sexta-feira, 15 de março de 2019

O brexit medíocre fará ilusão o sonho europeu ?



                       
          O  brexit é tão vazio, quanto a Theresa May. E é aí que mora o perigo.
        
         É um falso slogan, que, na verdade, nada tem de grandioso, como pretendem os seus sequazes. Pois, em realidade, o exit de que se trata é o da História. Realizado através de um referendo  mal convocado, feito sob os auspícios de quem pensara ouvir o clamor dos tempos, quando na realidade tal slogan refletia apenas os míopes desejos de pequenos partidos sem futuro,  máxime aquele "republicano" que daria origem ao movimento, e que já desapareceu de cena, muito propriamente sem deixar qualquer vestígio em termos dignos de referência.

         A Primeira Ministra representa a confirmação do dito de José Ingenieros de que os medíocres podem ter valor.  Não se fale, é claro, de um toque de Midas.  Quem dirige a sua "campanha"  (pois disso se trata) cuida de que a revolta de Westminster, rebelião essa que deseja afastar a mediocridade que está ínsita nesse cínico projeto do brexit,  venha a esfalfar-se em sucessivas e repetitivas votações.  Com isso, a Primeiro Ministra cuida de vencer o futuro pelo cansaço, a ponto de desmoralizar as sucessivas torrentes contra as suas supostas proposições. 
  
          Se estivesse de boa fé, ela abriria o leque das propostas.  Mas o que ela quer é justamente o contrário. Através de sucessivos votos negativos,  o seu intuito é banalizá-los e esvaziá-los.   
   
           Se alguma honestidade lhe presidisse à tática,  ela não estaria cinicamente esfalfando os adversários com suas iteradas manobras.  Procurem por alguma menção a que se abram para o brexit verdadeiras opções.  Além de jogadas vazias, e de visitas a expoentes da U.E.,  não há qualquer menção de alternativa séria, como  constituiria no caso passar a decisão para o referendo.  Não aquele medíocre, em meio ao verão e as férias, mas uma opção de aut ... aut  para valer, que é  justamente o que a May não quer.  Ela se crê uma raposa, a ponto de não desdenhar dos usuais adereços vulpinos,  quando na verdade por astúcia  ela irá recorrer  sempre a tudo, menos redespertar o Povo soberano, que vem sendo escandalosamente escanteado.
  
           Dessarte, ela trabalha ao mesmo tempo contra a Europa - que diferença dos líderes políticos ingleses da segunda metade do século vinte, que perseguiram a unidade europeia como um fim relevante em si mesmo, só para serem desmentidos pelos pósteros e não apenas por políticos do nível de David Cameron,  mas também dos que hoje se acotovelam nos Comuns, sem dar-se conta que constituem massa de manobra da medíocre May, que tudo fará para que o Reino Unido saia da União Europeia, e sequer se importa, pois age como na canção de Roberto Carlos - e que tudo mais vá para o inferno!

               Que ela - a amiga de Donald Trump - tudo fará nesse sentido, pois sequer tem noção do caos que irão provocar para a indústria inglesa os seus half-baked (mal-cozidos) planos para fazer de conta que o brexit de 2016 foi um êxito, malgrado os magros percentuais e as mesquinhas visões que se abrem para o futuro, com a Inglaterra de novo diminuída, e sua juventude de repente enraivecida, a exemplo daquela que era rebelde sem saber na realidade do porquê.

                  E que não se iluda o jovem povo inglês, se os sovados discursos da Theresa May vão trazer-lhe de volta a deprimente  visão de uma Inglaterra sem outra perspectiva que a de um pequeno mundo reburguesado, eis que, com a sua mentalidade atrofiada, estarão de volta as duanas, tanto as do pensamento, quanto aquelas das mercadorias !

( Fontes: José Ingenieros, de Gaulle,  a Inglaterra e a União Europeia )                             

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