quinta-feira, 19 de março de 2015

Pinga-Fogo

                                                

Vitória de Netanyahu

 
        Não pressagia bem para a crise no Oriente Médio a vitória de Benjamin Netanyahu nas eleições desta semana em Israel.

         Depois dos comentários desencontrados, acerca de aparente empate (stalemate) entre uma renovada esquerda trabalhista e a velha e retrógrada fórmula da direita de Netanyahu, infelizmente o eleitorado israelense preferiu o mais do mesmo, ao invés de  abertura com os palestinos.

        Netanyahu, com seus truques, pensa ter-se saído melhor.  Assim, votar nele significaria que não haverá estado palestino, sem falar da performance no Congresso americano, em que é difícil determinar quem sai pior na foto, se os republicanos, se o Primeiro Ministro afrontando o Presidente Obama com a sua demagogia anti-Teerã.

        No entanto, não se esqueça o povo israelense que o seu Premier, aferrando-se a  presente injusto, não só fecha a porta do futuro, mas condena o seu povo e os árabes à estúpida continuação da situação atual, cujo único propósito é o de tornar-se ainda mais nefária e detestável sobretudo para o povo palestino.

        É essa cegueira que está na raiz da questão oriental. Enquanto o governo de Israel tiver por objetivo a defraudação do direito palestino à própria terra – e com as ocupações dos chamados ‘colonos’ que, na verdade, plantam as sementes da injustiça e do consequente ódio do lavrador palestino que, com a conivência de todo o aparelho do estado judeu, se vê privado das próprias terras e dos respectivos meios de subsistência – eis que está assegurada a eternização da questão palestina. Com isso mais um governo cego e demagogo se apresta a continuar plantando copiosas sementes de sangue, assegurando o caráter perene dessa questão médio-oriental, com os seus avatares de divisão, confrontação e terrorismo.

 
O  episódio Cid Gomes  

 

       O ministro da Educação, Cid Gomes (PROS-CE) pediu demissão ontem, depois de altercação com o Presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).  O político cearense caíu vítima de  referência aos congressistas em que haveria ‘de trezentos a quatrocentos achacadores’.  A  observação foi feita há três semanas atrás, em evento fechado em Belém.

        Ao transpirar o comentário – que lembra a frase de Lula, nos tempos em que era congressista, de que havia trezentos picaretas na Câmara – Cid foi convocado pelos deputados para ‘explicar-se’. O que deveria ter sido feito na semana passada, foi postergado para ontem, por internação hospitalar do ministro.

        Cid Gomes não engoliu o que dissera, mas chamado às falas por Eduardo Cunha, disse que prefere “ser acusado por ele de mal-educado do que ser como ele, acusado de achaque”. Diante disso, Cunha declarou que vai processar Cid Gomes.

         Em clima de enfrentamento, Cid afirmou não concordar  com a postura de quem “mesmo estando no governo, os seus partidos participando do governo, têm uma postura de oportunismo.” E acrescentou: “partidos de oposição  têm o dever de fazer oposição. Partidos de situação têm o dever de ser situação ou então larguem o osso, saiam do governo.”

         Dada a performance de Cid Gomes, que não recuou e continuou a atacar os ‘achacadores’, ele seria demitido prontamente pela Presidente. Acrescentando ao desconforto gerado pelo choque intragovernamental, comunicado pelo Planalto, o Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, anunciou pelo microfone a demissão do ministro que ousara confrontar o PMDB.

 

Vazamento de avaliação pela Secom dos problemas do governo Dilma

 
           Um documento da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República vazou. Nesse papel interno, o ministro Thomas Traumann expõe com todas as letras para o pessoal do governo os problemas da gestão Dilma.

           Sendo para iniciados e caindo nas mãos da imprensa por vias não esclarecidas, as verdades aí ditas, aditadas de observações questionáveis, podem ser suficientes para dar o bilhete azul a esse ministro que se encontra ausente, nos Estados Unidos. 

           Como se sabe, o aludido papel foi divulgado na última terça-feira dezessete pelo Estadão. Nele, Traumann admite falhas na comunicação do governo e diz que o país enfrenta um caos político.

           Por outro lado, a aludida análise da Secom aborda estratégias da campanha à reeleição de Dilma e admite o uso de “robôs” para disseminar conteúdo favorável ao governo nas redes sociais.

           A par disso, o documento propõe um realinhamento com blogs que defendem Dilma e o governo na internet, e ainda afirma que o governo precisa “municiar” a “guerrilha virtual”.

           A esse propósito, o Senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) pediu nesta quarta-feira a exoneração do ministro Thomas Traumann.: “Passa pela sua cabeça que, em um país civilizado, um órgão da Presidência, comandado por alguém que tem status de ministro, forneça munição para a guerrilha de soldados de fora do governo, numa ação coordenada de propaganda política misturada com propaganda?  É crime.”

 

( Fontes: O Globo, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo )

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