Golpe militar no Egito
Mohamed
Morsy, o único presidente egípcio eleito pelo sufrágio popular, errou ao pensar
que devia o poder à Irmandade Muçulmana e não ao Povo. Ao invés de agregar,
desagregou, cuidando dos interesses de seu partido islâmico. Se tivesse tido
presente que lhe competia defender a causa da coletividade, teria possibilidade
de afirmar-se. Ao invés, faltou-lhe comunicação com a cidadania, além da
consciência de enfrentar os principais problemas a atenazarem o povo em geral.
Nada
reflete mais a sua incapacidade de diálogo. Já em meio à crise, falou por duas
horas para dizer muito pouco, a par de confirmar a impressão generalizada de
que nada tinha para apresentar que respondesse ao apelo das ruas. O
interminável discurso selaria o próprio fim político, diante da confirmada
falta de qualquer conexão com as carências do homem do povo.O golpe militar, em meio ao desfazimento do governo da Irmandade Muçulmana, foi assim a triste decorrência das reais condições prevalentes na sociedade egípcia.
Dentro da relatividade egípcia e dos pomposos nomes de suas autoridades, o Comando das Forças Armadas convocou para assumir a presidência interina Adly Mansour, que encabeça a Suprema Corte Constitucional. Há um toque de humor negro nisso tudo.
É de esperar-se que da urna eleitoral – pois seria esta a missão principal do magistrado – saia alguém com capacidade de atender às questões urgentes. No médio prazo, a Praça Tahrir como solução não funciona.
A implementação da Lei da Reforma Sanitária
Não é segredo que dentro do clima faccioso a caracterizar as relações do GOP com a presidência Obama o cerne do dissídio se acha na rejeição visceral, quase animal, de grande parte dos republicanos ao que eles chamam de Obamacare, e que é a Lei da Assistência Sanitária Custeável (ACA, nas iniciais inglesas).
Como o Partido Republicano já propusera no passado legislação similar, forçoso será reconhecer que a oposição é mera questão de paixão sectária, que pouco tem a ver com os propósitos da Lei que pretende tornar a assistência médica nos Estados Unidos mais abrangente e um pouco menos cara.
A desistência seria postura demasiado frequente no léxico político de Barack Obama. Colocado diante de empecilho – que nem precisa ser muito grande em termos de número de opositores – o 44º presidente irá considerar o adiamento da sua proposta. Foi assim no caso da prisão de Guantánamo – que prometera na campanha de 2008 fechar, e até hoje continua embaraçosamente aberta, com os combatentes inimigos herdados da Administração Bush.
A questão, no entanto, não se cinge a um contexto de decisão que implique em redução importante da implementação da Lei da Reforma Sanitária Custeável (Affordable Care Act). A despeito da Schadenfreude (alegria com desgraça alheia) que aparentam os republicanos, uma análise do TPM mostra que o anúncio feito pela Casa Branca de adiar para as grandes empresas (com mais de 50 empregados) o cumprimento do mandato da lei de dar cobertura de assistência sanitária a seus empregados (ou pagar multa se não cumprir a injunção legal) terá somente reflexo marginal na implementação da reforma da Saúde.
Na avaliação dos expertos a implantação da ACA continua, com muitas grandes empresas vendo no próprio interesse financeiro o cumprimento das prescrições da reforma. Nesse sentido, por se tratar apenas de um soluço no plano geral a repercussão seria pequena.
O difícil regresso do Presidente Evo Morales
No princípio
de todos os problemas estaria uma frase do Presidente da Bolívia. Com efeito,
na sua estada em Moscou, disse que poderia até ficar feliz em hospedar o
fugitivo Edward J. Snowden. Em diplomacia, as palavras precisam ser medidas,
porque podem ter consequências além da inanidade de simples floreio verbal.
Ainda mais no caso de quem dispõe de aeronave própria para o retorno.
Dada a
posição ideológica de Evo Morales, não pareceu de todo despropositada a
perspectiva de dar uma carona a esse ex-agente da CIA. Por causa disso, França,
Portugal e Espanha revogaram a licença de sobrevôo ao avião do Presidente. Nessas circunstâncias, e com
pouco combustível, teve autorização de pouso em Viena. Lá permaneceu treze
horas na pista. Uma fiscalização de rotina foi realizada nos passaportes dos
passageiros a bordo, além de os funcionários austríacos serem autorizados a uma
vistoria no avião, para confirmar que o Sr. Snowden não estava a bordo.Antes da partida no dia seguinte da aeronave, o presidente da Austria, Heinz Fischer visitou o Senhor Morales, para ‘determinar que todos os procedimentos tomados em Viena foram corretos’.
Na longa viagem de regresso foi incluída uma escala técnica para recarregar os tanques nas ilhas Canárias.
(Fontes: International Herald Tribune, TPM, Globo
on-line)
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