terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Quem matou Alberto Nisman?

                                        

          Fatos:  na noite de domingo, 18 de janeiro o promotor Alberto Nisman foi encontrado morto, dentro do banheiro de seu apartamento em Puerto Madero, em Buenos Aires. A seu lado, estava um revólver calibre 22. O cadáver tinha um tiro na testa.
           O promotor não deixou carta de despedida.

            Era aguardado o seu depoimento no Congresso, em que deveria acusar a Presidente Cristina Fernández de Kirchner de encobrir os autores do ataque à Associação Mutual Israelita-Argentina (Amia), em 1994.
            Circunstâncias:  A promotora que investiga o caso,Viviana Fein, revela que segundo a autópsia “não houve intervenção de terceiras pessoas”. Outras hipóteses sobre o óbito não são, contudo, descartadas. Essa colega do promotor Nisman disse ainda estar à espera de um laudo de pólvora feito no corpo.  Provoca estranheza que esse exame não tenha sido feito ainda, eis que, em caso afirmativo, dirimiria qualquer dúvida sobre o suicídio. Por outro lado, a ausência de marcas de pólvora na mão e nos braços de Nisman apontariam para concurso externo na causa do delito.

           Observações.  A hipótese do suicídio, que é sugerida pelas circunstâncias em que foi encontrado o corpo, carece de ser corroborada pelo exame de restos de pólvora na mão e braço do promotor. No entanto, nada na atitude pregressa do promotor Nisman aponta para o suicídio.  Anunciara a sua intenção de declarar  no Congresso a denúncia formal da Presidente Cristina de Kirchner, do chanceler Hector Timerman e de outros aliados da Casa Rosada, por negociarem acordo com Teerã para que os suspeitos iranianos do atentado à AMIA não fossem investigados.
            Em 2013, a Argentina e o Irã assinaram protocolo para que os suspeitos fossem interrogados em Teerã, o que obviamente os favoreceria.

            Qual a razão dessa pesada concessão?  Para Nisman, a Casa Rosada aceitara isso para fazer um acordo  para trocar petróleo por produtos agrícolas, em meio à crise econômica no país.  O acordo gorou  porque a Interpol não retirou as ordens de captura dos suspeitos iranianos.

            Quais as provas de que dispunha o Promotor Nisman?  As suas principais provas eram gravações de telefonemas entre iranianos e militantes ligados ao governo argentino.  Um juiz já ordenou a proteção dos arquivos que seriam usados na denúncia.

            Isenção do Governo?

           Consoante a deputada Laura Alonso, que mantinha contato direto com o promotor  Nisman, o volume das ameaças aumentara nas últimas semanas. Por outro lado, Patrícia Bullrich declara que agente de inteligência argentino dera aos iranianos detalhes sobre os movimentos de Alberto Nisman e de sua família.

             Consequências políticas.

             Os principais presidenciáveis – as eleições são em outubro p.f. – evitam, por ora, responsabilizar o governo. Todos pedem rapidez na elucidação da ocorrência. Há geral e manifesto consenso quanto a importância do caso, e de suas implicações políticas.  Para o candidato radical, Ernesto Sanz, “esse é o acontecimento mais grave desde a volta da democracia.”
              Segundo o analista político Rosendo Fraga, “não é o fim do governo kirchnerista, mas pode ser o começo do fim”.

               Na segunda feira, 19, um grupo de manifestantes, reunido na frente do Congresso, pedia justiça e segurava cartazes com os dizeres “Todos somos Nisman”, em clara alusão ao multitudinário slogan “Eu sou Charlie.”       

         

( Fontes:  Folha de S. Paulo,  O  Globo )

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