quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Notícias direto do Front

                                 

 Escândalo da Petrobrás

 

         A tentação de empurrar com a barriga está sempre presente nos governos e não poderia ter sido diverso com o do PT, como mostra Elio Gaspari no seu comentário desta semana.

          Pensou o partido no poder que poderia levar o caso com a barriga, e voltou a errar, como acontecera com a questão do Mensalão. Uma CPI controlada pela maioria, ouviu ‘Paulinho’ (na verdade, o preso Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobrás). Numa CPI tipo Orestes Quercia (as produtoras de pizza), os membros dele ouviram que tinha R$ 1,2 milhão em casa (!) para fazer pagamentos, e o líder do PT considerou sua fala “satisfatória”. Na tentativa de encobrir o óbvio, apostaram que o “amigo” Paulinho (como o chamava Lula, quando com ele se reunia) ficaria calado. Com isso levaram a bomba para dentro do governo (como no caso do Mensalão).

            O Governo tivera uma chance anterior para adotar a linha correta na matéria, e não o fizera. Gaspari recorda a contestação escrita de Dilma Rousseff que tanto estardalhaço provocara, ao escrever em nota de resposta à indagação da repórter Andreza Matais, que ela, como Presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, aprovara a compra da refinaria de Pasadena baseada em “informações incompletas” de um parecer “técnica e juridicamente falho”. Para Gaspari,  a nota em apreço era o começo de uma solução.

            Errou o governo, ao dar marcha à ré, e tentar acobertar o problema. Assim, deu no que deu. O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, ouviu no desempenho de suas atribuições, o ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef, e tinha portanto obrigação de tornar públicas as informações que colheu. O “golpe” (a que aludira a Presidenta, como se fora manobra eleitoreira) houve quando os dois e seus comparsas delinquiram.         

 

Protestos em Hong Kong  

 

               O movimento democrático de protesto na Região Administrativa de Hong Kong se choca com o poder de Beijing, e a fase inicial, de afirmação da vontade majoritária da população já parece ceder lugar a um desenvolvimento ulterior, que é o de enrijecimento da autoridade local, que não passa de reflexo da vontade do governo nacional.

                Assim, os choques com a polícia se amiúdam, o que expressa não só a exasperação dos manifestantes – que se chocam não só com a procrastinação da autoridade central local, mas também com as novas instruções dadas às chamadas forças de ordem.

                 Essa nova postura do representante local do poder de Beijing é a involução da reação inicial, que se traduziu em falso possibilismo, o qual apenas se propunha ganhar tempo.

                 O movimento democrático tem ainda o suporte de um bom número de manifestantes, mas o passar do tempo e a inegável usura decorrente do empenho repetidamente negado, terá como consequência quase inexorável que o seu potencial venha a enfraquecer-se e com ele o número de participantes.

                 Levada em conta essa involução, os choques com as chamadas forças da ordem irão assumindo um caráter mais violento. Para o poder burocrático-autoritário instalado na capital e em todas as regiões da China com exceção de Hong Kong, as reações ao movimento libertário tenderão a tornar-se mais violentas. A única contenção está na visibilidade dessa ex-colônia britânica, cuja devolução ao poder chinês foi feita sob condições determinadas, entre as quais a da preservação do entorno democrático que a caracterizara.

                 Nesse ponto, dada a falta de flexibilidade ideológica do poder autoritário sediado em Beijing, e imposto em toda a China, as possibilidades de um encontro a meio-caminho com a povoação de Hong Kong se vão diluindo.

 

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )

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