Espionagem da NSA
Se cabe ao Brasil o direito soberano de tomar
medidas no sentido de inviabilizar a espionagem estrangeira, em termos
diplomáticos o protagonismo presidencial
deve ser evitado.
No caso em tela, em que há suspeita de
espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) e da CIA no Brasil, é o
Ministro das Relações Exteriores a autoridade apropriada para manifestar-se e
ocupar-se do encaminhamento de eventuais protestos e de propostas às Nações
Unidas e a seus organismos (no caso a Comissão de Direitos Humanos).Preserva-se, assim, no plano externo a figura do(a) Presidente da República, cuja intervenção só se dará quando determinadas as responsabilidades respectivas, ou se por outras razões for julgada oportuna a escalada hierárquica.
Não é questão de dar maior relevo ao Itamaraty, mas de hierarquizar a questão de forma adequada, de conformidade com a prática diplomática. A interveniência imediata do(a) Chefe de Estado é própria de países de menor peso, que não dispõem em geral de diplomacia confiável, o que leva ao atalho da exposição imediata de sua máxima autoridade. Isso não consulta ao interesse nacional e muito menos a quem ocupe o mais alto cargo.
No caso, portanto, o espontaneísmo da Presidenta não se coaduna com a prática internacional, e a sua postura é própria de países sem tradição diplomática.
A propósito da alegada espionagem americana – que já condiciona o périplo do embaixador Thomas Shannon pelos gabinetes ministeriais, começando por Paulo Bernardo, das Comunicações, com os desmentidos de praxe – semelha oportuno o testemunho do jornalista Janio de Freitas que, com a sua larga experiência profissional, nos aconselha: ‘ cumpramos o ritual de fingir-nos surpresos e indignados com a espionagem agora revelada’.
As matérias divulgadas por O Globo se relacionam com o correspondente do ‘Guardian’ no Rio de Janeiro, Glenn Greenwald, a quem o governo estadunidense considera, segundo informação do próprio, cúmplice de Edgar Snowden ao divulgar os documentos por ele revelados.
Greenwald, que já arranha o português como se verificou no Jornal Nacional de ontem, considera-se ‘com sorte’ por residir no Rio de Janeiro e estar assim livre dos órgãos do governo de Washington.
Serviço Médico Obrigatório
Rescende a
autoritarismo a idéia de serviço civil obrigatório que desejam empurrar goela
adentro dos estudantes de medicina. Se a algum apparatchik burocrático acudiu
essa infeliz ideia, ela parece mais saída da sovada cartilha do comunismo
cubano do que de um plano inteligente e aplicável para atender à deficiência
médica do SUS. A situação de tal serviço é uma consequência de sua baixa
remuneração, além do laxismo das estruturas encarregadas de implementá-lo,
sobretudo na sua disposição nos hospitais, como se depreende de chefias que
ignoram o absenteísmo dos médicos, ou que olham para outro lado, diante da
utilização de bagrinhos ou cousa que o valha.
Se aos seis
anos do curso médico, mais a residência (reservada àqueles de melhor preparo),
temos pelo menos sete anos, aditar mais dois é uma providência que parece mais
saída de uma ditadura esquerdizante do que de um regime democrático. As deficiências do SUS tem muito mais a ver com o defasamento da remuneração, do que com o número de médicos.
Tampouco seria aceitável na democracia brasileira trazer para cá os médicos cubanos, que trabalham na Venezuela sob regime de servidão, eis que uma parcela de seus ordenados é retida pelos gerontocratas de Havana.
E os médicos estrangeiros, com o problema da língua, da dispensa de exame prévio e da falta de condições nos sertões desses brasis, é uma falsa solução, que pode criar ainda mais problemas e lacunas do que os da crise atual.
Temos de resolver a questão com a prata da casa, e deixar de fingir que a atual tabela do SUS é adequada.
O resto é
conversa fiada.
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