terça-feira, 12 de novembro de 2019

Declarações de Ciro Gomes


                                   
       Ciro Gomes falou com jornalistas ontem (onze de novembro de 2019). Candidato derrotado à presidência em 2018, ele continua no que parece aguerrido isolamento, distribuindo críticas. Assim, dois dias depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursar para a militância em São Bernardo do Campo, e reacender a polarização política com o presidente Jair Bolsonaro, eis que surge Ciro com duras críticas ao petista, a quem chama de "sem escrúpulo". Distanciando-se do petista, afirma: "Lula é um encantador de serpentes. A presunção dele é que as pessoas são ignorantes e que pode, usando fetiches, intrigas e a absoluta falta de escrúpulos que o caracteriza, navegar nisso. O mal que Lula está fazendo ao Brasil é muito grave e extenso".

           Ciro falou com jornalistas ontem à tarde, antes de uma palestra na universidade FMU, na capital paulista. O ex-ministro apoiou Lula pela primeira vez na eleição presidencial de 1989, quando era prefeito de Fortaleza.  Fê-lo igualmente nas eleições de 2002 , e também nas eleições de 2006, quando era ministro da Integração Nacional,  no governo petista. Já em 2018 o pedetista se afastara do ex-presidente durante a campanha.

            Assumindo um outro discurso, Ciro Gomes disse ontem que tanto Lula, quanto o presidente Jair Bolsonaro querem a polarização. No seu entender, eles "são duas faces da mesma moeda". Questionado sobre a possibilidade da formação de frente ampla da esquerda para enfrentar o grupo de Bolsonaro em 2020 e 2022, o ex-ministro descartou de forma categórica qualquer possibilidade  de estar ao lado do PT.  "O lulopetismo virou uma bola de chumbo amarrando o Brasil ao passado. Ele (Lula) está fazendo de conta que é candidato e que foi inocentado", disse  Ciro. Em seguida ele afirmou que "nunca mais" vai andar "com a quadrilha que hegemoniza o PT".

              Segunda instância.  Sobre a possibilidade do Congresso encampar uma proposta que restitua a possibilidade de prisão em segunda instância, o pedetista disse  que a Constituição "não é cueca" (sic) para ser trocada pela sujeira do dia a dia. "O artigo quinto da Constituição Federal repete entre nós um princípio de todo constitucionalismo mundial: a presunção de inocência até que o trânsito em julgado aconteça. Contra essa cláusula não pode haver emenda", declarou.
                 Em seu discurso em São Bernardo no sábado,  Lula mostrou disposição para viajar pelo Brasil para aglutinar a oposição em torno de seu nome. Em sua fala, disse Bolsonaro foi eleito para governar para o Povo brasileiro "e não para os milicianos do Rio".  O ex-presidente também atacou os ministros Paulo Guedes, da Economia, e Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública, e a Operação Lava Jato.
                  Por sua vez, Ciro Gomes afirmou que tem respeito pelo "petista médio" e lembrou que apoiou os governadores Camilo Santana, no Ceará, Rui Costa, na Bahia, e Wellington Dias, no Piauí. "Meu problema é com a cúpula corrompida do lulopetismo. Com essa gente, nem para ir para o céu".  Ainda segundo o pedetista, Lula e Bolsonaro são "rigorosamente iguais" do ponto de vista econômico. "Há uma distinção: o Lula paralisou as privatizações e usou as estatais para subornar gente para seu projeto de poder. A polarização é só no fetiche e no adjetivo".

                  Bolívia. O ex-ministro comentou ainda a situação da Bolívia e a renúncia de Evo Morales da presidência daquele país.  "Todas as pessoas de bem do mundo devem gritar em alto e bom som que exigem providências da comunidade internacional que protejam a vida do presidente Evo Morales. Ele corre risco de vida", afirmou.

                    Ele chamou de "calhorda" a posição dos países vizinhos, inclusive o Brasil, quando  negaram ceder espaço aéreo para que Morales tentasse asilo político."A Bolívia está entrando em ambiente de absoluta anomia", afirmou.  "Há uma evolução para a violência fruto de um golpe de Estado ao modo dos anos 50 e 60", completou.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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