quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Os céus contra Trump ?


                                   

     No espaço de 48 horas, o presidente  Donald Trump  vem sofrendo derrotas importantes nas urnas, e no Congresso. Por isso, surge um momento ruim para as suas pretensões: as pesquisas apontam para  uma posição incômoda diante de seus rivais democratas.

     Dentre os reveses, repontam Virginia e Kentucky, com suas eleições na noite de terça-feira, 5 de novembro. No estado de Kentucky, o governador republicano Matt Bevin não se reelegeu, perdendo para o democrata Andy Beshear.  Deve-se ter presente a circunstância que Trump, em 2016, vencera com facilidade (mais de trinta pontos) a sua adversária direta, Hillary Clinton, e que neste novembro Trump se empenhou pessoalmente na campanha, a ponto de comparecer a um comício de Bevin, na segunda feira, véspera da eleição.
         Por outro lado, na Virgínia, a terça-feira foi igualmente desastrosa para os republicanos. Por primeira vez, desde 1993, os democratas controlam a Câmara, Senado e o governo estadual. Mas a coisa não fica aí: pesa o enfraquecimento do apoio ao GOP nos subúrbios, reduto da classe média, que em geral era fiel à Administração Trump e aos republicanos.
          Os republicanos convivem mal com um comparecimento maciço às urnas, e ainda mais com o ressurgimento do voto feminino democrata. Segundo a cientista política Rachel Bitecofer, da Christopher Newport University, na Virginia, o comparecimento em massa às urnas "impulsionou o desmoronamento do Partido Republicano nos subúrbios", o que se reflete nos resultados de Kentucky e Virginia.
           Sem os subúrbios - como se chamam esses bairros de classe média nos EUA - e seus eleitores, afigura-se mais distante a reeleição de Trump. As atuais sondagens colocam o presidente 17 pontos percentuais atrás de Joe Biden, o front-runner democrata, a 15 pontos da senador Elizabeth Warren, e a catorze do senador Bernie Sanders (esses três são os líderes na disputa democrata).

           Como se sabe, o voto para a Casa Branca é ainda indireto, e este trunfo é defendido com unhas e dentes pelo GOP. Não é aqui o lugar  para debater sobre quando o voto para presidente nos USA perderá afinal este ranço do século XVIII, quando o sufrágio indireto era indispensável pelas dificuldades nas comunicações e nos transportes, nesse país de enormes distâncias.

             No presente, a diferença entre o voto direto e o indireto (este, por ora, o único válido na eleição federal) deveria ficar no máximo em cinco pontos percentuais. Se a diferença no apoio popular subir a dez ou mais pontos de diferença, o candidato a presidente já está livre das distorsões da votação indireta.
              Um grande aliado do Partido Democrata e de seus campeões  (Joe Biden, o ex-vice presidente, está à frente das pesquisas) é o processo de impeachment, possibilitado pela reconquista da Câmara de Representantes pelos democratas. E novas audiências públicas, sob Madam Speaker Nancy Pelosi, estão previstas para a próxima semana.         

              Outro aspecto que pesa bastante na avaliação pelo eleitorado são as transcrições dos depoimentos a portas fechadas, que ora vêm sendo divulgadas pelos deputados democratas. Eles traçam retrato comprometedor da pressão que a Casa Branca exerceu sobre o governo da Ucrânia, um país que luta contra a contínua pressão exercida pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin. Pois Trump não se pejou em exercer pressão sobre o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, ao reter a ajuda militar americana àquele país, que Trump teve a audácia de condicionar à realização de um inquérito sobre Biden a cargo da justiça ucraniana!

                A situação de Trump ainda piorou com a reviravolta no depoimento do ex-embaixador dos Estados Unidos na Ucrânia, Gordon Sondland. Antes, sob ameaça, ele negara que tivesse havido barganha com a Ucrânia.  Sondland, no entanto,  ao deixar de ser embaixador, voltou atrás, e declarou que de fato houve tentativa de barganha com a Ucrânia. Não é só o fato de uma reviravolta de ex-subordinado do presidente: o problema para os republicanos é que Sondland é aliado de Trump, e foi doador da campanha presidencial de Donald Trump. Isso dificulta sobremaneira o trabalho de rotulá-lo como um "inimigo" que pretende derrubar o Presidente americano...

( Fonte: O Estado de S. Paulo )  

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