quarta-feira, 25 de junho de 2014

Fracasso do Cessar- fogo ucraniano ?


                                   

          O novel presidente da Ucrânia, Petro O. Poroshenko, apresentou proposta de cessar-fogo no leste ucraniano. Nesse sentido, discutiu a questão, por telefone, com gospodin Vladimir Putin, que teria, em princípio, aceito a iniciativa.

          Conjugada com essa oferta, foi prometida anistia aos milicianos pro-russos que atuam nessa vasta área da Ucrânia, e em especial na bacia do Don.

          No entanto, os grupos de sublevados, em diversos centros em torno do entroncamento ferroviário de Krasny Liman, não depuseram as armas. Ao invés, continuam  batalhando, e afirmam que não estão convencidos da sinceridade e da efetiva validade da anistia proposta por Poroshenko.

           Tal bastou para que os efetivos de tropas russas retornassem para a fronteira – como assinalou fonte da NATO.  Por outro lado, em telefonemas para a Chanceler Angela Merkel e o Presidente François Hollande, Putin manifestou a sua preocupação com a evolução da situação.

            Como Moscou está por trás da atitude beligerante dos milicianos pró-Rússia – e um helicóptero ucraniano teria sido derribado por esse grupo -  há fundadas razões para duvidar da sinceridade do Kremlin na matéria.

            A bacia do Don – e a cidade de Donetsk, onde está instalado um governo provisório pró-anexação à Rússia  - é região bastante importante para a economia da Ucrânia, pela sua usina siderúrgica, e a via férrea que assegurava conexão com a Criméia. A ilegal intervenção russa naquela antiga província ucraniana dificilmente será revogada. No entanto, Vladimir Putin não parece satisfeito com o que já conseguiu – em forma que vai contra o direito internacional e os supostos progressos no respeito à lei depois da Segunda Guerra Mundial.   

              Sem parecer acusar maior mossa com as fracas sanções que os Estados Unidos e a União Europeia impuseram à economia e a cidadãos russos, Putin, em telefonemas com a Chanceler alemã, Angela  Merkel, e o Presidente francês, François Hollande, se declarou preocupado com a evolução da situação na Ucrânia oriental.  Como o senso de humor não parece ser o forte do presidente russo, desperta não pouca estranheza que o principal fautor da crise (primo, na Criméia, que já virou província russa, e secondo, nessa desestabilização da Ucrânia aonde predomina a fala russa, no fomento de revolta em que voluntários russos batalham e morrem, tropas russas se acotovelam na fronteira oriental ucraniana, e até tanques russos são transferidos para as milícias pró-Russia ) venha agora manifestar  preocupação (concern) com a atitude do novo Presidente.

             A situação no Iraque – e o crescente re-envolvimento americano – contribui para afastar, ou pelo menos, colocar em segundo plano, a atenção de  Barack Obama para a crise ucraniana. Não há indicação das eventuais observações da Merkel e de Hollande quanto às queixas do presidente russo. Não creio muito provável, s.m.j., que hajam defendido o colega ucraniano. Parodiando um ditado francês, Hollande poderia, v.g., ter explicado que, à maneira de um cachorro muito mau, que se defende quando o atacam, Poroshenko teria agido dessa forma, diante da manifesta oposição dos milicianos pró-Russia, à idéia do cessar-fogo, e por conseguinte, à idéia da soberania do governo de Kiev naquela região...

(Fonte subsidiária:  The New York Times )

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