sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Quem com ferro fere...


                                 

            duas tendências na presente disputa eleitoral que, na verdade, são formas alternativas da mesma realidade, a qual se deriva de uma escolha da campanha de Dilma Rousseff.      

           No primeiro turno, assistiu-se à impiedosa desconstrução de Marina Silva, que mereceu da equipe da Presidenta a dúbia homenagem de ser individuada como a mais temível ameaça à sua pretendida reeleição.

           Para não descer a detalhes, o que seria um tanto chover no molhado, não se poupou à inesperada aparição do fantasma de sua candidatura – que tinham acreditado exorcizado na recusa pelo Tribunal Superior Eleitoral da legenda da Rede Sustentabilidade – toda a artilharia que julgavam cabível no espaço da propaganda política.

           Não dispondo Marina de forte e confiável estrutura partidária a respaldá-la, pelas limitações do PSB, a popularidade e a consequente recepção reservada à ex-vice de Eduardo Campos pôde ser – na definição da candidata - atacada por uma saraivada de mentiras. O êxito dessa investida sem escrúpulos seria tanto maior pela falta de respostas oportunas, que dissipassem a falsa realidade resultante de tais mentiras.

            Dentro de seus escassos meios, a campanha de Marina tentara responder a um filmeco sobre o significado da concessão de autonomia ao Banco Central. Como a instância do TSE se recusasse a conceder-lhe direito de resposta – na prática mostrar para o eleitor que a autonomia do Banco Central não iria tirar a comida da mesa dos pobres -, dado o caráter mendaz da propaganda de Dilma de que era denegada a indispensável correção, afigura-se mais do que compreensível que a justiça eleitoral cerrava a porta das correções à propaganda da Presidenta, por mais que ela se afastasse da realidade.

            Nesse contexto, semelha de muita oportunidade transcrever o que afirmou Míriam Leitão, na sua coluna de oito do corrente : “Há campanhas que deseducam o país, que está construindo sua democracia. Há muito do que nos orgulhar dos últimos trinta anos de construção democrática, mas o marketing usado por Fernando Collor contra Lula e  por Dilma contra Marina são os pontos mais feios das nossas campanhas presidenciais.”

            No embate do segundo turno, Dilma Rousseff está experimentando outra realidade, vale dizer o que tende a acontecer se esgrimir contra o adversário Aécio Neves argumentos contestáveis ou deturpadas realidades. Como o seu rival dispõe de larga estrutura partidária, não está indefeso, como era o caso da rival Marina que de vanguardeira nas prévias iniciais caíu pelo caminho, menos pelas próprias assertivas, do que pelas ‘mentiras’ como ela mesmo assinalou propaladas pela organização que respaldava a Presidenta.

              Por isso, o último debate no SBT não saíu exatamente como o desejava o campo de Dilma. Se ela foi a nocaute ou não – como o assevera Ricardo Noblat – é um elemento a ser verificado, mas a sua afirmação em debate anterior de que não tinha nenhum parente empregado, a menção de Igor Rousseff, irmão de Dilma, funcionário-fantasma na gestão do amigo Pimentel na prefeitura de Belo Horizonte responde a increpações anteriores sobre a irmã de Aécio Neves.

                Ao cabo de inúmeras baixarias, a acusação a um morto – o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra – de que recebera propina do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa (o ‘Paulinho’ de Lula), recebeu de Aécio a resposta de que a própria Dilma dava com isso credibilidade às denúncias do delator.

                Não é necessário ser  harúspice para prever que nas próximas eleições esses ataques e essas mentiras serão coibidos pela legislação eleitoral. O que interessa ao Povo brasileiro será julgar os candidatos pelas suas propostas, e não pelas mentiras e calúnias do campo adversário.  O velho conselho de D. Basilio – da peça ‘Figaro’, de Beaumarchais – “Caluniai, caluniai porque sempre fica alguma coisa!” – é mais do que hora de mandá-lo para a lata de lixo da História.

 

(Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo, Beaumarchais).

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