Não tanto às
escuras, mas se prepara o anúncio para o próximo aumento das passagens dos
ônibus. O movimento do Passe Livre em São Paulo e a sua difusão no Rio de
Janeiro e por esses Brasis afora aconselhou
os senhores Prefeitos – e Eduardo
Paes, no Rio de Janeiro, e Fernando Haddad, em São Paulo – a terem juízo e
determinarem às empresas de transporte coletivo que mantivessem inalterado o
preço das passagens.
Toda a
opinião pública contemplou os amuos, as caras feias de Paes e Haddad, muito
contrafeitos de não terem aplicado o acréscimo no preço do bilhete. Na verdade,
em especial Haddad, chegou a dizer – no que parecia porta-voz dos donos de
ônibus – que não concordaria com isso, que o aumento era indispensável, etc. e
tal. Se tivesse mais experiência – a sua
condição de ‘poste’ de Lula da Silva lhe fornece um álibi – teria sido melhor
guardar o silêncio.
O movimento
do Passe-Livre merecia mais atenção e respeito. E não deu outra. Os aumentos
indispensáveis para os coitadinhos do consórcio dos transportes tiveram de ser
engolidos a seco. Diante da reação do
povo, das ruas e das praças, essa turma enfiou a viola no saco, e esperou por
melhor oportunidade.
Que neste
ano da graça de Nosso Senhor veio rápida
e, na aparência, avassaladora. Pobres senhores donos de ônibus ! Esperar dois
anos para um aumento, em dias da inflação que dona Dilma nos trouxe, para eles
é dose !
Entrou em
cena a habitual comédia. O que mais espanta, no entanto, é que, depois da
desmoralização de ter de acatar, por imposição do povão, o congelamento das
tarifas de um serviço que deixa muito a desejar em termos de respeito ao
usuário, a Prefeitura do Senhor Eduardo
Paes apressou-se em aprovar o aumento. Assinou em baixo, sem sequer um
comentário ou um pedido de maiores informações sobre as justificativas do
reajuste pelo consórcio dos ônibus.
O Tribunal de Contas do Município teve comportamento
um pouquinho melhor, porque estudou as planilhas, fez comentários, se bem que,
ao fim de contas, ficasse tudo na mesma.
A postura
passiva da Prefeitura Eduardo Paes é o que mais choca a opinião pública do Rio
de Janeiro. Posto que não deva, o prefeito parece estar do lado não deste povo
sofrido que tem de enfrentar um dos mais deficientes (e perigosos) sistemas de
transporte coletivo.
A esse
respeito, levando na devida consideração, o clima do Rio de Janeiro – e as
características dos ônibus (desconfortáveis, muitos deles em más condições de
conservação) – é chocante que o Senhor Eduardo Paes e os funcionários da
prefeitura não tenham julgado oportuno realizar uma reparação ao carioca que se
deve desde muito.
Qualquer
pessoa sabe do clima do Rio de Janeiro. Estamos em verdadeira caldeira que por
semanas a fio tem mantido – para nosso desconforto – a mais alta temperatura em
todo o Brasil. Somos mais quentes que Teresina, Manaus, Belém e o que vier pela
frente. Qualquer telespectador poderá verificar: o termômetro anda por volta dos trinta e
muitos, com sensação de quarenta !
Ora, falar
de mais um aumento de ônibus, e nenhuma palavra sobre instalar nessas
carrosserias desconfortáveis e inseguras uma melhoria que faça a viagem menos
difícil e um pouco mais suportável ? Ar condicionado não é luxo no Rio de
Janeiro, Senhor Prefeito e senhores concessionários do serviço de transporte
público.
Senhor
Eduardo Paes, pergunto-me por que terá
esquecido de sugerir ao consórcio a necessidade impostergável de humanizar o
transporte público na cidade do Rio de Janeiro.
Se almejam o aumento, se querem encher as suas bolsas, é mais do que tempo de trazer não digo a modernidade – porque a climatização é algo que deveria ser corriqueiro – mas um
toque de humanidade para com os
usuários de um serviço que deixa tanto a desejar.
Ar condicionado já! e em toda a frota, sem as habituais
tentativas de escamoteação.
Senhor
Prefeito Eduardo Paes – o seu comportamento me faz inferir que as respectivas
ambições políticas não param em dois mandatos de prefeito desta Cidade. Que tal trazer algo de pró-ativo e humano para o
seu curriculo e impor aos concessionários do transporte coletivo a obrigação de
instalar ar condicionado em todos os veículos ?
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