terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Notícias direto do Front

                                       

Recrudesce a revolta na Ucrânia

 
        Cada vez mais alinhado com a Rússia de Vladimir Putin, o governo ucraniano de Viktor Yanukovych fez aprovar pelo parlamento lei retirada da cartilha do Kremlin.

        Dando mais um passo no rumo do endurecimento do regime, o dócil Congresso ucraniano aprovou lei que proíbe manifestações políticas em Kiev. A determinação, no entanto, serviu, ao invés, para reavivar os protestos populares, e para a opinião pública demonstrar o próprio descontentamento com a linha de Yanukovych.  Como antes referido, o presidente ucraniano desistiu de acordo abrangente com a União Européia para aproximar-se da Rússia. Nesse sentido, do repúdio popular resultou na capital um megacomício com a afluência de cerca de duzentas mil pessoas.  
       A imitação do approach Putin – que é um pouco mais sofisticado ao dispor que só são admissíveis manifestações previamente autorizadas, a par de aplicar pesadas multas pecuniárias aos líderes dos protestos – acabou ironicamente por aumentar a participação e o empenho dos manifestantes.

      Principiando de forma pacífica, o comício, depois de três horas, tornou-se violento, sobretudo pela intervenção ostensiva e invasiva da polícia.  No entanto, nessa fase pelo menos, os populares não ficaram em grande desvantagem, com vinte feridos entre os policiais, enquanto algumas dezenas de manifestantes foram levados para hospitais.
     Ainda em deslavada cópia da cartilha de repressão de gospodin[1] Putin, para cercear as possibilidades de apoio por organizações não-governamentais, essas se vêem obrigadas, se receberem financiamento internacional (não importa o montante relativo) a se cadastrarem junto ao órgão governamental responsável como “agente do estrangeiro”. É evidente a pesada, grosseira mesmo, coação sobre a oposição, e, nesse contexto, a designação como alienígena se presta à maravilha – no entender de Yanukovych et al. – para caracterizar como impatriótica a eventual ajuda recebida.

     A líder da oposição – a quem o presidente ucraniano deixa padecer em cativeiro em lazareto de Kharkov, em outra cópia do figurino Putin, que graças à judicialização transforma os adversários políticos em condenados comuns – e ex-Primeira Ministra Yulia Timoshenko frisa para o povo ucraniano que Yanukovych instaura ‘uma nova ditadura’.

 
Os Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi

 
      Conquanto o regime de Vladimir Putin se esforce em tranquilizar os eventuais espectadores dos próximos jogos olímpicos de inverno em Sochi, as ameaças do terrorismo tchetcheno continuam. Nesse contexto, dado o macabro retrospecto do governo Putin em termos de eficácia de controle do terrorismo, só os incorrigíveis otimistas da linha panglossiana[2] irão tranquilos para o estádio terminado às pressas.

       Assim a Copa do Mundo de futebol – em que alguns dos estádios na desvairada regionalização desejada por Lula da Silva têm a sua finalização submetida a sucessivos adiamentos para retirar o sono dos gerarcas da Fifa – não é o único certame em que a desorganização paira sobre o sucesso do evento. Basta lembrar, nesse quadro de bagunça, o atraso do novo terminal do aeroporto de Fortaleza, a que faltam 75% para completar a obra. Parece que o remédio vai ser o ulterior vexame, patrocinado pela Infraero, de um pavilhão... de lona.    

       Na sua logorréia, o senhor Putin também está preocupado com os efeitos deletérios do homossexualismo.  Conquanto faça questão de frisar que não é homofóbico – depois da lei anti-gay que fez aprovar pela Duma[3] – manifesta-se consternado pelos efeitos do homossexualismo sobre a diminuição da natalidade na Federação Russa. O seu propósito seria de extirpar essa opção sexual da Federação, no que decerto carecerá de assistência técnica de Uganda.

 
 José Genoino paga a multa que lhe foi imposta pela Ação Penal 470

 
        Com empenho da família e sobretudo a sua boa imagem – e a impressão de que fora forçado a avalizar procedimentos que não aprovaria – o antigo presidente do PT, José Genoino quitou a própria dívida, com o pagamento da multa imposta pelo julgamento do Mensalão.

        É um desempenho que reflete a avaliação positiva feita pelos doadores no que tange ao seu alegado envolvimento no escândalo.
        Genoino tem um capital de seriedade e honestidade que foi a principal motivação para a célere acumulação de soma não pequena, através de doações pela internet. Semelha fundado duvidar que outros de seus companheiros de prisão disponham de igual facilidade na coleta espontânea de fundos. A verificar, portanto.

 

 

 
 (Fontes:  O Globo, Folha de S.Paulo, The New York Times)       



[1] Senhor (em russo).
[2] Do personagem Pangloss, do ‘Candide’, conto de Voltaire, que se tornou o modelo do ultra-otimismo.
[3] Câmara Baixa, na Federação Russa.

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