quarta-feira, 26 de junho de 2013

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Fuga de Edward J. Snowden

            Após informações contrastantes, pilhado em Hong Kong, Edward Snowden, antes agente da CIA com acesso autorizado a temas secretos de segurança nacional, e cuja extradição fora pedida pelo Governo dos Estados Unidos, por ter ele revelado informação confidencial sobre a respectiva coleta de informações e  alegada exposição de invasão da privacidade, conseguiu viajar da ex-colônia inglesa e se acha no setor de trânsito internacional do aeroporto Sheremetyevo, nas cercanias de Moscou.
            Parece evidente que a fuga de Snowden foi facilitada pela República Popular da China. Dado o atual status do território de Hong Kong, não é crível a não-participação de Beijing na questão, e a criação de condições para que a viagem do americano, de que as autoridades americanas se empenham na extradição, se efetivasse contra a vontade de Washington.
           Depois dos rumores de que Edward Snowden estivesse homiziado na Russia, como escala em deslocamento para Havana, em Cuba – havia assento reservado em seu nome em  vôo da Aeroflot para a capital cubana – o Presidente Vladimir V. Putin concedeu entrevista na qual declarou que tecnicamente Snowden não se encontra na Federação Russa, mas sim no setor de trânsito internacional do aeroporto Sheremetyevo.
            As declarações de Putin assinalam mais um resfriamento nas relações com os EUA: “O senhor Snowden é um homem livre. Quanto mais rápido escolha sua destinação, melhor para nós e para ele.” E acrescentou: “No território da Federação Russa o Sr. Snowden não cometeu,graças a Deus, nenhum crime. No que concerne à possibilidade de extradição, nós só podemos mandar de volta alguns cidadãos  estrangeiros  para os países com que tenhamos acordos de extradição. Com os Estados Unidos não dispomos de tal acordo.”
            Nos últimos tempos, as relações entre Moscou e Washington têm se caracterizado mais por baixos do que por altos, com o Congresso americano baixando leis designadas pelo nome de vítimas russas de direitos humanos, e que voltam a culpabilizar cidadãos russos, como nos tempos soviéticos, com os entraves à emigração de judeus russos para Israel.   
           Também não ajuda a criação de atmosfera favorável a discordância sobre a guerra civil na Síria, em que o Governo Putin se empenha no apoio armado ao regime de Bashar al-Assad, e a Administração Obama ainda não formulou uma reação determinada diante do enfraquecimento da Liga Rebelde Síria.
           Há muitas dúvidas nos Estados Unidos sobre como reagir às denúncias de ampla  operação de invasão da privacidade, por agências de informação naquele país. A avaliação da amplitude dessa coleta de dados de parte da Agência Nacional de Segurança (NSA) e da própria CIA é discutida pelo Congresso e a imprensa americana.
          Para onde irá o Sr. Snowden e o quanto a sua atuação se entrelaça com a sorte de Julian Assange, o fundador de WikiLeaks, e presentemente em asilo diplomático na missão do Equador em Londres, são tópicos controversos e que ainda não se acham determinados.

 
Mais um retrocesso determinado pela Corte Suprema

         
          Reacionário é todo ato ou postura que visa a recuar, a decisões e atitudes, que advogam a  marcha-a-ré como solução para problemas da atualidade.
          A sentença da Corte Roberts Jr. reflete a sua presente maioria conservadora, e está na mesma linha hipócrita da Citizens United (Cidadãos Unidos).  Por cinco votos a quatro, os cinco direitistas – reflexo do predomínio de Administrações Repúblicanas nos  tempos  anteriores aos triunfos eleitorais de Barack Obama – não se pejaram de derrubar o grande avanço no combate aos empecilhos do voto livre, que constitui o cerne da Lei dos Direitos de Votação, de 1965 (portanto da fase áurea do bipartidismo, sob a égide do Presidente Lyndon Johnson, no combate às barreiras colocadas pelo preconceito sulista ao voto das minorias, e notadamente dos negros).
         Enquanto a Citizens United desfez todo um trabalho legislativo de proteção à lisura nos pleitos, de modo a assegurar o controle do poder econômico, a aludida sentença da Corte – baixada nos primórdios do primeiro mandato presidencial de Obama, e por ele verberada em Discurso sobre o Estado da União – resultou na prática em um vulgar ‘liberou total’  à influência do dólar na campanha eleitoral, culminando na estranha conversão da pessoa jurídica como se tivesse os mesmos direitos do cidadão votante. Assim, através de corporações em que o poder anônimo do dólar impera, as referidas pessoas jurídicas adrede constituídas estão liberadas para financiar a propaganda eleitoral, o que inclui ataques determinados a qualquer candidato, seja em votações de primárias, seja nas campanhas para o Congresso, os governos estaduais e a Presidência.
          Rival em termos de instrumentalização desse crescimento das faculdades reacionárias de controle do sufrágio está a sentença da Corte Suprema, segundo a qual o Poder Federal não terá fornecido justificação adequada para sujeitar nove estados (notadamente os do chamado Sul profundo) à supervisão federal, com vistas a coibir abusos  daqueles estados no sentido de criar óbices para a votação das minorias.
         Como é manifesto – apesar de o Chief-Justice Roberts Jr. declarar que “os tempos de 1965 estão superados, e que a Nação americana hoje não está mais dividida segundo tais linhas, a Lei dos Direitos de Votação continua a tratá-los como se ainda perdurassem”, na verdade a realidade é bem outra. Ela continua a exigir a intervenção pontual de Washington para evitar as conhecidas manobras do estamento sulista em dificultar o voto dos afro-americanos. Retornarão, portanto, se por acaso as Parcas  não ensejaram ao Presidente Obama que venha a constituir uma nova Corte Suprema – que não mais interfira em eleições, como na vitória concedida a  George W. Bush contra Albert Gore, e na política em geral, para favorecer o Grand Old Party, vale dizer o Partido Republicano – após mutilarem a lei de 1965 na defesa dos direitos humanos (e políticos) das minorias. Veremos de novo os testes de alfabetização, as dificuldades colocadas ao voto antecipado, e todos os enésimos pretextos manipulados para diminuir a participação das minorias, e por conseguinte dificultar-lhes a afirmação dos respectivos direitos, como cidadãos.

 

(Fonte:  International Herald Tribune )        

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