Fazendo contraponto ao discurso de
Dilma em Davos, as contas externas, conforme previsto, fecharam 2013 com enorme
déficit.
O nosso
balanço de contas correntes costuma ter tendência ao vermelho. Somente em anos
com folgado superávit na balança
comercial (troca de mercadorias) esse viés pode ser superado. Não foi o caso em
2013, quando essa balança comercial registrou um pífio saldo de U$ 2,6 bilhões (marcando queda de 87%
em relação a 2012).
Os principais
vilões que contribuíram para a composição do déficit de US$ 81,4 bilhões são a balança
de serviços, com déficit de US$ 47,5 bilhões e de Rendas, com
déficit de US$ 39,8 bilhões.
Por outro
lado, a conta financeira no ano
passado foi positiva: houve superávit de
US$ 73,8 bilhões. A par disso, o IED
(Investimento estrangeiro direto) assinalou US$ 64 bilhões, e o Investimento em
Carteira US$ 34,7 bilhões.
Diante desse
quadro – déficit crescente e investimentos em queda – o especialista em câmbio e economista-chefe da corretora NGO, Sidney
Nehme observa:
“Os dados do
Banco Central só confirmam o quadro de vulnerabilidade externa, ou seja, o
Brasil está entre os países mais vulneráveis (do grupo BRICS), porque as
reservas que temos só pagariam os compromissos que vencem nos próximos dois
anos. O governo já prevê um déficit nas contas correntes em US$ 78 bilhões em
2014. Se já começa o ano com uma previsão dessa, quer dizer que (o rombo) será
bem maior.”
Os analistas com
viés pro-governo, batem no refrão das reservas em divisas do Brasil. Nesse
contexto, decerto não surpreende a menção por Dilma Rousseff (V.blog específico) do montante dessas
reservas em US$ 375 bilhões.
É um dado de óbvia
relevância, mas por não ser estático, não é artigo de fé fora do tempo e do
espaço, e sim vantagem relativa, resultado de saldos passados, que pode ser
levado pela corrente futura, como os temores acima referidos de Sidney Nehme (e
da coluna de Miriam Leitão)
sublinham.
(Fonte: O Globo)
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