A visita ao Brasil de Papa Francisco terminou como começou. Na alegria do povo, que o recebeu carinhosamente desde o primeiro dia, pois a nossa gente o acolheu com enorme entusiasmo, dada não só a envolvente simpatia do Santo Padre, assim como o seu genuíno prazer em estar com os fiéis.
Alguma
imprensa estrangeira confundiu com populismo a sua decisão de ignorar as
barreiras da segurança e do medo. Como pode delas carecer quem tem gosto em
estar com os fiéis, como se recebesse a cada um, não do alto de um pedestal, ou
por trás de janela à prova de balas, mas como o pastor que cuida, preza e
respeita a cada ovelha ?
Nada mais
natural do que a postura de Papa Francisco. Quando atravessa a praia de
Copacabana, a pé ou de papa-móvel, quando visita as moradas humildes na favela
da Varginha, ele será o mesmo, ou talvez ainda mais afetuoso, do que quando
recebe as visitas dos fiéis da aristocracia e do poder.
O povo não é
bobo, nem tolo, e logo descobre quem realmente não só o respeita, mas tem o
afeto sincero que não se encerra apenas em nosso hino. Por isso, malgrado as
advertências das autoridades que vêem nos populares antes a ameaça do número e
dos indizíveis perigos que pensam perscrutar nas massas, Papa Francisco, com o
seu dom das gentes, e a sua vocação missioneira, a eles se entrega com a
confiança do bom pastor.
Por isso, se a
visita do sucessor de Pedro foi um rosário de alegrias, ensinamentos e fundas,
sentidas emoções – como no abraço ao mais humilde de seus fiéis, e nas palavras
e bênção dadas a Oscar, que, de joelhos, lhe pedia a intercessão na própria
luta – a extemporânea moldura lhe seria dada pelas cerimônias oficiais de
recepção e despedida ao Sumo Pontífice.
A maior parte
da gente presente nessas ocasiões que a convenção reserva ao oficialismo tem
apenas vagos traços em comum com o povo em geral. Muita segurança caracteriza
tais encenações, e Papa Francisco semelha conformar-se a tais por vezes longos
momentos, para que as convenções do poder sejam respeitadas.
A Presidente
Dilma – que apareceu, igualmente, na Missa de Envio da Cruzada Mundial da
Juventude, com os vizinhos Cristina Kirchner e Evo Morales – resolveu não
comparecer à despedida. À chegada, ela
recebeu o Papa Francisco, mas no seu extenso e despropositado discurso mostrou
o que todos sabemos. Por motivos ideológicos, ela é uma estranha à festa
popular que consagrou o Santo Padre. Faz parte de um outro mundo, e por isso
não se conecta com o Vigário de Cristo. Ela pode ir, se instada por assessores,
à catedral de Aparecida, para tentar angariar votos na hora decisiva das urnas.
No entanto, basta deparar-lhe o jeito canhestro e a falta de qualquer sensibilidade
com a gente brasileira que não precisou de guias para conectar-se, admirar e
curtir o estar com Francisco, essa grande dádiva que o Espírito Santo ora
reservou para a Igreja.
Por isso no
erro de não despedir o Santo Padre – com
o que seria o eco oficial da transbordante recepção que o povo brasileiro de
Deus, em amoroso, comovente entusiasmo, ofereceu ao Bom Pastor
- D. Dilma de certo modo colaborou com o bota-fora protocolar. O Vice Presidente Michel Temer, com o seu
jeitão empertigado, soube encontrar palavras que tinham o sangue do afetuoso
apreço e respeito que aqui recebeu o Pontífice em cada rua, em cada praça, nos
imensos auditórios e na praia de Copacabana, sem meias palavras, com a força da
natureza – que até exagerou um pouco na chuva e no frio - mas quiçá quem sabe terá sido a forma de Deus
manifestar o quanto tudo que é natural e espontâneo convive com alegria com o
nosso Papa Francisco.
( Fonte subsidiária: Rede Globo )
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