato difícil com os subordinados – em que até ministros se incluem – essa postura não se coaduna muita vez com o próprio interesse da Presidenta, eis que o Vice, pela sua relevância no PMDB, não pode ser assemelhado ao escasso peso político que assinala  tantos vice-presidentes.

        O México, como se sabe, terá resolvido o problema. Com a torva traição do vice-presidente Victoriano Huerta ao Presidente Francisco I. Madero, a  questão dos vices naquele país foi dirimida pela abolição do cargo.

        O meu palpite é que o afastamento de Temer será vencido pela necessidade, eis que Dilma precisa mais do PMDB (e por conseguinte do Vice), do que o inverso. 

        Por outro lado – com o fantasma do impeachment à parte, quando  um valor mais alto se alevantaria – Michel Temer continuará disponível para a mal-humorada  chefe, com comovente lealdade, se e até os cruéis atalhos da política porventura  os separem.

 
A PEC  da  Bengala

 

          Faz tempo que se fala da extensão da idade limite para os tribunais, e notadamente o Supremo. Se tivesse sido aprovada no Dilma I, a Ação Penal 470 não teria sofrido as emendas que aguaram algumas das disposições mais severas contra alguns implicados no processo do Mensalão. Cezar Peluso e Ayres Britto são exemplos de um Supremo mais alinhado com o Relator do Mensalão, o Ministro Joaquim Barbosa, e uma aplicação mais estrita da lei no que tange aos réus desse célebre processo. Ao serem aposentados, deram ensejo a que o Poder Executivo procurasse enfraquecer o approach da Corte, no que toca a tal julgamento.

           Agora o novel presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pode colocar em votação a referida emenda constitucional, que tiraria de Dilma o ensejo de indicar cinco novos ministros até o final de seu mandato. A relevância da manutenção da atual Corte não pode ser subestimada, pois há pela frente o término do processo do Mensalão e quem sabe? o início daquele do Petrolão.  Dessarte, elevar de setenta para setenta e cinco a idade mandatória para a aposentadoria no Supremo não seria uma questão de lana caprina, e corresponderia decerto às novas realidades etárias.  

 
Maduro diz ter provas

 

       O dito evangélico – dize-me com quem andas, e eu te direi quem és – semelha tristemente apropriado à estreita relações do dílmico Planalto com o governo venezuelano de Nicolás Maduro.

       Vê-lo como se apresenta na televisão, fantasiado de bandeira venezuelana, além de macaquear as posturas do caudillo Hugo Chávez, transmite de pronto o nível intelectual do personagem, que o seu eventual discurso não desmentirá.

        Lobriga fantasmas por toda parte, e  sua solução para a crise em que afundou a pobre Venezuela – decorrência da incapacidade de lidar com a queda na cotação de seu monoproduto de exportação, o petróleo, assim como em sólida e notória incompetência na administração pública – será a de invectivar e o que é pior, prender arbitrariamente os líderes da oposição, em especial aqueles que comandam maior respeito.

       A ‘detenção’ do prefeito Antonio Ledezma, homem público sobre quem pesam graves defeitos (para Maduro), a saber é popular e respeitado, mostrou que o herdeiro do Coronel Chávez  está na melhor tradição dos ditadores venezuelanos. Ledezma foi preso sem mandato judicial, por um serviço bolivariano que se caracterizou pela truculência.

       O caminhoneiro Maduro promete, para breve, provas “contundentes” da alegada conspiração do respeitado Prefeito de Caracas, assim como evidências de apoio externo aos planos golpistas.

       Está preso há um ano o líder oposicionista Leopoldo López.  Por sua vez, a deputada Maria Corina Machado foi supostamente cassada no grito pelo presidente da assembleia Diosdado Cabello. 

       Até agora, a chamada ala moderada da oposição, encabeçada por Enrique Capriles, governador do estado de Miranda, e por duas vezes candidato à presidência da república, não tem sido molestada pelos brucutus do regime.

        O que parece incomodar Nicolás Maduro é o grito e o protesto nas ruas. As passeatas serão em geral dissolvidas com violência, embora o recurso aos meios letais venha em geral das tropas auxiliares chavistas.  

 
Repúdio em Moscou ao ‘golpe’ em Kiev

          

           Realizou-se neste sábado, 21 de fevereiro, manifestação em Moscou de repúdio ao que consideram o ‘golpe’ que derrubou o então presidente Viktor Yanukovich. O comício foi na Praça Vermelha, e teria congregado cerca de 35 mil pessoas (a contagem é da polícia de Putin).

          Desconhecendo a realidade do front nacional que enxotara o desmoralizado presidente Yanukovich de seu palácio, encetando a fuga que o levaria para a Rússia, a manifestação – em que predominaram as bandeiras russas – pretenderia alegadamente fortalecer o ex-presidente. Este último declarou querer voltar para seu país “para primeiro liderar um movimento de protestos e depois participar da defesa da população.” E assim completou, no Canal Um da Tevê russa: “Assim que puder voltarei e farei tudo o que estiver em minhas mãos para aliviar a situação na Ucrânia.”

 

Acordo in extremis União Europeia – Grécia.

 

            A dificuldade em conseguir acordo com o novo gabinete grego, encabeçado por Alexis Tsipras, ensejou a atmosfera das negociações realizadas pela troika (União Européia, Banco Central Europeu e FMI) com a representação da República Helênica. Após várias semanas de tensas negociações, a troika aceitou a proposta grega de extensão do socorro a Atenas por mais quatro meses.

            Dessarte, os gregos terão acesso a mais uma parte dos Euros  240 bilhões colocados à disposição de Atenas por seus credores europeus. Em contrapartida, todavia, o governo helênico  se comprometeu a apresentar até a próxima segunda-feira, dia 23 de fevereiro, uma lista de reformas para que os termos do auxílio  sejam revistos no fim do prazo, em julho p.f.

            Segundo Paulo Nogueira Batista Jr., diretorexecutivo pelo Brasil e outros dez países no FMI, o acordo foi positivo devido à crise aguda, eis que o resgate atual expiraria a 28 do corrente.  Não se trataria, por conseguinte, de uma solução.

            As palavras finais de Nogueira Batista mostram qual é a carta mais forte do atual gabinete helênico: “O que aconteceu hoje mostra que, no frigir dos ovos, todos se preocupam em manter a zona do Euro. Todos perceberam que a saída da Grécia quebraria um tabu de que a União monetária não poderia ser desfeita.”

            Sem embargo, levantar esse fantasma da manutenção da Zona do Euro, pode ajudar à Grécia se utilizado com discrição. Atenas tem todo o interesse em manter-se na área do Euro, porquer dele afastar-se e reinstituir o dracma poderia trazer males maiores, como a inflação.  

 

 

 

( Fontes: Folha de S. Paulo,  O  Globo )