sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

PTTROBRÁS & CIA.

                                         

         Se a expressão latina in vino veritas (no vinho, a verdade) reflete o desatar da língua pela bebida, a charge de hoje de Chico Caruso, de longe o nosso maior cartunista político, mostra com as digitais de um ex-torneiro mecânico o triste segredo de polichinelo que voeja por todas as mentes, excluídas talvez aqueles companheiros mais próximos e que seguem o grande líder. Assim, a figura de Maria das Graças Foster com os seus cabelos compridos, monta o quadro do in risu veritas.

         Infelizmente, a corrupção parece haver tomado conta de nosso país. O rei está nu, mas quando surgirá a criança que gritará a plenos pulmões que Sua Alteza está pelada, e não veste nenhum manto transparente e inconsútil, como lhe impingiram os cortesãos?

         A presidenta que ele nos impingiu, e que acaba de ser reconfirmada por uma votação apertada, e só desvelada pelo T.S.E. nos seus finalmente, entrou em negação.

         Ela reúne o seu patético ministério dos trinta e nove ministros, para na crítica de Miriam Leitão combater as versões quando deveria lidar com os fatos.

         Diz o povo que é o pior cego é aquele que não quer ver.

         Dilma se vira de costas para o seu passado mandato. Há o limite que a verdade estabelece. Assim, como se atreve a falar ‘estamos diante da necessidade de promover um reequilíbrio fiscal’, cabendo-nos agora “medidas de caráter corretivo” ?

         Não se dá conta, por acaso, que está tapando o sol com a peneira? Todo brasileiro sabe que foi ela que, por sua imprudência e inépcia, trouxe a inflação de volta. E o mercado não desconhece que ela também trouxe a desordem para o Erário público, como agora o confirmam as contas do Governo Federal, com  rombo de dezessete bilhões que é o quanto a despesa superou a receita. O desastroso e destrambelhado Dilma I marcam o primeiro déficit fiscal depois de 1997, quando começa a série estatística e se afirma a conquista do Plano Real, que o seu improvidente governo tudo fez para desbaratar, como se estivesse correta a cega oposição do Partido dos Trabalhadores ao Real, chegando a contestar-lhe a chave da abóbada  - a Lei de Responsabilidade Fiscal – na barra do Supremo.

           Dilma, como o seu criador – que com ela criou o seu primeiro poste – quis sempre ver o Plano Real como uma realização partidária, e não como projeto abraçado por Nação cansada da carestia e  hiperinflação.

           No seu pouco responsável primeiro mandato, Dilma Rousseff e seus partidários tudo – ou quase tudo – fizeram para desestruturar o Plano Real. Faltou ao PT e a seus líderes a grandeza e a inteligência de reconhecer que, pelo seu êxito e  magna conquista de vencer a inflação – que entorpecera o Brasil e seu desenvolvimento desde a década dos sessenta – o plano real se tornara um acervo do Povo brasileiro, e não mais projeto carimbado por partido político.

           Quando os líderes ignoram o bom senso e julgam-se em condição de negar a verdade que está na boca do povo, como no passado havia cartórios demasiado liberais na validação das firmas, e colocam a esquizofrenia não como estado mórbido da mente, mas como instrumento de ação governamental, não carece abrir vísceras de pássaros inocentes, nem buscar no terreiro das quartas-feiras indicações que o dia-a-dia já não desvelou.

           Os microcéfalos avestruzes enterram a cabeça na areia como forma de negar a realidade.

            Desde o mítico festim de Baltazar[1] que os purpurados têm dificuldade de lidar com a realidade, se porventura madrasta. 

 

( Fontes: O  Globo,  Folha de S. Paulo )

           

(a continuar)            



[1] No festim de Baltasar, rei da Babilônia, neto do Nabuconosor, aparecem na parede palavras em língua que ignora. Chamado o profeta Daniel, este decifra a mensagem que avisa da partilha do Reino e sua próxima queda.

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