segunda-feira, 4 de março de 2019

Os ausentes sempre têm culpa


                      
         Na imagem do velho boxeador, que conversava com meu amigo e eterno mestre Miguel Álvaro Ozório de Almeida, o knock-out sai sempre de um murro que a vítima da vez nunca saberá de onde saíu. A  'nobre arte', assim chamada e pasmem! sem traço de ironia pelos aficionados, é um desforço aparentemente simples, quase singelo, na aparência, mas decerto guarda muitas surpresas, e, como em quase tudo na vida, mais existirão quanto menos preparado estiver o suposto aprendiz.

            E já entrevejo o sorriso meio maroto de Miguel Ozório, que, com suas longas estórias, foi marco na minha carreira, e por quem não trepidei em ceder um punhado de anos de poder - e consequentes atrasos na longa caminhada que empreendemos com a confiança dos anos passados e os saltos no escuro a que a amizade por vezes nos empurra.

           E não é que a existência diplomática, a chamada carrière,  me ensinaria com os tortos traços do impenetrável futuro,  que o aprendizado existencial  não se limita a postos de poder, mas também a tais convívios na planície com os poucos maiores que a vida te faz encontrar pelo caminho.


( Fonte: travessia no Itamaraty )

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