sábado, 30 de novembro de 2019

Impropérios de Erdogan


                                  
          O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan,  criticou nesta sexta-feira, dia 29, o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, chegando a declarar que ele está em "estado de morte cerebral", o que acentua a tensão entre os líderes a uma semana da realização da cúpula da OTAN.
             Em reação às declarações de Macron, que recentemente afirmara que a OTAN estava em "estado de morte cerebral", o homem forte da Turquia atacou o líder europeu em discurso na televisão.

             "Primeiro analise sua própria morte cerebral. Essas declarações servem apenas para pessoas como Você, que estão em um estado de morte cerebral". Os comentários foram feitos após Macron criticar a ofensiva turca contra milícias curdas na Síria.
               Valendo-se de ignorância generalizada, Erdogan critica Macron. O presidente francês se manifestara com acerto, ao criticar a circunstância "de que não há nenhuma coordenação na tomada de decisões estratégicas entre os Estados Unidos e seus aliados da OTAN. Nenhuma."
                 Provocou decerto muita perplexidade a súbita atitude do presidente Trump ao afastar-se de modo abrupto e incompreensível  das milícias turcas, que sempre se pautaram pela coragem e a lealdade, servindo com o seu habitual destemor às forças dos Estados Unidos, tanto no Iraque, contra a então temível força do E.I. , e contra o mesmo adversário, na Síria. O abrupto abandono pelo presidente Trump desse aliado que sempre se notabiliza pela coragem e a lealdade - como é o caso do povo curdo - constituí um verdadeiro mistério,  que algum dia será deslindado, pela notada capacidade jornalística do povo americano.

                Por isso, sobra razão ao presidente Macron na sua entrevista, quando declara que "não há nenhuma coordenação na tomada de decisões estratégicas entre Estados Unidos e seus aliados da OTAN. Nenhuma." E, dentro desse contexto, acrescenta o presidente francês:  "Há uma ação agressiva, descoordenada, de outro aliado da Otan, a Turquia, em uma zona em que nossos interesses estão em jogo."
                A súbita reviravolta de Trump, cessando a coordenação entre as forças americanas e a milícia curda, sem dar qualquer motivo a tal atitude, em que pagou com singular ingratidão todo o empenho, a coragem e sobretudo a eficiência nas operações militares dos curdos, em continuado apoio às operações das forças estadunidenses, como acima referido.
                  É conhecida a atitude da Turquia e em especial de seu homem forte Recep Erdogan, a importante minoria curda existente naquele país.  Em outubro, a Turquia iniciou operação contra a milícia curda YPG, a que Âncara e em especial o seu atual homem forte, Erdogan considera como "terrorista".
                   A ofensiva oportunista da Turquia contra a milícia curda YPG - considerada "terrorista" pelo governo de Âncara - levou a países do Ocidente a criticarem  a ofensiva. Nesse contexto, Macron declarou em entrevista ao Economist, em princípios de novembro, que a operação turca unilateral "era um sintoma de que a OTAN estava em estado de "morte cerebral".

                     A instrumentalização da reviravolta na situação da milícia curda, de repente abandonada de forma que desafia qualquer correção na atitude do aliado que sem embargo dos excelentes serviços prestados pelos curdos - no que se distinguem das demais forças auxiliares, que dispensam comentários,  só pode ser compreendida pela falta de qualquer sentido ético de parte de um ferrenho adversário de um povo bravo e confiável, que merece o respeito que se tributa ao soldado leal. e de capacidade muito acima da usual.


( Fonte: Folha de S. Paulo )     

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