segunda-feira, 1 de julho de 2013

Não é por aí

                                               
        O ex-presidente Lula da Silva nos faz saber – para variar, está fora do país  - que considera ‘extraordinária’ a reação de Dilma perante as manifestações. Não é o que acha o Povo brasileiro.      
        Tampouco, convenhamos, será a impressão da presidente. Se estivesse indo tão bem assim, por que se escondeu no encerramento da Copa, e mandou para lá o Ministro Aldo Rebello?
        Quanto à qualificação do comportamento da pupila, há alguns pontos que seriam interessantes esclarecer.
         Na publicação das pesquisas – que marcaram a precária situação de Dilma perante os eleitores – dados suplementares, ora divulgados, mostram que o ex-presidente não está assim tão mal perante o eleitorado, e que poderia até ganhar em primeiro turno. Os dados nos induzem a pensar que a opinião pública tem presente que o governo anterior foi melhor – pelo menos, a inflação não tinha sido irresponsavelmente retirada do frasco – e, por isso, numa votação hipotética reelegeria Lula ainda no primeiro turno, o que não é o caso com a sua pupila.
         Muita coisa está em jogo, se se confirma a deterioração na avaliação pelo Povo de D. Dilma. O pior de tudo é a mordida burra da carestia, que, como mestre Edmar Bacha nos recorda, só foi possível afastar por ter sido o real criado “como uma moeda na qual os preços refletiam livremente seus custos e não a vontade dos governantes de mantê-los artificialmente baixos”.
         Para completar o quadro, sempre segundo Bacha, um dos criadores do Real, “o atual governo parece haver esquecido essa lição, ao tentar inutilmente  reprimir a inflação com controles de preço e desonerações fiscais.”
          Essa conquista da cidadania, até hoje, não entendo por que a senhora resolveu colocar em risco. Como autêntica aprendiz de feiticeira, a presidenta promoveu “uma expansão descontrolada do crédito dos bancos públicos e dos gastos governamentais, ao postergar os reajustes nos preços controlados”.  Além disso, o que é ainda mais grave, afastou o único guarda, vale dizer o Banco Central, a quem não deixou “atuar a tempo para conter a alta dos preços”.
          Agora, quer mostrar serviço perante as manifestações de protesto. Para tanto, chama a Palácio umas tantas entidades chapas-branca, que se arrumam na patética mesa das delegações para repetir as lições encomendadas pelo Planalto.
          Mas a falta de conexão com a realidade das ruas não para aí.  Pois não é que anuncia convocar uma reunião do seu ministério, aquele dos 39 ministros, que até a nervosa turma do poder fala em cortar pelo meio ?  Reunir ao lado dos gerarcas do P.T. (os mesmos de que aumentam os batimentos cardíacos e o nervosismo ante a indizível perspectiva de caírem na planície) e assemelhados, o bando de ilustres desconhecidos e parasitas da pulverização partidária  -  será isto mostrar serviço ou arrebanhar público para ouvir mais uma alocução sua ?
           Por trás de tudo, o Líder Máximo alterna juízos – que vão dos elogios (extraordinária) a expressões de desalento: ‘barbeiragem’. O que nós não podemos esquecer é que a responsabilidade por haver indicado Dilma a ele pertence, e a mais ninguém. Desse modo, ele não pode alternar máscaras de aprovação e repúdio, como se fossem apenas faces de uma mesma moeda. Nem apresentar-se – no caso de as coisas piorarem para o lado deles – como solução salvadora, a ser usada apenas na emergência de uma possível expulsão do Palácio e adjacências do antigo Partido dos Trabalhadores.

 

(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo)

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