sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Bolsonaro exclui Folha das assinaturas da Presidência


        
          O presidente Bolsonaro, no dia 31 de outubro, anunciou que havia determinado o cancelamento de todas as assinaturas da Folha no governo federal.
           Edital do pregão eletrônico publicado nesta quinta-feira, dia 28 de novembro, no Diário Oficial da União prevê a contratação por um ano, prorrogável  por mais cinco, de uma empresa especializada em oferecer a assinatura dos veículos  à Presidência.
             A lista cita 24 jornais e dez revistas. A Folha não é mencionada. O pregão eletrônico, marcado para dez de dezembro, tem valor total estimado de R$ 194 mil: R$ 131 mil para jornais e R$ 63 mil  para revistas.
              Segundo Taís Gasparian, advogada da Folha "O governo federal age contra os princípios da moralidade e impessoalidade que devem nortear a administração pública. Com a atitude, agride toda a imprensa brasileira, e não apenas a Folha."
              O documento publicado nesta quinta especifica que a contratação é necessária  devido a uma "real necessidade" ao acesso de informações de maneira "rápida, precisa e confiável", fornecendo subsídios fundamentais para a tomada de decisões" e possibilitando a "a tempestiva produção de contrarrespostas".
                "Tendo em vista que as ações deste órgão são continuamente  matérias de divulgação ampla na mídia nacional", diz o edital.  
                 "A empresa vencedora deverá fornecer login e senha para acesso a um veículo de imprensa. A Presidência exige o acesso irrestrito aos veículos, incluindo aos materiais exclusivos. "
                  Procurada pela Folha, a Presidência da República não informou até a conclusão desta edição o motivo da ausência do jornal no processo de licitação e o critério técnico adotado.
                  "Determinei que todo o governo federal rescinda e cancele a assinatura da Folha de S. Paulo. A ordem que eu dei  { é que }  nenhum   órgão do meu governo vai receber o jornal Folha de S. Paulo aqui em Brasília. Está determinado. É o que eu posso fazer, mas nada além disso", disse Bolsonaro, em entrevista à TV Bandeirantes, em outubro.
                     "À época, entidades de imprensa se manifestaram contra a declaração de Bolsonaro. Além de repudiar a fala, organizações que representam o setor e a sociedade civil consideraram que a medida atenta contra a liberdade de expressão e os princípios que regem a administração pública."
                         Nesse contexto, na ocasião, o Ministério Público de Contas,  que atua perante o Tribunal de Contas da União, pediu à Corte que apure o possível desvio de finalidade na ordem do Presidente.
                          Em representação, o sub-procurador-geral do órgão junto ao tribunal,  Lucas Rocha Furtado, pediu também que a determinação fosse suspensa por meio de uma medida cautelar. Com base na representação, o tribunal abriu um processo para analisar a conduta do presidente. O caso ainda não  foi julgado.
                           O anúncio do Presidente Jair Bolsonaro em outubro provocou reação de leitores. (...)  Muitos dos que se manifestaram em redes sociais avaliaram que a declaração contra o jornal se tornou um estímulo para novos assinantes, que viram a atitude de Bolsonaro como censura e relatam que decidiram assinar o jornal para fortalecer a imprensa livre, independente e imparcial.

                             Antes do edital publicado nesta quinta, o Itamaraty havia retirado a Folha do clipping diário de notícias lido pelos funcionários (de chefia) do Itamaraty. Essa seleção reúne diversos veículos de mídia nacionais e internacionais, e a Folha passou a ser o único dos grandes jornais que não está incluído.
                               Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a Folha foi excluída por causa da determinação de Bolsonaro de cancelar as assinaturas do jornal feitas pelo governo federal.

                                Em uma audiência na Câmara dos Deputados, o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) defendeu a medida. "Mais uma vez me parece uso ruim da palavra 'censura' o fato de termos retirado a Folha de S.Paulo do clipping.  As pessoas continuam tendo acesso à Folha de  S. Paulo, se quiserem assinar ou comprar a Folha de S.Paulo, assinatura eletrônica, ou como quer que seja. Nos parece que este periódico especificamente tem um valor informativo bastante baixo e um valor de desinformação bastante alto. E foi isso que nos levou a retirá-lo do clipping", afirmou.

( Fonte da transcrição : Folha de S.Paulo )




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