sábado, 11 de janeiro de 2014

Revista da Semana

                                         

Snowden e a necessidade de controlar a N.S.A.

            A revista The New Yorker, de 16 de dezembro último, publica interessante artigo  de Ryan Lizza, com o título  ‘Estado de Embuste’[1]. Graças às revelações de Edward Snowden – atualmente asilado em Moscou, e que fez saber recentemente de seu interesse em ser acolhido pelo Brasil  - a opinião pública americana (e internacional) pôde ser informada da extensão da coleta de informações sobre telefonemas e do emprego da internet pelo americano comum, de parte da Agência de Segurança Nacional (NSA), além de políticos não-americanos, como Angela Merkel e Dilma Rousseff.
            O artigo de Lizza se ocupa notadamente da atuação no Comitê sobre Inteligência do Senado do Senador democrata Ron Wyden (Oregon). Com as revelações de Snowden (a que recentemente o New York Times, em editorial, reivindica seja dado tratamento similar ao conferido a alguns predecessores seus na árdua missão de defender o interesse público e a privacidade) a luta do senador Wyden foi bastante reforçada. Wyden sempre defendera o direito à privacidade, e a necessidade de controlar a desenvoltura das agências de informação estatais, com a Agência de Segurança Nacional  (NSA) à frente.

           O vazamento de Snowden, com a ajuda do Guardian, entre outros, mostrou a extensão dos programas secretos de espionagem da NSA, que coletam informações do grande público, com acesso a telefonemas e emprego da internet nos últimos doze anos.

           O atual diretor da Inteligência Nacional, James R. Clapper, é um general da aeronáutica reformado, nomeado por Barack Obama, com a missão de supervisionar a NSA, a CIA, e catorze outras agências espiãs do governo estadunidense.  Na descrição de R.Lizza, Clapper, com 72 anos, calvo, com cavanhaque grisalho, tem ‘aparência intimidantemente burocrática’.

           Os programas da NSA, de coleta secreta de informações das comunicações de cidadãos comuns americanos (em escala de milhões) têm inúmeros problemas de ‘compliance’ (respeito a ordens judiciais, em especial da FISA, em que o direito à privacidade do cidadão seja assegurado).  Por outro lado, a maioria do comitê de Inteligência (presidido pela Sen. Diane Feinstein,democrata da Califórnia), segue a linha governamental, seja ela de George W. Bush ou do próprio Barack Obama.

           Tentando resumir uma questão complexa, a assunção de Obama trouxera esperanças que a política intrusiva de Bush jr. fosse contida e rolada para trás (rolled back) pelo 44° presidente. Wyden que refere ter tido várias acaloradas discussões com Obama não está otimista a respeito. Assim, ao invés de fechar ou rebaixar (scale back), o presidente vem trabalhando para trazer os programas das agências em estreito cumprimento das regras (de Corte que opera em segredo), as quais amiúde contradizem as opiniões por ele defendidas quando senador por Illinois ou candidato presidencial.

            Dentro de um veio jurídico complexo – que reflete a formação do atual presidente – nem tudo é o que parece. Em agosto último, no ápice das revelações de Snowden, Obama fez considerações na Casa Branca em que sugere estar batalhando em manter o equilíbrio necessário na política de observação (surveillance) do Estado.  Na verdade, contudo, segundo Lizza, Barack Obama não se tem afastado da posição majoritária dada pelos advogados da NSA, e apoiada pela senadora Feinstein e a maioria do Comitê de Inteligência.

             Ron Wyden, no entanto, pede licença para dissentir.  No seu entender, os continuados vazamentos de Snowden ajudam a dar força para que a atual lei da informação seja emendada:  “Depois de uma década, pensamos que esta é a melhor oportunidade para a reforma que nós teremos, isso certamente no meu tempo de vida, e nós não temos a intenção de deixá-la passar.”

 
A velha estória do Saneamento Básico          

 
               Na conquista junto ao Comitê Olímpico Internacional (COI) da escolha da cidade do Rio de Janeiro para a sede das Olimpíadas de 2016, as autoridades estatais, encabeçadas pelo  Presidente Lula da Silva, e com o Governador Sérgio Cabral e o Prefeito Eduardo Paes como principais interessados, não pouparam esforços em campanha de convencimento dos delegados.

              Quem se esqueceu da comovente alegria e do incontido júbilo dessas autoridades eleitas pelo Povo brasileiro, ao comemorarem a histórica aparição do papel em que estava escrito – para quem estivesse vivo e presente às emissões da tevê – Rio de Janeiro ?
             A campanha de convencimento, através de vídeos e exposições ad hoc, não escatimou promessas e mesmo firmes compromissos de que, uma vez arrebatado o cobiçado prêmio, se trazia para o hemisfério Sul a realização daquela milenar disputa atlética, que na Antiguidade, no Peloponeso, acolhia a cada quatro anos todos os helenos que estivessem em condições de postular os prêmios concedidos.

              A desenvoltura dos proponentes da candidatura brasileira do Rio de Janeiro foi apoiada nos diversos recursos da mídia e do preparo de informações adequadas.

             Diante da situação crítica de muitas lagoas e de enseadas do Rio de Janeiro, e a  dois anos do magno certâmen, o jornal O Globo noticia que a despoluição da Baía da Guanabara e das lagoas de Jacarepaguá continua em ritmo lento.

            Isso vai na contramão de tudo o que foi solenemente prometido pelos industriosos representantes da candidatura. O Rio de Janeiro gastou em 2013, dos R$ 759 milhões orçados, apenas R$ 128 milhões..

           Portanto, o Rio, a dois anos  do seu mais importante compromisso internacional,  em 2013 gastou apenas 17% do previsto com saneamento !  

 
A Portuguesa volta para a Primeira Divisão ?

          Corte cível de São Paulo determinou que Portuguesa Santista e Flamengo recuperem os pontos que lhes tinham sido retirados pelo STJD ( a justiça esportiva ).
          O recurso à justiça comum já era esperado, sobretudo pelas características da penalização da Portuguesa Santista e da miraculosa recuperação, mais uma vez graças ao bom e velho Tapetão, do Fluminense.

             Pelo  suposto, se inicia longa travessia. A FIFA torce o nariz para os recursos à justiça do comum dos mortais, desejando com isso preservar a autonomia da justiça desportiva.  Em tese, esta posição parece a mais acertada. O problema está em evitar dois pesos e duas medidas, quando são baixadas decisões  por vezes inquinadas de critérios ad-hoc, com favorecimento dos grandes clubes.

         

(Fontes:   The New Yorker;  O Globo)



[1] Traduzido de ‘State of deception’.

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