sábado, 25 de janeiro de 2014

O Discurso em Davos

          

        A Presidente Dilma Rousseff, comparecendo ao Forum Econômico Mundial, em Davos (Suiça) cumpriu não apenas mera formalidade. Indo a local relacionado com enfoque econômico-financeiro diverso daquele que é atribuído à própria cartilha, Dilma mostra realismo e abertura ao diálogo.

        Na avaliação de O Globo, o discurso de Dilma pareceria mais próximo do de Fernando Henrique Cardoso, ao fim da década de noventa, do que com o de seu mentor, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. As semelhanças com o tucano se deveriam ao respectivo momento: tanto Dilma quanto FHC falam em ano de reeleição, enquanto Lula, facilitado pelo início de mandato, buscava moldar a imagem de líder com ambições mundiais.

        Como todo orador a fazer discurso pro domo sua, Dilma está balizada por previsíveis limitações.  Deixou boa impressão, e tendo presentes as prevenções do local, esse resultado positivo lhe deve ser reconhecido.

        Daí os pareceres dos figurões do setor privado da economia brasileira, com um viés claramente favorável. Nesse quadro, se computam os polegares erguidos de muitos pesos pesados da economia, como Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, Ricardo Villela Marino, do Itaú, e Frederico Curado, da Embraer.

         Dentre as avaliações mais longas, pragmatismo vence ideologia, de Carlos Langoni (FGV), Compromisso com estabilidade, de Luiz Carlos Prado (UFRJ) e Estratégia Correta e ênfase em ganhos, de Antônio Corrêa de Lacerda (PUC-SP) refletem o lado positivo nas apreciações, que foi o predominante.

         A nota discrepante foi dada por Alexandre Schwartsman, economista e colunista da Folha de S. Paulo, que já foi diretor do Banco Central: “Foi uma mensagem para alguém que olhasse para o Brasil pela primeira vez. (...) Dizer que tiraram milhões da pobreza, que o desemprego está baixo, todo mundo já sabe, mas a economia não cresce, a inflação está alta e não há controle de despesas correntes.”

        Em seu comentário, Miriam Leitão, colunista de O Globo, frisa os pontos fracos e fortes  do discurso (as reservas cambiais do Brasil em US$ 375 bilhões). A democracia brasileira, no contexto dos BRICS, é uma vantagem clara, que, pelas circunstâncias, prescinde de ulteriores comparações. Quanto à dívida bruta, um dado que preocupa e muito os analistas, Dilma fez um discreto jogo. Na verdade, ela recebeu a dívida em 53,35% do PIB e a fez subir para  59,9%. Agora, se acha em 58,4% do PIB.

 

(Fonte: O  Globo)

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