quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Os Rolezinhos

                                               

        Com a criatividade verbal e figurativa do Povo brasileiro – e que se reflete não só na gíria – surge agora o ‘rolezinho’ que é (ou apareceu como) movimento de brejeira contestação nos centros comerciais de jovens da periferia paulistana.

        Esse movimento – que surgiu em shoppings de São Paulo – oscila, no momento, entre uma corrente de diversão e a faixa da ilegalidade.

        Através das redes sociais, o rolezinho pode crescer como o fogo nos campos ressecados ao final da estação da seca. Assim, a direção que venha a tomar é tão imprevisível quanto o fogaréu nas campinas.

        Daí o  nervosismo não só do Poder – a presidente Dilma teme que os rolezinhos cresçam perto da campanha presidencial – mas também dos empresários, que temem mais no econômico do que no político.  Desse modo, os patrões neles vêem possível  inflexão para o furto ou até mesmo o saque. Por isso, não querem abaixar a guarda, e pretendem dispor de mais seguranças nos próximos ‘rolês’.

        Assim como as passeatas de junho – que trouxeram, segundo alguns, como efeito colateral  os black blocs -  absorveram as pulsões da sociedade brasileira, e se multiplicaram, o rolezinho é uma incógnita que pode surpreender, devorar ou até metamorfosear-se  em outra realidade, sempre dentro da lógica do imprevisível, em um povo que, embora mal de finanças, dá a impressão de estar com a riqueza adaptativa dos momentos interessantes (no sentido chinês) que é parente próxima da insatisfação e, portanto, vizinha da revolução.

 

(Fonte subsidiária: Folha de S. Paulo )

Um comentário:

Maria Dalila Bohrer disse...

Realmente os " Shoppings Center" representam o templo do consumismo onde só classes privilegiadas usufruir. Os " rolezinhos" estão testando a verdade de que, " perante a nação todos são iguais". Como conciliar a implantação das políticas sociais de inclusão social e as ações protecionistas da propriedade privada?